CAUTELA EXTERNA PRESSIONA CÂMBIO E BOLSA, QUE OBSERVA TAMBÉM PETROBRAS

O investidor manteve o pé no freio em relação ao risco na tarde desta terça-feira, ainda assimilando dados industriais fracos pelo mundo e na expectativa por números do emprego dos Estados Unidos e pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic. O medo que emergiu nas mesas de operação é que o setor industrial global perdeu a sua tração e, como próximo passo, pode arrastar as economias para uma contração. Commodities foram para baixo, assim como ações correlacionadas e moedas de países exportadores de matérias-primas. A cautela ganha novos contornos à medida que o mercado anseia pelos dados da ADP e, principalmente, do relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) do mês de julho, que devem ajudar a balizar as apostas sobre se o Federal Reserve vai pausar ou não o aperto monetário. Na espera ainda do Copom e na esteira de perdas recentes, o dólar viu espaço para se valorizar até os R$ 4,7895, fechamento do mercado à vista, uma alta de 1,27%. Na Bolsa, todos esses fatores tiveram ainda o adicional da Petrobras (ON -2,10%, PN -1,64%), cuja intensidade de perda do papel ditou a proporção do recuo do Ibovespa. Foram nos momentos de maior pessimismo com a estatal – quando o seu presidente, Jean Paul Prates, afirmou que não haveria reajuste agora dos combustíveis – que o índice tocou as mínimas do dia. As perdas da petroleira, contudo, diminuíram quando houve o anúncio do reajuste mensal do querosene de aviação. Assim, o Ibovespa terminou mais distante das mínimas, mas ainda com perda, de 0,57%, aos 121.248,39 pontos. Em Nova York, S&P 500 cedeu 0,27% e Nasdaq caiu 0,43%, mas Caterpillar (+8,85%) ajudou a sustentar o Dow Jones em leve alta (+0,20%). No Brasil, nesta véspera de Copom, o mercado ficou ainda mais dividido com relação ao corte da Selic, em um movimento de caráter mais técnico. A curva passou a projetar chance de 60% de redução de 0,50 ponto e 40% de 0,25, ante 70% e 30%, respectivamente, de ontem.

•CÂMBIO

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

CÂMBIO

O dólar à vista iniciou agosto em alta firme no mercado doméstico de câmbio, acompanhando a onda de valorização da moeda americana no exterior e o avanço das taxas dos Treasuries. Dados fracos de atividade industrial na Europa e, em especial, na China lançaram dúvidas sobre a trajetória de preços de commodities e detonaram um movimento de realização de lucros com divisas emergentes.

Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar acelerou os ganhos ao longo da tarde e flertou com o nível de R$ 4,80 ao registrar máxima a R$ 4,7998. No fim da sessão, a moeda era negociada a R$ 4,7895, em alta de 1,27%, após ter encerrado julho com desvalorização de 1,25%. Principal termômetro do apetite por negócios, o dólar futuro para setembro apresentou bom giro, acima de US$ 13 bilhões.

Operadores notaram que o ambiente de cautela diante das dúvidas sobre a magnitude do provável corte inicial da taxa Selic amanhã pelo Comitê de Política Monetária (Copom) também contribui para recomposição parcial de posições defensivas no mercado futuro de câmbio. Na curva de juros futuros, a aposta majoritária é de redução da Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano. A maioria dos economistas ainda mantém projeção de corte inicial de 0,25 ponto. Em todo caso, já se vislumbra Selic na casa de 9% até o fim do ano que vem.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, observa que eventual voto convergente do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do novo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, em torno de corte da Selic em 0,50 ponto porcentual deve elevar “as apostas no mercado de que a redução de juros pode acelerar para 0,75 ponto em setembro, sobretudo se a mediana das expectativas do IPCA para 2024 e 2025 seguir abaixo do teto da meta”.

