BOLSAS SOBEM E JURO CAI, PETRÓLEO EM BAIXA E RUÍDO LOCAL LEVAM DÓLAR A R$ 5,18

Blog, Cenário

Enquanto o apetite por risco voltou a permear os mercados acionários, ainda que de forma mais contida ante os movimentos recentes, o novo tombo do petróleo, com o WTI negociado abaixo de US$ 20 por barril ao longo de boa parte do dia e o aumento do prazo de quarentena nos Estados Unidos, além das incertezas políticas internas, levaram o dólar à segunda maior cotação nominal de fechamento da série, abaixo apenas dos R$ 5,1960 do último dia 18 de março. Em meio à contínua redução de posições compradas em dólar por parte dos estrangeiros, indicando desmontagem de hedge e saída de recursos, a leitura é de que a economia dos EUA parada por mais tempo, além de reduzir a demanda global por commodities, irá machucar ainda mais os emergentes. Por isso, a divisa dos EUA ganhou força ante praticamente todas as pares do real, que ainda sofreu a influência dos ruídos políticos domésticos, com a insistente pressão do presidente Jair Bolsonaro por afrouxar o isolamento social, na contramão das recomendações das autoridades globais. Assim, o dólar terminou o dia com valorização de 1,53% no mercado à vista, a R$ 5,1805, na véspera de fechamento da Ptax de março, o que sempre adiciona estresse aos negócios. Na contramão, os principais índices acionários de Nova York subiram mais de 3%, na esteira da notícia de que a Johnson & Johnson pode oferecer uma vacina para o covid-19 para uso emergencial no início do próximo ano. O Ibovespa trilhou o mesmo caminho, mas de forma mais acanhada, ao subir 1,65%, aos 74.639,48 pontos, limitada pelo quadro político doméstico, mas com destaque para a alta dos papéis da Eletrobras, após divulgar balanço. No caso dos DIs, nem mesmo a alta relevante do dólar impediu uma nova rodada de devolução de prêmios, com os agentes de olho em perspectiva de recessão cada vez mais profunda, o que significa inflação baixa, e otimistas com as medidas que vêm sendo adotadas pelo Ministério da Economia e pelo Banco Central, em especial a chamada “PEC do BC”, que permitirá à autoridade monetária comprar ativos. Mesmo assim, contudo, as taxas ainda mostram certa divisão para o próximo encontro do Copom, entre corte de 0,25 ponto porcentual ou 0,50 ponto porcentual da Selic.

 

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CÂMBIO

A busca por proteção por parte dos investidores globais, em mais um dia de incertezas, fez com que o dólar tivesse mais uma sessão de fortalecimento, principalmente frente a moedas de países emergentes e exportadores de commodities. Tanto a extensão dos efeitos nocivos da pandemia de coronavírus quanto a queda-de-braço entre Arábia Saudita e Rússia, que levam a cotação do petróleo no mercado internacional para os menores níveis em quase duas décadas pesaram sobre o comportamento da divisa americana.

O dólar à vista encerrou a sessão cotado a R$ 5,1805, em alta de 1,53%. Este é o maior valor desde o dia 18 de março, quando a moeda encerrou em marca histórica nominal de R$ 5,1960, com avanço de 2,11%.

Para Cristiane Quartaroli, economista do banco Ouroinvest, a prorrogação do período de quarentena nos Estados Unidos colocou mais uma dúvida sobre a conjuntura e pressão sobre a moeda.

“Se o período vai aumentar, aumenta também a chances de um impacto mais negativo ainda sobre a atividade econômica daquele país e, assim, é mais um elemento a reduzir a demanda para os emergentes”, diz.

Nesse sentido, também o maior prazo para o isolamento nos Estados Unidos pode indicar que a estratégia de contenção do vírus no Brasil também pode se alongar por um período que também prejudique ainda mais a economia por aqui.

De acordo com Alvaro Bandeira, economista-chefe do Modalmais, a guerra de preços do petróleo em razão da expansão da produção por Arábia Saudita e a Rússia e o constrangimento planetário por causa da pandemia do coronavírus seguem sendo pontos de tensão para os mercados.

Bandeira lembra que no domingo à noite, o petróleo caía mais de 5%, já que a Arábia Saudita não quis participar de reunião de conciliação para acertar políticas. “Quanto ao coronavírus os investidores se assustam com a expansão de contágio, com a Espanha agora na linha de frente disso”, afirmou.

