BUSCA POR RISCO PREVALECE À TARDE, BOLSAS SOBEM E DÓLAR REVERTE ALTA ANTE O REAL

A busca por risco prevaleceu em praticamente todos os mercados no período vespertino, com o investidor absorvendo a agenda cheia e de olho nos resultados corporativos, aqui e no exterior. As bolsas em Nova York tiveram alta firme, de até 3%, puxadas pelas ações da Meta e antes de outros resultados importantes, como os de Apple e Amazon. Esse ambiente, em um dia de fortalecimento das commodities, puxou o avanço de 0,52% do Ibovespa, aos 109.918,97 pontos. Depois de uma manhã volátil, a bolsa encontrou força nas ações de gigantes como Vale e Petrobras, que divulgaram, ontem, seus números trimestrais e de produção, respectivamente. Ao mesmo tempo, o dólar subiu ante a maioria das demais divisas, diante da percepção de que o Fed seguirá elevando juros por lá, além de temores sobre os impactos econômicos de ‘lockdowns’ na China e o desenrolar da guerra na Ucrânia. Não por acaso, o índice DXY bateu máximas em quase 20 anos. E esse fortalecimento da divisa dos EUA também ocorreu diante do real em grande parte da sessão, mas arrefeceu nas horas finais de negociação, a ponto de se tornar queda, de 0,55%, a R$ 4,9399. Não há um fator que explique a reversão do movimento visto pela manhã, quando o dólar se aproximou de R$ 5,05, mas operadores citam, entre outros fatores, a forte alta recente da moeda americana, que deixou espaço para acomodações, além da melhora do quadro externo e da forças em torno da formação da taxa Ptax, amanhã. Apesar desse alívio no câmbio, os juros futuros mantiveram os prêmios que foram acumulados mais cedo, em linha com os yields dos Treasuries e sem que dados fiscais ou de inflação fizessem a diferença nos preços dos DIs.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

A temporada de balanços impulsionou os ganhos em Wall Street hoje, com a Meta tendo avançado 17%, enquanto investidores aguardavam os resultados da Apple, Amazon e Intel após o fechamento dos mercados. Os índices acionários em Nova York recuperaram perdas recentes, com altas de até 3%. Os juros dos Treasuries também subiram, com a menor busca por segurança e à medida que a decisão monetária do Federal Reserve (Fed) se aproxima. Além disso, com a avaliação dos impactos econômicos de ‘lockdowns’ na China e o desenrolar da guerra na Ucrânia, o dólar avançou ante suas principais rivais, com o índice DXY batendo máximas em quase 20 anos. Mesmo assim, o petróleo ficou no positivo no mercado futuro, após a Alemanha, segundo fontes citadas pelo Wall Street Journal, retirar sua oposição a um possível embargo à importação da commodity da Rússia, o que pode abrir espaço para sanções da União Europeia contra o petróleo e o gás do país.

Analista da Oanda, Edward Moya afirma que ações nos Estados Unidos foram beneficiadas por resultados fortes e dados econômicos mistos que sugerem que a economia americana está em um ritmo sólido, à medida que a demanda de consumidor continua a lidar com preços crescentes. Entre os balanços, a Meta esteve entre os destaques, com alta de 17,59%. Mesmo com queda anual no lucro líquido, o valor ficou acima da expectativa de analistas e o número de usuários ativos mensalmente na plataforma do Facebook até 31 de março cresceu 3% em comparação a igual período do ano passado. Alphabet (+3,70%) e Microsoft (+2,26%) também subiram, assim como Apple (+4,52%) e Amazon (+4,65%), cujos resultados seriam divulgados depois do fechamento desta quinta-feira. Dias após anúncio de acordo de venda com o CEO da Tesla (-0,45%), Elon Musk, o Twitter teve alta de 0,97%, com lucro líquido acima da expectativa de analistas e receita ampliada.

Com salto anual de 55% no lucro, os papéis da Mastercard tiveram alta de 4,82%. Já os da Caterpillar caíram 0,71%, apesar de avanços no lucro e receita.

No fechamento, o Dow Jones subiu 1,85%, a 33.916,39 pontos, o S&P 500, 2,47%, a 4.287,50 pontos, e o Nasdaq, 3,06%, a 12.871,53 pontos.