Embora a perspectiva seja de que, mesmo com as reduções da taxa Selic nos próximos meses, o Brasil continue a oferecer taxas reais atraentes aos estrangeiros, é natural que haja um movimento de ajuste de carteiras com mudança da política monetária. O real e as demais divisas latino-americanas de países com juros altos, como peso mexicano e colombiano, exibem os maiores ganhos em relação ao dólar no ano entre as moedas mais relevantes.

“Os preços dos ativos refletem os fracos dados de atividade econômica industrial tanto na China quanto na zona do euro. A maior parte das moedas perde valor para o dólar por conta do aumento da incerteza. Dentre as moedas de mercados emergentes, os destaques negativos são o dólar australiano, o rand sul-africano e o dólar da Nova Zelândia, por serem economias bastante expostas à economia chinesa”, afirma o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira.

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, pondera que, em contraposição a dados fracos da China e da zona do euro, a economia americana ainda mostra resiliência, o que dá sustentação ao dólar. “Foi um dia de pressão para moedas emergentes e para o real. Temos divulgação do payroll [relatório de emprego] na sexta-feira, o que pode mexer com as projeções para as decisões do Federal Reserve”, afirma.

Entre indicadores domésticos, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados à tarde mostraram que a balança comercial registrou superávit de US$ 9,035 bilhões em julho – o maior resultado para o mês na série histórica.

No ano até julho, a balança comercial acumula superávit de US$ 54,1 bilhões, desempenho 36,6% ao visto em igual período do ano passado. O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, disse que espera para este ano saldo recorde de US$ 85 bilhões. (Antonio Perez – [email protected])

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.78950 1.2686 4.79980 4.73080

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4819.000 1.40993 4827.500 4757.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4832.000 1.10189 4832.000 4832.000

BOLSA

Em dia de cautela também no exterior, com dados mais fracos sobre a economia nos Estados Unidos, na China e na zona do euro, o Ibovespa chegou a se aproximar do limite inferior dos 120 mil pontos, nas mínimas do dia, em meio a ruídos sobre a política de preços da Petrobras após reunião do presidente Lula com o da estatal, Jean Paul Prates. Ao fim, com desmentido de Prates sobre tentativa de ingerência na política de preços da empresa, tanto as ações da Petrobras como o Ibovespa mostravam perdas mais acomodadas – em sessão na qual mostraram forte correlação. No fechamento, o Ibovespa cedeu 0,57%, aos 121.248,39 pontos, entre mínima de 120.153,62 e máxima de 121.944,64 pontos, correspondente ao nível de abertura.

O giro financeiro na primeira sessão de agosto ficou em R$ 23,2 bilhões, um pouco acima da média recente. Na semana, o Ibovespa avança 0,88%, com ganho a 10,49% no ano. Após a ON de Petrobras ter cedido mais de 4% no pior momento do dia, a ação fechou a sessão em baixa de 2,10%, com a PN em recuo de 1,64%. O dia também foi negativo para Vale (ON -1,39%) e para o setor metálico à exceção de Gerdau Metalúrgica (PN estável no fechamento), assim como para outro segmento de peso no índice, o bancário, com a ressalva de Itaú (PN +0,31%) e Santander (Unit +0,25%).

Na ponta negativa do Ibovespa, Sabesp (-4,13%), no dia seguinte a anúncios do governo de São Paulo sobre a privatização da empresa, à frente das perdas de Arezzo (-3,28%), Fleury (-1,86%) e Via (-1,85%) na sessão, além de Banco do Brasil (-1,72%), Pão de Açúcar (-1,64%) e dos dois papéis de Petrobras. No lado oposto, Iguatemi (+2,47%), Magazine Luiza (+2,39%) e Petz (+2,14%).

“O Ibovespa caiu hoje muito em razão de Vale e Petrobras. Em Vale, por conta de preço do minério e algumas questões relacionadas à China [grande consumidora de commodities]. Em Petrobras, apesar de a mudança na política de dividendos ter sido bem recebida, preocupa a defasagem no preço do combustível vendido pela empresa, que tem crescido e aumenta a pressão por reajuste”, diz Bruno Burth, operador da mesa de renda variável da Legend Investimentos.