Nos Estados Unidos, lembra Bandeira, a situação também está afetando a corrida presidencial. Três primárias democratas que aconteceriam no início de abril foram transferidas e pesquisa de final de semana indicou que o democrata Joe Biden ganharia de Trump com 49% das intenções de voto, contra 40%.

Hoje, os ministros de Comércio e Investimentos do G20 e de países convidados afirmaram em comunicado que o coronavírus é um “desafio global e requer uma resposta global coordenada”. Após reunião extraordinária de líderes do grupo no dia 26, os ministros tiveram hoje videoconferência, na qual discutiram uma resposta conjunta à pandemia e a seus efeitos, prometendo medidas para facilitar o comércio de bens essenciais.

Mais cedo, o PBOC anunciou redução de juros das operações de recompra reversa de sete dias de 2,4% para 2,2%. Na Austrália, novos estímulos para a economia foram anunciados no montante de US$ 80 bilhões, chegando agora a cerca de 16,4% do PIB australiano.

No Brasil, as intervenções feitas pelo Banco Central apenas amenizam, mas são incapazes de mudar a direção de alta do dólar. Hoje, em mais um leilão à vista, o BC vendeu US$ 625 milhões, com taxa de corte de R$ 5,1450.

Para Cristiane, autoridade monetária está no caminho correto, usando o arsenal que tem à sua disposição para suavizar o ritmo de desvalorização do real. “Mas o movimento é tão grande e tão intenso que não é possível conter mais do que se tem visto”, disse.

Analistas também citam questões políticas interferindo na trajetória da moeda, ainda que de maneira transversal. “O fato de o presidente Jair Bolsonaro contrariar, com sua atitudes, as orientações de seu próprio ministério, acrescenta mais uma incerteza desnecessária a uma conjuntura tão difícil”, afirma um analista de mercado que não quis ter seu nome identificado.

Fonte: Simone Cavalcanti – [email protected]

 

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.18050 1.5287 5.18430 5.11360

Dólar Comercial (BM&F) 5.0130 0

DOLAR COMERCIAL 5192.000 1.77399 5195.000 5110.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5201.500 1.77069 5203.500 5123.000

 

 

MERCADOS INTERNACIONAIS

Ministros de Comércio e Investimentos do G20 reafirmaram o compromisso com uma resposta global coordenada ao coronavírus, em comunicado após teleconferência mais cedo. Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) continue a alertar para os impactos da pandemia e o Federal Reserve de Nova York tenha ilustrado esse baque em alguns Estados americanos, hoje o apetite por risco deu impulso às bolsas de Nova York. Ações de saúde se destacaram, sobretudo Johnson & Johnson, que avançou 8% após dizer que pode oferecer uma vacina para o Covid-19 para uso emergencial no início do próximo ano. Por outro lado, o petróleo teve sessão negativa – o WTI chegou a ser negociado abaixo de US$ 20 o barril, nas mínimas desde 2002 -, com noticiário ruim para o equilíbrio desse mercado, mesmo em meio a declarações dos presidentes de EUA e Rússia de que têm interesse em controlar esse quadro. No câmbio, o dólar voltou a ser demandado, com a libra pressionada pelo rebaixamento do rating do Reino Unido, enquanto no mercado de Treasuries os juros oscilaram entre ganhos e perdas. Analistas avaliam que os retornos dos bônus americanos podem estar em busca de uma consolidação nas faixas atuais, após grandes recuos recentes.

As autoridades do G20 e de países aliados renovaram as sinalizações de que há trabalho ativo conjunto para garantir o fluxo de suprimentos médicos, mas também para não atrapalhar as cadeias globais de suprimento e o comércio. Os ministros defenderam ainda, em comunicado conjunto, que as medidas para enfrentar o coronavírus sejam “direcionadas, proporcionais, transparentes e temporárias”, sem criar barreiras ao comércio nem desrespeitar regras da Organização Mundial de Comércio (OMC).