Entre os indicadores, os holofotes ficaram sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no primeiro trimestre, com queda inesperada de 1,4%, em termos anualizados. O ING acredita que a economia americana volte a crescer nos três meses seguintes e que a estagflação ainda não está no horizonte. A Oxford Economics, por sua vez, diz que o resultado não é preocupante como parece e mantém a previsão de alta de 50 pontos-base nos juros básicos pelo Federal Reserve (Fed) na reunião da próxima quarta-feira, 04. De acordo com as apostas monitoradas pelo CME Group, há 96,5% de chance de uma alta em 75 pontos-base na reunião de maio e 88,2% na de junho.

Nesse cenário, os retornos dos Treasuries subiram. No fim da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos tinha alta a 2,629%, o da T-note de 10 anos, a 2,836% e o do T-bond de 30 anos, a 2,906%.

No mercado cambial, o dólar se fortaleceu ante moedas competitivas. Como mostrado na especial publicada às 11h04 no Broadcast, o combate da inflação pelo Fed e a maior cautela global desencadearam apreciação da divisa americana. Durante a sessão, o índice DXY chegou a renovar a máxima desde o final de 2002, a 103,928 pontos, e fechou com alta de 0,65%, a 103,623 pontos. No horário citado, o euro cedia a US$ 1,0505 e a libra, a US$ 1,2467. Paralelamente, o dólar subia a 130,94 ienes, com a moeda japonesa tendo caído as mínimas em 20 anos, depois que o Banco do Japão (BoJ) decidiu manter postura acomodatícia em sua política monetária, sem alterá-la.

Apesar da pressão do dólar, os contratos do petróleo fecharam no azul no mercado futuro, enquanto investidores acompanham notícias ligadas à guerra da Rússia na Ucrânia. O Wall Street Journal reportou que, segundo fontes, a Alemanha está pronta para interromper a compra de petróleo russo, o que abre caminho para um embargo pelo bloco europeu às importações de petróleo e gás da Rússia. Na avaliação da Eurasia, tal decisão poderia se dar já na próxima semana. Ainda, a China reduziu sua compra de petróleo russo em 14% em março, segundo dados oficiais do país, o que fez com que o Irã ampliasse suas exportações da commodity. O petróleo WTI para junho fechou em alta de 3,27% (US$ 3,34), a US$ 105,36 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mês de julho subiu 2,20% (US$ 2,31), a US$ 107,26 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). (Ilana Cardial – [email protected])

Volta

BOLSA

O Ibovespa conseguiu se alinhar à tarde ao dia positivo no exterior, passando a subir enquanto as três referências de Nova York iniciavam um movimento conjunto de renovação de máximas da sessão, na qual houve avanço também para o petróleo e alguma acomodação do dólar frente ao real. O grau de recuperação da referência da B3, no entanto, foi em parte contido pelas perdas nas ações de grandes bancos, embora muito moderadas depois do meio da tarde (Itaú PN -0,82%, Bradesco PN -0,92% no fechamento), em contraponto a ganhos sólidos nas gigantes das commodities, especialmente Vale ON (+2,47%), e nas siderúrgicas (Usiminas PNA +4,07%, Gerdau PN +2,91%). Com altas entre 2% e 3% para Brent e WTI na sessão, Petrobras ON e PN subiram, respectivamente, 0,72% e 0,67%

Ao final, o Ibovespa mostrava ganho de 0,52%, a 109.918,97 pontos, entre mínima de 108.905,49 e máxima de 110.701,66, saindo de abertura aos 109.349,00 pontos. Faltando apenas a sessão de amanhã para o fechamento do mês, o índice cede 8,40% em abril, limitando o avanço do ano a 4,86%. Na semana, a perda é de 1,04%. Ao longo da tarde, além de acompanhar os movimentos em Nova York, com altas que chegaram a 3,06% no fechamento (Nasdaq), a melhora do Ibovespa se correlacionou também à acomodação do dólar, a R$ 4,9399 no encerramento, em baixa de 0,55%, após ter chegado a R$ 5,0451 no pico da sessão.

Assim, em alta pelo segundo dia após uma sequência de sete perdas – a mais longa desde maio de 2016 -, o Ibovespa trazia na ponta do índice as ações de Embraer (+6,53%), Cielo (+4,94%) e Banco Inter (+4,28%), com Soma (-2,36%), Marfrig (-2,27%) e Assaí (também -2,27%) na face oposta. O giro foi de R$ 31,7 bilhões nesta quinta.