Ainda no começo da tarde, após a reunião com Lula, o presidente da Petrobras disse ao Broadcast não procederem os rumores de que iria aumentar, entre hoje e amanhã, os preços dos combustíveis, e que teria voltado atrás a pedido do presidente da República, com quem esteve reunido pela manhã, ao lado de todos os diretores da empresa e outras autoridades, reporta do Rio a jornalista Denise Luna.

“De resto, o mercado se mostra mais neutro, em compasso de espera para a decisão do Copom, amanhã, com cenário-base para corte de 25 pontos-base, o que não deve fazer muito preço se vier a se confirmar. Recentemente, o mercado tem se mostrado aberto à possibilidade de meio ponto, de queda. Se vier meio, pode ser positivo [para o apetite por risco], e 0,75 [ponto porcentual] ainda mais”, acrescenta Burth, da Legend. Por outro lado, se o Copom contrariar a expectativa de consenso e mantiver amanhã a Selic, a reação tende a ser negativa, observa o operador.

No exterior, a primeira sessão de agosto, desde a manhã, foi marcada por “tom predominantemente negativo, com queda das bolsas e commodities, dólar mais forte e movimentação mista das taxas de juros nas economias centrais”, observa em nota a Guide Investimentos, destacando também o “esticado nível de preços dos principais índices acionários nos EUA”, com a referência ampla de Nova York, o S&P 500, convergindo para nova máxima histórica.

Hoje, em sessão na qual prevaleceu cautela quanto aos mais recentes dados econômicos americanos, os principais índices de lá fecharam entre leve ganho de 0,20% (Dow Jones) e perdas de 0,27% (S&P 500) e 0,43% (Nasdaq).

As sessões asiática e europeia, por sua vez, foram afetadas pelas leituras sobre os índices de atividade industrial da China e da zona do euro, respectivamente. Na China, em contração – ou seja, abaixo do limiar de 50 -, o PMI da Caixin tocou o menor nível em seis meses, enquanto, na zona do euro, o índice de atividade industrial em julho foi o menor em 38 meses, aponta a Guide.

“Os PMIs vieram mais fracos na China e na zona do euro, puxando commodities como o minério e o petróleo para baixo – lembrando que Vale e Petrobras têm peso bem relevante no índice [Ibovespa]. Para completar, declarações negativas, de que o preço da gasolina e do diesel não devem ser elevados por agora, o que contribui para aumentar a defasagem com os preços internacionais”, diz João Vítor Freitas, analista da Toro Investimentos.

Por outro lado, como pano de fundo, “do começo do ano para cá, tem se falado menos em inflação e mais em desemprego, em claro sinal de desaquecimento no mundo: o ambiente é desafiador tanto para as economias em desenvolvimento como para as centrais”, diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.

De acordo com o relatório Jolts – uma das métricas sobre o giro de mão de obra no mercado americano acompanhadas de perto pelo Federal Reserve -, publicado hoje pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, o número de postos de trabalho que permaneciam abertos no país caiu a 9,582 milhões em junho. O resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pela FactSet, de 9,8 milhões de vagas. O número de maio, por sua vez, foi revisado para baixo, de 9,824 milhões para 9,616 milhões. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:28

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 121248.39 -0.5696

Máxima 121944.64 0.00

Mínima 120153.62 -1.47

Volume (R$ Bilhões) 2.32B

Volume (US$ Bilhões) 4.86B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 121800 -0.67278