Os sinais de uma aliança global contra os impactos da pandemia na economia são bem vistos, embora continue a haver muita incerteza. O Fed de NY divulgou relatório mostrando que nos Estados americanos de Nova York, Nova Jersey e Connecticut até 40% das empresas já informaram corte de pessoal. A IHS Markit, por sua vez, afirmou que a recessão global será mais profunda que a gerada pela crise financeira global de 2008 e 2009, prevendo que leve de dois a três anos para a maioria das economias retornar aos níveis anteriores ao coronavírus. A consultoria projeta contração de 2,8% na economia global em 2020.

Medidas de apoio de governos e bancos centrais têm sido adotadas para contrabalançar esse cenário negativo. Hoje, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse que o banco central americano pode ainda fazer mais, caso perceba que alguns setores não estão cobertos pelas medidas já em efeito. O Goldman Sachs avalia que as medidas do Fed tiveram efeitos positivos, como melhorar a liquidez no mercado de Treasuries, mas diz que as condições de financiamento nos EUA ainda desiguais.

No mercado de dívida americana, os retornos não tiveram sinal único. O BMO Capital comenta que os juros dos Treasuries parecem passar por uma fase de consolidação, após recuos acentuados recentes, mas diz que nova pressão de baixa pode ocorrer caso a percepção sobre o ambiente macroeconômico volte a deteriorar. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos operava estável, a 0,226%, o da T-note de 10 anos caía a 0,687% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 1,320%.

Já nas bolsas, o índice Dow Jones fechou em alta de 3,19%, em 22.327,48 pontos, o Nasdaq subiu 3,62%, a 7.774,15 pontos, e o S&P 500 teve ganho de 3,35%, a 2.626,65 pontos. Johnson & Johnson se destacou, em alta de 8,01% após dizer que testa uma vacina para coronavírus que poderia chegar ao mercado já no início de 2021. Microsoft também mostrou força, com ganho de 7,03%.

No câmbio, o dólar voltou a ser demandado como ativo seguro, enquanto a libra foi pressionada pelo rebaixamento do rating do Reino Unido pela Fitch após o fechamento da sexta-feira. No fim da tarde, o dólar caía a 107,85 ienes, o euro recuava a US$ 1,1047 e a libra tinha queda a US$ 1,2410. O índice DXY subiu 0,83%, a 99,181 pontos.

O petróleo, por sua vez, fechou em Nova York na mínima em 18 anos, diante das incertezas sobre o coronavírus para a demanda global e com a expansão da oferta da Arábia Saudita. Hoje, o presidente americano, Donald Trump, e o russo, Vladimir Putin, conversaram por telefone e afirmaram em comunicado que concordam sobre a importância da “estabilidade” nos mercados globais de energia, mas não anunciaram medidas palpáveis para apoiar o óleo. Analistas avaliam que Trump pode pressionar sua aliada Arábia Saudita a atuar nesse sentido, mas o quadro por ora é bem negativo para a commodity: o petróleo WTI para maio fechou em queda de 6,60%, a US$ 20,09 o barril, na Nymex, e o Brent para junho recuou 5,47%, a US$ 26,42 o barril, na ICE. A Oxford Economics prevê que o Brent fique em média neste ano a US$ 33,80 o barril (antes projetava US$ 45,50).

Fonte: Gabriel Bueno da Costa – [email protected]

BOLSA

Mais uma vez alinhado positivamente ao exterior, com a expectativa por uma vacina para a Covid-19, o Ibovespa fechou hoje em alta de 1,65%, aos 74.639,48 pontos, após ter interrompido na sexta-feira uma sequência de três ganhos, travando lucros antes do fim de semana, à espera de desdobramentos em torno da pandemia. Nesta segunda-feira, ainda que os ruídos políticos tenham se mantido como pano de fundo, o principal índice da B3 oscilou entre mínima de 73.184,22 e máxima de 75.429,74 pontos, com giro financeiro a R$ 19,8 bilhões na sessão, bem mais fraco do que o observado nas últimas semanas, refletindo acomodação da volatilidade. No mês, o Ibovespa cede 28,35% e, no ano, perde 35,46%. Na semana passada, após série de cinco perdas semanais consecutivas, o índice acumulou ganho de 9,48%.

Em Nova York, os três índices de referência registraram ganhos entre 3,19% (Dow Jones) e 3,62% (Nasdaq), e o catalisador do dia foi a notícia de que a Johnson & Johnson pode tornar disponível vacina para o novo coronavírus no início do próximo ano. Por aqui, destaque para Eletrobras ON (+10,58%) e Magazine Luiza (+6,67%). Na ponta negativa, Localiza cedeu 8,37%, com Smiles em baixa de 5,93%, e Cogna, de 4,89%.

