A publicação da proposta de lei orçamentária de 2021 não aliviou em nada a cautela dos investidores com o quadro fiscal brasileiro. Mesmo com parâmetros aparentemente críveis, como um déficit de R$ 233,6 bilhões nas contas do governo central e um avanço de 3,20% para o PIB em 2021, o mercado continuou cético, uma vez que não há detalhamentos sobre o programa Renda Brasil, por exemplo, cujos bastidores dão conta de que o presidente Jair Bolsonaro quer um valor superior ao apresentado pelo Ministério da Economia, sem que se acabe com o abono salarial. Além disso, na véspera do PIB do segundo trimestre, que deve ser o vale da atividade em 2020 e tombar mais de 9%, segundo o Projeções Broadcast, e com o exterior sem direção e sem ímpeto, os investidores aproveitaram para corrigir uma parte relevantes dos movimentos vistos nos últimos dias da semana passada e, em um mês em que as tensões na área fiscal direcionaram o debate econômico, não houve ativo que se salvasse. Hoje, mesmo após o fechamento da taxa Ptax, o dólar manteve a valorização e terminou o dia com alta de 1,21%, a R$ 5,4806, com avanço de 5% em agosto e de mais de 36% no ano. Os juros futuros não fizeram por menos. Hoje tiveram alta generalizada e, no mês, o spread entre o DI para janeiro de 2023 e janeiro de 2027 passou de 242 pontos-base, no fim de julho, para 281 pontos-base. A mudança foi drástica também nos vértices curtos, a ponto de o mercado, ao invés de precificar a continuidade do ciclo de afrouxamento monetário, agora trabalhar com chance de aperto já na reunião de setembro. Já o Ibovespa não só perdeu os 100 mil pontos no pregão de hoje, ao cair 2,72%, aos 99.369,15 pontos, como experimentou a primeira perda mensal, de 3,44%, desde o tombo de 29,90% em março, no auge do nervosismo com a pandemia de covid-19. E o exterior também não ajudou. Com a agenda esvaziada e sem novidades em relação à estratégia do Fed ou novas ações de estímulos, S&P 500 e Dow Jones cederam. A exceção foi, mais uma vez, o Nasdaq, que bateu recorde, influenciado pelos papéis da Apple, que subiram cerca de 5% em meio a um processo de desdobramento.
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