“O Ibovespa estava em 121 mil pontos no início de abril e termina aos 110 mil, um ajuste que não é qualquer coisa. Abril foi o mês da reviravolta, com o Brasil tendo se mantido como queridinho até março, o que se refletiu também no câmbio. Até semana passada, nenhuma Bolsa nem moeda tinha o desempenho que se viu aqui. No ano, a Bolsa chegou a subir 35% em dólar, em razão também da apreciação do real. O mercado tinha na cabeça novo aumento de 0,25 ponto pelo Fed, na semana que vem, mas o BC americano passou a sinalizar 0,50, uma carga forte que pegou o Brasil em cheio”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, para quem o Copom, também na próxima semana, deve concretizar o aguardado aumento de 1 ponto na Selic e deixar a porta aberta para outra elevação, de até 0,5 ponto porcentual, na reunião seguinte.

Contudo, a fraca leitura sobre o PIB americano, divulgada nesta quinta-feira, talvez leve o Fed a ponderar também o efeito da alta de juros sobre o ritmo de atividade, já debilitado. A decisão da próxima semana tende a ser difícil porque, além dos sinais mais fracos sobre a economia americana, a retomada dos lockdowns em grandes centros chineses, como Xangai e Pequim, recolocou sobre a mesa os efeitos de quebras de oferta de insumos e gargalos logísticos, que suscitaram pressão sobre os preços de componentes industriais desde o começo da pandemia, em 2020. “A produção industrial chinesa hoje é o dobro da americana”, observa Gala.

“O dado (sobre PIB) veio muito abaixo das expectativas e afeta, sim, a perspectiva de juros nos Estados Unidos”, diz Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos. “Há um sinal amarelo, de atenção realmente, para uma situação que era de sinal vermelho, com certa expectativa então até para uma ‘rasgada’ de juros, com Jerome Powell talvez vindo a incorporar o espírito de Paul Volcker [presidente do Fed durante o segundo choque de petróleo, em 1979, que resultou em escalada de juros]”, acrescenta Giuberti. “A curto prazo, o mercado não comprou essa narrativa – estamos no meio da temporada de resultados -, preferindo esperar um pouco para reprecificar, aguardando também a comunicação (do Fed) na semana que vem. Mas (o PIB) alivia um pouco: um dado ruim que, para os ativos financeiros, foi muito bom”, acrescenta.

Por outro lado, pela manhã, “a contração do PIB americano, de 1,4% no primeiro trimestre, frente a consenso de que haveria alta de 1,1%, teve impacto aqui no DI, precificando risco de recessão ou de economia global ao menos em forte desaceleração, refletindo-se também em baixa (em parte do dia) para a Bolsa”, diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.(Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 109918.97 0.5209

Máxima 110701.66 0.00

Mínima 108905.49 0.00

Volume (R$ Bilhões) 3.16B

Volume (US$ Bilhões) 6.32B

19:39

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 111020 1.57365

Máxima 111700 +2.20

Mínima 110485 +1.08

CÂMBIO

Uma melhora do apetite ao risco no ambiente externo, com diminuição dos ganhos da moeda americana e alta firme das bolsas em Nova York, tirou pressão do dólar no mercado doméstico de câmbio ao longo da tarde desta quinta-feira (28), véspera da formação da última taxa Ptax de abril. Indicadores domésticos como arrecadação e resultado do governo central foram monitorados, mas não tiveram impacto relevante na formação da taxa de câmbio.

Pela manhã, o dólar rompeu a barreira dos R$ 5,00 e atingiu máxima da sessão a R$ 5,0451 (+ 1,57%), acompanhando a escalada da moeda no exterior. A divisa, porém, perdeu força na etapa vespertina. Com trocas de sinais ao longo da tarde, firmou-se em terreno negativo na última hora de pregão e, após registrar mínima a R$ 4,9364, fechou a R$ 4,9399, em queda de 0,55%. Operadores afirmam que parte da perda de fôlego do dólar pode ser atribuída à realização de lucros intraday e ao início da rolagem de posições no mercado futuro. Com o tombo de hoje, a moeda marcou o segundo dia consecutivo de baixa. Mesmo assim, ainda acumula valorização de 2,81% na semana e de 3,75% no mês.

