Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizendo que a autoridade monetária fará o que for preciso para colocar a inflação na meta, ajudaram a desinclinar levemente a curva de juros, ainda que não tenham impedido alta das taxas dos DIs, e ajudaram o dólar a consolidar pequena baixa ante o real. Mas o Ibovespa, alinhado ao recuo dos mercados acionários no exterior, teve nova rodada de deterioração e, agora, passa a acumular perdas também no ano, de 0,94%. A fuga global do risco esteve atrelada, mais uma vez, a preocupações com os efeitos da variante delta do coronavírus sobre a retomada da economia, depois que as vendas no varejo dos EUA recuaram muito mais do que o previsto, um dia depois de a China também ter trazido dados negativos e piores do que o esperado. Nesse ambiente de fraqueza global e incerteza doméstica, com preocupações fiscais e políticas ainda no radar, o Ibovespa chegou a ceder mais de 2%, de volta ao nível de 116 mil pontos, ainda que, no fim, tenha caído um pouco menos, aos 117.903,81 pontos (-1,07%) - menor nível desde 4 de maio. Mesmo assim, teve perdas superiores ao pares em Wall Street, onde os recuos foram inferiores a 1%. Por lá, os investidores apenas monitoraram algumas falas do presidente do Fed, Jerome Powell, para quem "não está claro" qual será o impacto da variante delta do coronavírus na atividade. Mas enquanto o dólar subiu globalmente ante a maioria das demais moedas, cedeu 0,20% no mercado brasileiro, a R$ 5,2701. Por mais que continue o vaivém da proposta de reforma do IR, prevista para ser votada hoje, e os ruídos políticos não deem grandes sinais de distensão, a divisa brasileira corrigiu um pouco das perdas recentes, ancorada na leitura de que juros maiores acabarão atraindo fluxo de recursos ao País. Até porque, as palavras de Campos Neto tiveram efeito apenas pontual na inclinação da curva e os vencimentos a partir de janeiro de 2027 seguem em dois dígitos, com temores no âmbito fiscal e político, além das pressões inflacionárias em diversos níveis.
- JUROS
- CÂMBIO
- BOLSA
- MERCADOS INTERNACIONAIS