BOLSA SUCUMBE AO TOMBO DE NY E CEDE 10% NO MÊS, ENQUANTO DÓLAR SOBE 3,8% NO PERÍODO

O aumento da aversão ao risco em Nova York, à tarde, fez o Ibovespa sucumbir e também terminar no terreno negativo, após experimentar uma manhã de ganhos. A piora em Wall Street não teve um gatilho específico, mas os principais índices, que já recuavam desde cedo devido ao tombo das big techs, passaram a cair mais de 2% na reta final de negócios, em meio à cautela do investidor antes do fim de semana que antecede a reunião do Fed, marcada para quarta-feira. Além da visão de que o BC dos EUA elevará os juros em 0,5 ponto porcentual, discursos recentes mais duros de diretores da autoridade monetária elevam os temores sobre o que virá na comunicação que acompanha a decisão. Mas não é só. A crescente pressão inflacionária na Europa também acende o alerta para a possibilidade de uma antecipação do aumento de juros por lá. E num mundo com inflação elevada e juros em alta, os ativos mais arriscados, como as bolsas, perdem espaço. Assim, acompanhando a piora externa, o Ibovespa cedeu 1,86%, fechando na mínima do dia aos 107.876,16 pontos, acumulando recuo de 2,88% na semana e de 10,10% no mês. Esse comportamento recente da bolsa brasileira, além de amparado pelo quadro monetário, também esteve ligado às incertezas sobre a China e, porque não, a uma realização de lucros, depois que os ativos brasileiros tiveram desempenho muito superior aos pares desde o início da guerra na Ucrânia, amparados pelo avanço das commodities. E tal reversão de tendência verificada na renda variável afetou diretamente o real. Afinal, a saída de estrangeiros da bolsa – e também de outros ativos – trouxe correção importante ao fortalecimento do real nesse período. Não por acaso, o dólar, que hoje teve leve alta de 0,06%, a R$ 4,9427, registrou valorização de 2,86% na semana e de 3,81% no mês. O avanço da divisa americana, se não causou grandes alterações nos juros futuros de curto prazo – onde o mercado dá como certa uma elevação da Selic em 1 ponto porcentual na próxima semana, no encontro do Copom que termina na quarta-feira, e a mudança na comunicação que permita novos apertos-, puxou para cima os juros mais longos ao longo deste mês. Afinal, em meio a um ambiente de incerteza fiscal, com desonerações e movimentação de servidores, o dólar mais caro é fator adicional de preocupação.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Indicações negativas em meio à publicação de balanços de grandes empresas americanas, especialmente de tecnologia, pressionaram as bolsas de Nova York, que contaram com quedas relevantes, como Amazon e Apple. Enquanto isso, as pressões inflacionárias seguem observadas, o que coloca as atenções no aperto monetário do Federal Reserve (Fed), que deve aumentar os juros em 50 pontos-base em sua reunião na próxima semana. Um dos efeitos é a alta nos rendimentos dos Treasuries, vista também nesta sessão. Já o dólar recuou, depois de fortes altas consecutivas, e também de olho na inflação na zona do euro, que avançou hoje e impulsionou a moeda comum, diante da perspectiva de possível aperto monetário mais cedo pelo Banco Central Europeu (BCE). O movimento acabou dando algum impulso ao petróleo, que subiu durante grande parte da sessão ainda com novos indícios do possível embargo da União Europeia aos hidrocarbonetos russos. No entanto, próximo ao fim do pregão, a commodity reverteu a alta e fechou em leve queda.

“As ações americanas não tiveram chance depois que os lucros de tecnologia de mega capitalização decepcionaram”, aponta Edward Moya, analista da Oanda. As ações da Apple estão sob pressão, pois as restrições de oferta podem afetar as vendas deste trimestre em até US$ 8 bilhões, apesar da empresa ter superado o lucro esperado, com a receita de serviços, Mac, Produtos e iPad acima das previsões dos analistas, aponta Moya. “É impossível para a Apple lidar com as restrições de fornecimento, dada toda a incerteza com commodities e a situação da covid-19 na China”, avalia. Neste cenário, os papéis da empresa recuaram 3,66%. Já as ações da Amazon despencaram quando sua enorme expansão de armazém foi atendida com o enfraquecimento da demanda do consumidor, afirma Moya. “De todos os gigantes da tecnologia, a inflação parece ter o maior impacto na Amazon. As ações da empresa estão profundamente em território de baixa depois de caírem ao nível mais baixo desde junho de 2020. A Amazon apresentou uma perda de lucro surpreendente e teve uma perspectiva pouco inspiradora para o segundo trimestre”, resume o analista sobre os papéis da companhia, que recuaram 14,05%.