“Essa queda do dólar à tarde parece um algo técnico, com operadores ajustando posições, já que amanhã é o último dia útil do mês. Não tem explicação econômica para essa virada no fim do dia porque o quadro ainda é de pressão sobre a nossa moeda, por conta dos ruídos políticos locais e expectativa de aumento de juros nos EUA na próxima semana”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.

Operadores notam que, após o movimento rápido e intenso de repreficação do dólar no mercado doméstico, com alta de 8% em três pregões (22, 25 e 26), a moeda parece passar por um período de acomodação e sem forças para se firmar acima de R$ 5,00. Parece ter ficado para trás o momento mais agudo de redução de posições vendidas (que apostam na queda do dólar) no mercado futuro por parte de fundos locais.

O momento de maior pressão sobre o real hoje veio na esteira do fortalecimento expressivo da moeda americana no exterior. O índice DXY – que mede a variação do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – atingiu 103,928 pontos pela manhã, no maior nível em 20 anos, com tombo do euro e, sobretudo, do iene, após o BC do Japão manter sua taxa de depósito negativa em -0,1%.

A queda inesperada do PIB dos Estados Unidos no primeiro trimestre não abalou as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não apenas vai pôr o pé no acelerador, com alta da taxa básica americana em 0,50 ponto porcentual na semana que vem (04), como vai levar a política monetária para o campo restritivo até o fim deste ano. O PIB americano caiu 1,4 no terceiro trimestre (ritmo anualizado), na contramão da alta de 1% esperada por analistas.

“O Fed já mostrou que vai ter uma postura mais dura no combate a inflação, tanto na dose dos juros quanto na velocidade do ajuste”, afirma o especialista em renda fixa da Blue 3, Nicolas Giacometti. “O ciclo de alta deve ser mais rápido. Sinalizaram aumento de 50 pontos-base na reunião da semana que vem e boa parte do mercado já aposta 75 pontos na próxima reunião”.

A busca pela moeda americana no exterior também é alimentada pelo receio de um recrudescimento das tensões entre Rússia e Ocidente. Os russos anunciaram ontem corte do fornecimento de gás para Polônia e Bulgária e aumentaram a intensidade dos ataques à Ucrânia, o que tem prejudicado o euro, nos menores níveis em cinco anos. Há também preocupações com a desaceleração da economia chinesa, diante da possibilidade de adoção de mais medidas restritivas para conter a Covid-19.

A combinação de alta juros mais rápida nos EUA e perspectiva de encerramento do aperto monetário no Brasil no mais tardar em junho, aliada ao aumento da instabilidade provocada pela aversão ao risco no exterior, tende a tirar um pouco de atratividade do carry trade, diz Giacometti, da Blue3. “Os dados do fluxo cambial (divulgados ontem pelo Banco Central) já mostram uma desaceleração da entrada de recursos”, afirma.

Segundo dados da B3 divulgados hoje pela manhã, os investidores estrangeiros retiraram R$ 2,498 bilhões da bolsa doméstica na última terça-feira (26), levando a saída em abril para R$ 4,322 bilhões. Em 2022, a entrada de capital externo é de R$ 61,005 bilhões.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, vê dólar para cima nos próximos meses com aumento do risco doméstico e piora dos fluxos estrangeiros, tendência já vista pela saída de US$ 4 bilhões pelo canal financeiro no primeiro trimestre. “Na ausência de intervenção robusta do Bacen, avaliamos que o movimento do dólar ainda seria de alta superior a R$ 5,0 nos próximos meses, na medida de aumento da taxa de juros nos EUA e correção do mercado acionário, mas também pela proximidade da eleição presidencial e a imprevisibilidade da política econômica 2023”, afirma Velho, em relatório. (Antonio Perez – [email protected])

17:28

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.93990 -0.5476 5.04510 4.93640

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

  4952.500 -0.32203 5047.500 4938.000

  5000.000 -0.31898 5094.500 4986.000

JUROS

Nem mesmo a bateria de dados macroeconômicos domésticos nesta quinta-feira tirou do investidor de renda fixa os olhos do exterior, que foi o drive dos negócios. O impulso global dos retornos dos Treasuries e do dólar diante da percepção de que os juros dos Estados Unidos subirão a um ritmo mais intenso levou a reboque a curva brasileira. Os ajustes, de todo modo, foram estreitos e acabaram sendo contidos pela virada do câmbio local. Como pano de fundo, o mercado de Depósito Interfinanceiro (DI) observa também as expectativas para a decisão sobre a Selic na semana que vem, bem como as indicações do Banco Central sobre se o ciclo de alta chegou ao fim ou não.