Entre as blue chips, Petrobras PN subiu 0,60% e a ON ganhou 3,15%, apesar do forte ajuste negativo do barril de petróleo na sessão, com o Brent negociado na faixa de US$ 22 e o WTI, de US$ 20. Vale ON ganhou 4,16%. Os bancos também tiveram desempenho positivo na sessão, com Bradesco PN em alta de 3,12%, a unit do Santander, de 3,56%, Itaú Unibanco PN, em alta de 4,96%, e Banco do Brasil ON, de 2,66% no fechamento.

Graficamente, o Ibovespa acumulou ganho de 26,84% desde que deixou, no dia 23, segunda passada, mínima intradia de 62.161,38 pontos, para alcançar, na quinta passada, máxima intradia de 78.846,34 pontos, antes de se inclinar a uma realização de lucros na última sexta-feira, quando o índice cedeu 5,51% no encerramento. Considerando os níveis de fechamento, a valorização acumulada pelo Ibovespa em três sessões, de terça a quinta-feira, ficou em 22,24%, saindo de 63.569,62 pontos no encerramento da segunda para 77.709,66 pontos no de quinta, de forma que a correção observada na sexta foi relativamente moderada.

“Tivemos uma alta bem expressiva e rápida, e caso o Ibovespa mantenha lateralização nesta semana, será um bom sinal. Assim, após duas ou três sessões de amadurecimento, poderá buscar novos ganhos caso as condições lá fora sigam favoráveis, na medida em que o índice tem se mantido correlacionado a Nova York”, diz Rodrigo Barreto, analista técnico da Necton.

“Se conseguir chegar a 78 mil, os níveis de 82 mil e 85 mil pontos passam a ser as metas seguintes.” Por outro lado, se o bom momento desandar e o Ibovespa perder os 70 mil pontos, referência importante, passando a buscar os 68 mil, a situação pode se complicar, observa Barreto. “Abaixo de 68 mil, o Ibovespa ficaria bem indefinido”, diz o analista gráfico. No fundo, o índice tocou a marca de 61.690,53 pontos na mínima intradia de 19 de março, quando, ainda muito volátil, o Ibovespa foi a 70.071,33 pontos na máxima daquela sessão, para fechar então aos 68.331,80 pontos.

“Quando o Ibovespa chegou à faixa de 65 mil a 70 mil pontos, o mercado parou um pouco para pensar sobre risco-retorno. Não se trata de encher a mão, mas se percebeu que, a este nível, faz mais sentido comprar do que vender. Está começando a ficar atrativo de novo”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear, acrescentando que o conjunto de iniciativas tomadas por BCs, aqui e no exterior, torna o cenário extremo, de depressão econômica, menos provável. “Ainda não se sabe se será uma recuperação em V ou em U, mas a hipótese de depressão ficou pequena.”

As medidas de aumento de liquidez anunciadas até aqui pelo Banco Central (BC) para mitigar os impactos negativos da pandemia do novo coronavírus na economia têm um impacto total de R$ 1,2 trilhão, equivalente a 17% do Produto Interno Bruto (PIB), nos cálculos da equipe de macroeconomia do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Já as medidas de cunho fiscal anunciadas até o momento pelo governo somam R$ 150 bilhões em termos diretos, mas chegam a R$ 300 bilhões quando incluídas ações voltadas ao crédito direto para empresas.

Os cálculos sobre os valores foram publicados em seção da Carta de Conjuntura do Ipea, publicada hoje no site da instituição, na qual os pesquisadores também anunciaram novas projeções para o PIB de 2020. As estimativas, que variam conforme a duração do período de isolamento social por causa da covid-19, consideram uma rápida recuperação no terceiro trimestre, hipótese que depende do sucesso das políticas de mitigação adotadas pelo governo. Fonte: Luís Eduardo Leal – [email protected], com Vinicius Neder

 

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 74639.48 1.64881

Máxima 75429.74 +2.73

Mínima 73184.22 -0.33

Volume (R$ Bilhões) 1.98B

Volume (US$ Bilhões) 3.84BÍnd. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 74965 2.23662