Máxima 122270 -0.29

Mínima 120725 -1.55

MERCADOS INTERNACIONAIS

Dados decepcionantes da indústria das principais economias do mundo, além de temores de que os estímulos anunciados pela China até agora não sejam o suficiente para acelerar a atividade do país, pesaram nas commodities e nos mercados acionários no exterior nesta sessão. O dólar foi beneficiado pelo panorama, apesar do fôlego contido pela queda na abertura de vagas nos EUA em junho e de olho nas expectativas para a decisão monetária de setembro do Federal Reserve (Fed). Entretanto, a ideia de que o mercado de trabalho do país ainda está robusto manteve os juros dos Treasuries operando em alta, com o rendimento do T-bond de 30 anos atingindo o maior nível do ano, chegando a subir a 4,117% na máxima do dia. Já o dólar blue bateu os 560 pesos argentinos no câmbio paralelo, diante de dúvidas sobre as perspectivas da Argentina com seu acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) fracos da China sugerem uma perda da animação da demanda por commodities, avalia a Capital Economics, destacando a necessidade de mais estímulos pelo país. Mais cedo, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) anunciou que iria implementar uma política monetária prudente e forte no segundo semestre de 2023. Apesar disso, o TD Securities avalia que os PMIs sugerem que o otimismo por medidas de apoio da China são, na verdade, “em grande parte uma narrativa liderada pelo Ocidente”.

Além da China, PMIs da zona do euro e dos Estados Unidos, assim como o PMI global, apontaram para contração da indústria. A conjuntura pressionou commodities, levando o cobre para outubro negociado na Comex a fechar em queda de 2,48%, a US$ 3,9085. Na Nymex, o petróleo WTI para setembro fechou em baixa de 0,52% (US$ 0,43), a US$ 81,37 o barril. O Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 0,60% (US$ 0,52), a US$ 84,91 o barril

O contexto não foi favorável às bolsas de Nova York, que fecharam mistas, com Dow Jones se diferenciando dos seus pares e fechando em alta, recebendo estímulo da empresa de mineração Caterpillar, que subiu 8,85% no pregão, após balanço agradar investidores. Na visão da Oanda, a fraqueza acompanhava a ideia de que a “economia dos EUA pode não ser tão resiliente quanto Wall Street pensava inicialmente”. No final da tarde em Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,20%, o S&P 500 fechou em queda de 0,27% e o Nasdaq caiu 0,43%.

Dessa forma, o dólar subiu ante rivais fortes e emergentes, embora tenha reduzindo ganhos após o relatório Jolts mostrar menor abertura de vagas nos EUA. O Brown Brothers Harriman (BBH) aponta, entretanto, que as perspectivas futuras estão a favor da moeda americana. “Como esperávamos, as decisões do Fed, do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) na semana passada, bem como os dados econômicos, destacam o tema da divergência [da trajetória de juros] e, portanto, novos ganhos do dólar parecem prováveis”.

Para a Oxford Economics, os números do Jolts ainda embutem possibilidade de mais uma alta de juros no país em setembro, apesar da consultoria seguir com o cenário de pausa no aperto monetário. Entretanto, a ideia de um mercado de trabalho robusto levou os juros dos Treasuries a manterem a alta, e, segundo o CitiGroup, caso o relatório de empregos (payroll) venha sugerindo força no trabalho, os rendimentos devem subir ainda mais. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos aumentava a 4,912%, o da T-note de 10 anos subia a 4,041% e o do T-bond de 30 anos marcava alta a 4,103%.

Na Austrália, o BC manteve as taxas de juros inalteradas, levando à desvalorização do dólar australiano. A Capital Economics destaca que o ciclo e aperto do país pode ter chegado ao fim, já o ING aponta uma chance do BC elevar as taxas de juros mais uma vez em setembro. Na Argentina, o dólar blue saltou à máxima histórica menos de duas semanas antes das primárias eleitorais no país. Às 16h50, o dólar avançava a 143,34 ienes, o euro caía a US$ 1,0985 e a libra tinha baixa a US$ 1,2781. O índice DXY, que mede a força do dólar ante uma cesta de seis rivais, registrou alta de 0,43%, a 102,303 pontos. Já o dólar australiano caía a US$ 0,661, enquanto o dólar blue subia a 560 pesos argentinos. (Natália Coelho – [email protected])