A Intel foi outra que teve resultados que decepcionaram, indicando inclusive a persistência na escassez global de chips, e acabou recuando 6,94%. Chevron e ExxonMobil foram outras que divulgaram resultados que ficaram aquém das expectativas, e tiveram hoje quedas de 3,16% e 2,24%, respectivamente. Neste cenário, o Dow Jones caiu 2,77%, a 32.977,21 pontos, o S&P 500 teve queda de 3,63%, a 4.131,93 pontos, e o Nasdaq baixou 4,17%, a 12.334,64 pontos. Na Europa, o quadro foi diferente, com publicações corporativas que agradaram investidores, o que ajudou o DAX a subir 0,84% em Frankfurt e FTSE MIB a avançar 0,82% em Milão.

Pesando ainda nos índices americanos estiveram as perspectivas para a política do Fed. Hoje, o índice de custo de emprego apresentou alta, o que reforça a percepção da necessidade de maior aperto monetário. “As apostas de aumento de taxas continuam a se acumular antes da decisão do Fed da próxima semana. As crescentes pressões salariais podem ser o necessário para tornar o Fed ainda mais agressivo com o aperto nas reuniões de junho e julho”, projeta Moya. No fim da tarde em Nova York, juro da T-note de 2 anos subia a 2,702%, o da 10 anos avançava a 2,895% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,956%.

As perspectivas vinham alimentando o dólar, que chegou às máximas em 20 anos, e o DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, subia quase 4% em abril, de acordo com a Western Union, em seu melhor desempenho mensal desde 2015. Porém hoje o movimento sofreu uma correção, e o euro subiu acima das mínimas de cinco anos em relação ao dólar, em uma tentativa de recuperação após dados que reforçaram a possibilidade de um aumento antecipado de juros pelo BCE, avalia. Assim, o DXY caiu 0,64%, e o euro avançava a US$ US$ 1,0551 ao fim da tarde.

O câmbio chegou a apoiar a petróleo, em dia no qual reportagem do The New York Times informou que a UE está prestes a impor sanções ao petróleo russo. A Capital Economics cita índices de atividade na China e uma possível desaceleração do quadro local, o que tende a pressionar os preços de uma série de commodities. Assim, o WTI para junho fechou em queda de 0,63% (US$ 0,67), a US$ 104,69 o barril, na Nymex. Já o Brent para o mês de julho caiu 0,11% (US$ 0,07), a US$ 107,14 o barril, na ICE. (Matheus Andrade – [email protected])

BOLSA

A piora do desempenho em Nova York ao longo da tarde, em baixa que superou 4% (Nasdaq) no fechamento desta sexta-feira, cortou a tímida recuperação do Ibovespa esboçada desde cedo, quando buscava aparar as perdas do mês nesta última sessão de abril. Entre a manhã e o meio da tarde, o índice era favorecido pelo avanço das ações de commodities, muito acomodado ou mesmo revertido em direção ao encerramento (Vale ON -1,08%, Petrobras ON +0,03%, PN +0,07%), e mesmo pelos grandes bancos – apesar da elevação da alíquota da CSLL sobre o setor financeiro, o de maior peso no índice -, ao final totalmente negativo (BB ON -2,32%, Itaú PN -1,77% e Bradesco PN -1,32%, as duas últimas nas mínimas do dia no fechamento).

Com o aprofundamento das perdas em Nova York, o Ibovespa fechou na mínima do dia, em queda de 1,86%, a 107.876,16 pontos, saindo de máxima a 111.819,21 pontos na sessão. Na semana, a perda foi de 2,88%, a quarta consecutiva. E o mês (-10,10%) foi o pior desde o mergulho de 29,90% em março de 2020, no auge da crise de confiança desencadeada pela pandemia de Covid-19. No ano, os ganhos se limitam agora a 2,91%. O giro desta sexta-feira subiu para R$ 38,1 bilhões.

No primeiro fechamento de abril, em uma sessão isolada na sexta-feira, o Ibovespa fechou aos 121,5 mil pontos, vindo de quatro ganhos mensais seguidos, entre dezembro e março, após ter encerrado novembro aos 101,9 mil pontos. O acúmulo de cerca de 20 mil pontos entre o fim de novembro e o começo de abril foi cortado em mais da metade neste último mês, em que a referência da B3 teve correção em porcentual superior à registrada no índice amplo de Nova York, o S&P 500 (-8,80%). Ao longo de abril, todas as semanas “cheias” foram negativas na B3.