Máxima 75120 +2.45

Mínima 72835 -0.67

 

JUROS

Os juros não só sustentaram como ampliaram à tarde a queda vista desde a primeira etapa, mesmo com o dólar renovando máximas na jornada vespertina até acima de R$ 5,18. O aumento dos ruídos políticos e os indicadores ruins da segunda-feira também não foram capazes de impedir o alívio de prêmios. A trajetória descendente foi atribuída ao otimismo com as medidas que vêm sendo adotadas pelo Ministério da Economia e pelo Banco Central – em especial há grande expectativa pela chamada “PEC do BC” na Câmara esta semana – para amortecer o choque da Covid-19 na economia; ao noticiário promissor em torno da vacina contra o coronavírus e à confiança de que o número de casos vai desacelerar com a ampliação do período de isolamento mais restritivo em vários países, como anunciado nos Estados Unidos.

No fim da sessão regular, entre os principais vencimentos, o recuo mais forte era registrado nos vértices intermediários, com destaque para a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023, com alívio de 30 pontos, ao cair de 5,663% para 5,36% (mínima). A do DI para janeiro de 2021 estava em 3,395% (piso histórico), de 3,499% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2022 caiu de 4,372% para 4,17% e a do DI para janeiro de 2027, de 7,642% para 7,53%. O volume de contratos negociados, contudo, foi baixo.

Mesmo em meio à piora do câmbio e aos crescentes ruídos políticos – após o presidente Jair Bolsonaro voltar a contrariar no fim de semana as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde -, o mercado se concentrou no que está sendo feito para evitar o estrangulamento do orçamento das famílias e, por parte do Banco Central, para prover liquidez ao sistema financeiro e às empresas. Em especial, há grande otimismo com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que libera o Banco Central a comprar títulos de emissão do Tesouro Nacional, no mercado local ou internacional, e ativos financeiros, públicos ou privados, no âmbito dos mercados financeiro e de capitais, que está sendo chamada de “QE (quantitative easing) tropical”. A expectativa é de que a PEC seja votada pela Câmara na quarta-feira.

O trader da Sicredi Asset Cássio Andrade Xavier explica que a inclinação da curva nos últimos dias encareceu demais as dívidas de longo prazo das empresas e a possibilidade de o Banco Central, assim como já fez o Tesouro com as atuações extraordinárias, trocar essa despesa por dívida curta traz grande alivio ao mercado. “É a grande ferramenta dos BCs no mundo para estabilizar os mercados”, disse ele, destacando que o mais urgente agora é resolver problemas de liquidez imediata, tentando normalizar os fluxo de caixa.

Adicionalmente, trouxe conforto aos agentes a sinalização do ministro Paulo Guedes, no fim de semana, de que continuará no governo, uma vez que, por ter ficado um período recluso, houve rumores de que poderia estar deixando o cargo. A manutenção de Guedes à frente da equipe econômica é vista como garantia de que as exuberâncias fiscais necessárias neste período de crise têm, de fato, caráter temporário, e serão posteriormente revertidas.

A ação coordenada entre Economia, BC e Tesouro, e o isolamento horizontal para o controle da epidemia no País, têm ajudado a aplacar o estresse na curva, pois, ainda que representem estouro do orçamento, o custo de não fazê-la seria ainda maior, dizem os profissionais. Afinal, as revisões em baixa para a atividade não param de chegar e, com isso, vai também aumentando a percepção de que o Copom vai continuar cortando a Selic.

Cálculos do estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, mostram que a curva precifica -35 pontos-base de corte da taxa básica em maio, ou seja um mercado certo de que a taxa vai cair, mas em dúvida sobre o tamanho da queda: são 60% de possibilidade para uma redução de 0,25 ponto porcentual e 40% de chance de corte de 0,50 ponto.

“O BC tem totais condições de colocar a Selic onde quiser, o momento é absurdamente deflacionário”, disse Xavier, da Sicredi Asset. Ele destaca que a inflação implícita da NTN-B 2020 já aponta, no período entre março e junho, em taxas anualizadas, deflação de 1,4%.

Fonte: Denise Abarca – [email protected]

 

 

Operação

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 3.65

Capital de Giro (%a.a) 7.02

Hot Money (%a.m) 0.82

CDI Over (%a.a) 3.65

Over Selic (%a.a) 3.65

 

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