JUROS

A pressão sobre o mercado de juros diminuiu à tarde, com as taxas se acomodando, mas ainda em alta até os vencimentos intermediários, enquanto a ponta longa passou a oscilar perto dos ajustes de ontem. Atribuída a ajustes técnicos, a perda de fôlego não teve gatilho específico e ocorreu mesmo com o dólar perto dos R$ 4,80 e com o avanço expressivo dos rendimentos dos Treasuries. Na segunda etapa, o mercado passou a evitar posições direcionais antes do Copom, considerando a divisão das apostas sobre o tamanho do corte, as expectativas sobre a linguagem do comunicado e a dúvida se haverá ou não consenso na votação. Dado o nível de estresse na curva pela manhã, o leilão de NTN-B veio bem menor do que o anterior, refletindo ainda o período de hiato dos dealers.

Às 17h20, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 estava em 12,620%, de 12,570% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subia de 10,59% para 10,66%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 10,15%, de 10,13%. A taxa do DI para janeiro de 2029 estava em 10,50%, de 10,52%.

Pela manhã, o mercado de juros embarcou no pessimismo global que penalizava ações e moedas emergentes, com taxas em alta ao longo de toda a curva, refletindo PMIs fracos na China, Europa e mesmo o PMI Industrial dos EUA dentro do esperado teve leitura negativa, pela piora de subíndices. Internamente, a agenda trouxe a produção industrial de junho, com alta marginal de 0,1%, ante mediana apontando queda de 0,1%, mas insuficiente para mexer no quadro das apostas para o Copom.

Na avaliação do economista André Perfeito, o resultado mostra sinais de fraqueza, com destaque à queda em bens de capital, de 1,2% na margem. “Outro sinal de fraqueza foi a queda na produção de bens de consumo duráveis, que tombou no mês nada menos que 4,6%”, comentou o economista, ressaltando que ambos os grupos são amplamente sensíveis ao comportamento da taxa de juros. “Isto reforça, mais uma vez, certo sentido de urgência pela queda dos juros de maneira mais relevante na reunião do Copom desta semana”, defendeu.

Para o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, a curva esteve pressionada muito em função do câmbio, dado o papel que exerce na formação dos preços. O dólar chegou a R$ 4,799 nas máximas da sessão. “O câmbio sofre também com o mercado receoso de que aqui possa se repetir o que houve no Chile”, afirmou, referindo-se à decisão do banco central do país de reduzir o juro em 1 ponto porcentual, acima do previsto, e que afetou o peso chileno.

“Teremos uma reunião como há muito não se via, com o mercado bastante dividido”, afirmou. Na precificação da curva, a aposta de queda de 0,50 ponto na atual taxa de 13,75%, amanhã, segue levemente majoritária, com probabilidade de 60%, ante 40% de chance de 0,25 ponto.

O mercado também vai olhar com lupa a comunicação utilizada pelo BC para indicar os próximos passos e vê o placar da votação como termômetro do que pode ser o ciclo de afrouxamento.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, argumenta que na “ótica de um jogo” de preservar expectativas e a curva longa de juros, o cenário mais positivo seria um voto convergente de Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo pelo recuo da Selic. “Estimamos que há espaço para queda de 50 pontos pelas projeções de inflação e atividade, e taxa de câmbio, cuja valorização do real ante dólar superou em julho mais de 1%”, afirma Velho, para quem Galípolo votará pelo recuo da Selic de 50 pontos. “Se a decisão do Copom for pela queda moderada de juros de 25 pontos, seria adequada também uma convergência de votos, especificamente por tratar-se da primeira reunião com o novo diretor de Política Monetária”, complementa.

Na semana em que se inicia o período de hiato dos dealers do Tesouro, a instituição reduziu as ofertas de NTN-B (800 mil) e de LFT (450 mil) no leilão desta terça-feira, ante 1,450 milhão e 1 milhão na semana passada. Ainda assim, vendeu parcialmente os lotes, sendo 596.500 NTN-B e 292.500 LFT. (Denise Abarca – [email protected])