Lá fora, consolidou-se hoje a percepção de que será necessário que o Federal Reserve terá de ser mais duro no processo de retirada de estímulo à economia, mesmo com um surpreendente Produto Interno Bruto (PIB) negativo no primeiro trimestre. Isso porque os preços seguem resilientes e as pressões futuras, como de commodities, não passam.

No CME Group, a ferramenta que monitora a expectativa para a taxa de juros básica dos EUA aponta para uma probabilidade de quase 90% de que o Fed aumente o juro em 75 pontos-base na sua reunião de política monetária marcada para junho. Para semana que vem, é quase unânime que o BC americano eleve o Fed Fund em 50 pontos-base.

Esse cenário se somou aos sinais de desaceleração na China, à persistência da crise geopolítica no Leste Europeu e à manutenção da política ultra acomodatícia do Banco do Japão (BoJ), levando o índice DXY, que mede a variação do dólar ante moedas fortes, à máxima em quase 20 anos.

Foi esse pacote que ofuscou o noticiário interno e provocou um impulso nas taxas dos Dis. “Hoje houve uma preocupação maior com a dinâmica lá de fora, com essa alta generalizada do dólar e os Treasuries em alta trazendo pressão à curva local”, diz o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima. “Ainda há um cenário externo com muita incerteza aos preços, a questão dos lockdowns na China afetando o fornecimento das cadeias globais, a guerra na Ucrânia”, complementa.

A despeito desta subida forte, na última hora da sessão regular o dólar virou ante o real, diante já da pressão pela Ptax e da melhora do apetite ao risco acionário, o que estancou altas mais intensas nos juros domésticos.

Assim, o contrato de DI para janeiro de 2023 subiu de 12,978% no ajuste de ontem a 13,025%. O janeiro 2024 avançou de 12,542% a 12,585%. O janeiro 2025 passou de 12,006% a 12,010%. E o janeiro 2027 foi de 11,87% a 11,835%, em uma queda suave.

Em termos de apostas para política monetária, a curva projeta 96% de chance de a Selic ir para 12,75% semana que vem, com o residual (4%) alocado em 13,00%. Para junho, as apostas estão entre 12,75% (56%) e 13,00% (44%); para agosto, entre 13,00% (64%) e 13,25% (36%); para setembro, entre 13,00% (36%) e 13,25% (64%). O encerramento de 2022 tem Selic estimada em 13,16%. Os cálculos são feitos com base em modelo do professor Alexandre Cabral, aperfeiçoado pelo Broadcast.

De certa forma, a curva se aproxima daquilo que é projetado pelos departamentos econômicos. A pesquisa do Projeções Broadcast aponta unanimidade na Selic em 12,75% semana que vem, mas divisões adiante.

A maior parte do mercado, porém, não acredita no “plano de voo” de fim do ciclo de aperto em maio. De 51 casas, 12 preveem juros terminais de 12,75%, enquanto uma projeta 13,0% e 26 estimam 13,25%. Outras 12 instituições veem o fim do ciclo em 13,50% ou mais.

A mediana indica taxa Selic de 13,25% no fim de 2022, com estimativas de 9,0% a 14,0%. Para o fim de 2023, a mediana do mercado é de 9,0%. Das 48 instituições consultadas, 14 esperam juros de dois dígitos em dezembro do ano que vem.

No noticiário econômico, a despeito de os agentes do mercado de DI terem quase que ignorado, houve surpresa positiva em todos eles.

O IGP-M de 1,41% veio perto do piso das estimativas. A arrecadação de R$ 164,147 bilhões superou a mediana, assim como o Caged de 136.189 vagas líquidas abertas. Já o déficit do Governo Central de R$ 6,304 bilhões ficou mais baixo que o consenso.

Além disso tudo, o estoque da Dívida Pública Federal caiu 2,89% em março e fechou o mês em R$ 5,564 trilhões. Contudo, uma nota negativa nesse último: segundo o Relatório Mensal da Dívida, houve saída de investidores estrangeiros da DPF em março devido ao cenário externo negativo. (Mateus Fagundes – [email protected])