Na mínima desta sexta-feira, o Ibovespa perdeu inicialmente o nível de 109 mil pontos, replicando movimento visto nos piores momentos das últimas três sessões – tendo chegado aos 107,9 mil durante a última terça-feira, 26, então o menor nível intradia desde 15 de março. Perto do fechamento de hoje, mostrou que poderia romper o nível de encerramento de terça (26), então aos 108.212,86 pontos, o menor desde 24 de janeiro (107.937,11) – o que de fato se consumou, com o Ibovespa agora a 107,8 mil, no menor nível desde o encerramento de 18 de janeiro (106.667,66). Após uma pequena melhora na quarta e na quinta-feira, quando fechou com ganhos respectivamente de 1,05% e 0,52%, a referência da B3 retoma a trajetória negativa, com 8 quedas nas últimas 10 sessões.

“Hoje chegou a haver um respiro (até o meio da tarde), com as ações de commodities e os bancos puxando o índice. Ao longo do mês houve uma reprecificação do Ibovespa em relação ao começo da guerra na Ucrânia, no fim de fevereiro, quando passou a ser beneficiado também pela correlação com os preços das matérias-primas, em ascensão. Depois vieram os lockdowns na China, a reavaliação do FMI sobre o crescimento global, e o PIB americano do primeiro trimestre, nesta semana, em contração. A questão para a próxima semana é como o Federal Reserve reagirá a tudo isso, se pesará a mão ou não sobre os juros”, diz Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.

Assim, a forma como o Ibovespa chega ao fim do mês é oposta à da abertura de abril, quando atingiu, naquele encerramento, o melhor nível desde 11 de agosto. No fim do primeiro trimestre, o índice acumulava, em 2022, ganho de 14,48%, o melhor desempenho para os primeiros três meses do ano desde 2016 – e, agora, teve o pior abril desde 2004, quando havia cedido 11,45% no mesmo mês.

Na B3, em março, refletindo o avanço do índice de ações (+6,06%) e o recuo da moeda americana frente ao real (-7,65% no mesmo mês), o Ibovespa fechou a 25.203,56 pontos, em dólar, comparado a 21.945,02 no encerramento de fevereiro e a 21.135,62 pontos no de janeiro. No fim de 2021, com o índice nominal muito depreciado, o Ibovespa na moeda americana estava em 18.799,19 pontos, ante 22.937,77 no fechamento de 2020. Agora, no fechamento de abril, em dólar, o Ibovespa volta a 21.825,35 pontos, em nível próximo ao de fevereiro. No mês de abril, o dólar à vista teve apreciação de 3,81% frente ao real.

A queda dos preços das ações talvez comece a ser vista como uma oportunidade de compra. Apesar das incertezas no cenário macro, os agentes do mercado financeiro ampliaram significativamente o otimismo em relação ao Índice Bovespa na pesquisa de hoje para o Termômetro Broadcast Bolsa. Para 72,73% dos pesquisados, o principal índice de ações da B3 vai contabilizar alta no acumulado da próxima semana.

Na enquete passada, 58,33% apostavam na valorização do índice. A parcela dos analistas que esperam queda do índice ficou em 9,09% nesta pesquisa, contra 25% de apostas de baixa na anterior. Para 18,18% o indicador ficará estável, parcela pouco superior à registrada na última semana (16,67%). (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 107876.16 -1.85847

Máxima 111819.21 +1.73

Mínima 107876.16 -1.86

Volume (R$ Bilhões) 3.81B

Volume (US$ Bilhões) 7.75B

17:37

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 108870 -1.7862

Máxima 113370 +2.27

Mínima 108430 -2.18

CÂMBIO

Após uma tarde de muita oscilação, com trocas constantes de sinal, o dólar encerrou a sessão desta sexta-feira (29) em ligeira alta, no patamar de R$ 4,94. O dia foi marcado por disputa pela formação da última Ptax de abril e pela rolagem de vencimento de posições futuras, o que fez o dólar por aqui se descolar em diversos momentos do sinal predominante de queda da moeda americana no exterior tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes.

A moeda oscilou quase dez centavos entre a mínima (R$ 4,86) e a máxima (R$ 4,9586). No fim do dia, com tombo das bolsas em Nova York e do Ibovespa, o sinal positivo prevaleceu e o dólar fechou a R$ 4,9427 (+0,06%). A divisa termina a semana em alta de 2,86% e abril com valorização de 3,81%. Depois de subir 4% na sexta-feira (22), o dólar experimentou altas expressivas nos pregões de segunda (1,47%) e de terça (2,36%) – o que acabou selando o destino da moeda na semana. No ano, a divisa ainda acumula baixa de dois dígitos (-11,36%).

O principal indutor da onda de compra expressiva no início da semana foi o ambiente externo marcado por redução das posições em ativos de risco. A corrida global ao dólar foi amparada em três fatores: perspectiva de alta mais intensa e rápida nos Estados Unidos, alimentada por declarações duras do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell; escalada da guerra na Ucrânia e aumento das tensões entre Ocidente e Rússia, que cortou fornecimento de gás para Polônia e Bulgária; e temores de uma desaceleração mais forte da economia chinesa, dadas as medidas restritivas para conter a covid-19.

“O principal gatilho para esse movimento foi a fala mais dura de Powell. Já está claro que o Fed vai elevar a taxa em 0,50 [ponto porcentual]. A novidade é que a possibilidade de alta de 0,75 ponto, com discurso de outros dirigentes, foi colocada na mesa. Essas sinalizações aumentaram muito a volatilidade aos preços dos ativos”, afirma o diretor de tesouraria do Banco Fator, Bruno Capusso.

Fatores técnicos realimentaram a onda compradora vinda do exterior. Como o mercado cambial doméstico é bem líquido e o real apresentava ganhos robustos, foi o palco ideal para uma realização de lucros. Além disso, analistas relataram desmonte agressivo de posições vendidas no mercado futuro (que ganham com a queda do dólar) por parte de fundos locais, o que teria adicionado pressão maior sobre a taxa de câmbio.

A semana também foi marcada por saída de investidores estrangeiros da bolsa doméstica e pela divulgação de dados do fluxo cambial em março revelando saldo negativo de US$ 4 bilhões pelo canal financeiro – um atestado da diminuição do apetite externo por ativos locais. Segundo dados da B3, investidores estrangeiros retiraram da bolsa R$ 854,9 milhões (dia 25), R$ 2,498 bilhões (26) e R$ 1,002 bilhão (27). Em abril, as saídas já somam US$ 5,325 bilhões, diminuindo o saldo positivo no ano para R$ 60 bilhões.

“O real era a melhor entre as grandes moedas. Quando veio essa preocupação com a alta dos juros nos Estados Unidos, houve um movimento mais forte de realização de lucros”, diz Capusso, do Fator, ressaltando que a moeda brasileira tende a apresentar oscilações mais fortes tanto para cima quanto para baixo, já que o mercado brasileiro tem volume e liquidez elevados.

Para Capusso, após o ajuste pesado entre o fim da semana passada e os dois primeiros pregões desta semana, período em que saiu da casa de R$ 4,60 para o patamar de R$ 4,90, o dólar parece não ter forças para quedas ou altas mais expressivas por aqui. “É mais provável que o real nesse intervalo entre R$ 4,70 e R$ 5”, diz.

De um lado, há uma desaceleração do fluxo de recursos estrangeiros para ativos locais, em meio ao ambiente externo mais conturbado. De outro, contudo, a taxa real de juros gorda e o diferencial entre juros internos e externos elevados – mesmo com a possibilidade de postura mais dura do Fed e fim do ciclo de aperto doméstico – dão certa sustentação ao real ao tornar caras posições compradas em dólar.

Após subir nos últimos dias, hoje a moeda americana perdeu força lá fora. O índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – teve hoje um dia de alívio, embora permanece perto dos 103,000 pontos. O euro, que chegou ao menor nível em cinco anos durante a semana, se recuperou hoje, na esteira do avanço de 5% do PIB da Zona do Euro no primeiro trimestre (comparação anual) e da inflação ao consumidor de 7,5% em março, em linha com o esperado, mas no maior nível da história.

As divisas emergentes avançaram em bloco com certo desafogo no cenário para commodities após autoridades chinesas afirmarem que vão adotar medidas adicionais para sustentar a economia. O preço do minério de ferro subiu 2,29% no porto chinês de Qingdao. Divisas pares do real, com o peso chileno, mexicano e, em especial, o rand sul-africano fecharam em queda firme. O grande destaque foi rublo, com valorização de quase 2%, em meio à decisão do BC da Rússia de cortar a taxa básica do país em três pontos porcentuais, para 14% ao ano.

Nos Estados Unidos, o índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida de inflação preferida pelo Fed, subiu 0,9 em março e 6,6% na comparação anual. O núcleo, que exclui itens voláteis como energia e alimentos, teve alta mensal de 0,3%, em linha com o esperado. Na comparação anual, subiu 5,2%, ligeiramente abaixo das previsões (5,3%). Chamou a atenção o avanço de 1,1% dos gastos com consumo em março, enquanto a expectativa era de +0,07%. Já a renda pessoal subiu 0,5%, ante previsão de 0,4%.

As taxas dos Treasuries subiram em bloco com investidores realinhando as expectativas para os próximos passos do Fed. É dada como certa uma alta de 0,50 ponto porcentual na taxa básica na quarta-feira (4) em um comunicado duro. Há especulações em torno de eventual indicação de que a elevação em junho seja maior, de 0,75 ponto, na próxima reunião e da possibilidade da política monetária ir para campo restritivo até o fim do ano. (Antonio Perez – [email protected])

17:37

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.94270 0.0567 4.95860 4.86000

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4919.500 -0.43513 4928.500 4859.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5023.500 0.59071 5024.500 4907.500

JUROS

A curva dos juros futuros termina abril com uma inclinação negativa menor, reflexo do valorização do dólar ao longo das últimas semanas, o que puxou os retornos dos contratos de prazo mais longo. O diferencial entre os vencimentos de 2027 e 2024 passou de -86 pontos a -75 pontos. Nesta sexta-feira, as taxas oscilaram em margens muito estreitas, à medida que o mercado de prepara para a semana em que serão definidas as trajetórias das políticas monetárias do Brasil e dos Estados Unidos.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passou de 13,033% ontem a 13,030% hoje. O janeiro 2024 cedeu de 12,587% a 12,58%. O janeiro 2025 foi de 12,011% a 12,030%. E o janeiro 2027 caiu de 11,835% a 11,83%.

Penalizando em especial o mercado global de ações, o mês de abril também foi marcado por uma robusta valorização do dólar ao redor do planeta, com efeitos aqui dentro. A perspectiva de aceleração do aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), ante a resiliência dos preços, foi o condutor desse movimento. Nem mesmo o atrativo diferencial de juro conseguiu segurar o real das perdas. O conflito entre instituições no Brasil deu um tempero adicional à alta da moeda americana ante a doméstica, que foi de 3,81% no mês.

No mercado de juros, essa subida do câmbio trouxe para cima os vencimentos de prazo mais longo. Além disso, a inflação doméstica dá sinais também de resistência, a despeito de surpresas pontuais como a do IPCA-15 esta semana. Para o Copom da semana que vem, o BC deixou claro que a Selic vai a 12,75%, mas há dúvidas se essa será a última alta.

O economista da Pezco Hélcio Takeda acredita que não. Para ele, será preciso um pouco mais de juro em junho, com alta adicional de 50 pontos-base, o que levaria a Selic a 13,25%. Daí sim, é hora de parar.

“Ir muito além disso [13,25%] não é necessário, porque não é a taxa de juros que vai fazer cair alguns preços que estamos vendo, como combustíveis, alimentos e produtos que sofrem com gargalos na cadeia de suprimentos”, avalia. “Depois, é muito provável que os juros fiquem em dois dígitos por mais tempo do que o imaginado”, acrescenta.

Em termos de apostas para política monetária, a curva projeta hoje 96% de chance de a Selic ir para 12,75% semana que vem, com o residual (4%) alocado em 12,50%. Para junho, as apostas estão entre 12,75% (56%) e 13,00% (44%); para agosto, entre 13,00% (60%) e 13,25% (40%); para setembro, entre 13,00% (48%) e 13,25% (52%). O encerramento de 2022 tem Selic estimada em 13,16%. Os cálculos são feitos com base em modelo do professor Alexandre Cabral, aperfeiçoado pelo Broadcast.

Ele avalia que o País está no pico da inflação em 12 meses e que haverá um alívio gradual de agora adiante. Nesse contexto, Takeda salienta que o Brasil terá de agora adiante uma taxa real de juros cada vez mais positiva.

“Isso pode ajudar no comportamento da moeda local. Em tese, ela pode ser favorecida e se caminhar para uma estabilização em torno de R$ 4,60, pode contribuir para um processo de desinflação no Brasil”, diz.

Ao observar a curva de juros, Takeda avalia que a tendência é de diminuição da inclinação negativa da estrutura, com ela indo para algo mais ‘flat’. (Mateus Fagundes – [email protected])

17:37

 Operação   Último 

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 12.47

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 11.65

Over Selic (%a.a) 11.65