BOLSA SOBE 2,03% APÓS IPCA E PAYROLL, E NEUTRALIZA PERDA SEMANAL, ENQUANTO DIS RECUAM

O Ibovespa aproveitou que os indicadores desta sexta-feira não sancionaram bancos centrais mais agressivos, aqui ou nos EUA, e tirou parte do atraso da semana em relação às bolsas internacionais, ao subir 2,03%, aos 112.833,20 pontos. Ainda que, no pico do dia, tenha chegado a superar os 114 mil pontos, os ganhos de hoje foram suficientes para praticamente zerar as perdas da semana (-0,06%). O dia auspicioso começou na madrugada, com dados chineses puxando as cotações das commodities. Depois foi a vez do IPCA de setembro vir abaixo da mediana consensual dos analistas, o que, se somado ao indicadores de atividade fracos desta semana, sugere que o BC deve manter o plano de voo e seguir com apertos de 1 pp da Selic, sem reduzir ainda mais a atratividade da renda variável. Por fim, o payroll americano era o que faltava para levar o investidor a comprar bolsa. Com a criação de vagas abaixo do previsto em setembro, mas a revisão em alta nos números de meses anteriores e um desenho aparentemente sem surpresas do mercado de trabalho americano, a visão é de que o Fed pode até iniciar o tapering em breve, mas sem a necessidade de antecipar algum aperto via juros na maior economia do mundo. Esse conjunto de informações, sobretudo o IPCA, também fez disparar a desmontagem de posições defensivas nos juros futuros, com queda firme em todos os vencimentos. Tal movimento ocorreu a despeito do avanço dos juros dos Treasuries. O dólar ficou volátil, mas foi se acomodando ao redor da estabilidade ao longo da tarde e terminou perto do zero a zero, com leve queda de 0,02%, a R$ 5,5161 no mercado à vista. Em meio às incertezas domésticas, o feriado de terça, que promete reduzir a liquidez na segunda-feira também, e a instabilidade da divisa no exterior explicam o dólar mais travado hoje. Na semana, porém, o risco Brasil prevaleceu e o dólar acumulou avanço importante de 2,74%. Em Nova York, os principais índices acionários ficaram sem direção única, mas o fechamento acabou sendo negativo, depois de uma semana de ganhos. Até porque, o payroll não alterou as apostas já consolidadas de que o tapering começa em novembro, mas tampouco suscitou a ideia de que haverá alguma mudança mais drástica na estratégia do Fed após o Senado americano aprovar o aumento de teto de gastos no país.

BOLSA

Com atraso na semana ante as referências do exterior, o Ibovespa aproveitou a sexta-feira para um sprint, um pouco enfraquecido perto do fechamento, que ainda assim quase zerou as perdas na semana (-0,06%) e colocou o mês no positivo (+1,67%), em intervalo iniciado com tombo de 2,22% na segunda-feira, vindo de ganho de 1,73% na sexta, dia 1º. Hoje, o índice da B3 encerrou em alta de 2,03%, aos 112.883,20 pontos, saindo de mínima na abertura a 110.586,44 pontos e chegando a mostrar ganho de 3,24% na máxima do dia, aos 114.171,97 pontos, no começo da tarde. O giro ficou em 38,6 bilhões nesta sexta-feira. No ano, o Ibovespa cai 5,20%.

Os principais dados do dia foram o IPCA de setembro, conforme esperado no maior nível para o mês (+1,16%) desde 1994, embora abaixo da mediana das expectativas, e o payroll dos Estados Unidos, com geração de vagas bem abaixo do esperado para setembro, mas leitura melhor do que se antecipava para a taxa de desemprego e a evolução do ganho salarial médio.

Enquanto, nos Estados Unidos, a leitura sobre o mercado de trabalho ficou meio que no empate – apesar de tirar um pouco da pressão quanto à urgência do ‘tapering’ e especialmente quanto a uma alta de juros antes do que se antecipa para os EUA -, resultando em sinais mistos (ao final negativos) para os índices de Nova York, aqui o IPCA menos pior do que se chegou a temer deu algum fôlego para a busca por descontos na B3.

“A inflação está concentrada em gastos de subsistência, com pressão de três grupos importantes: habitação, devido ao encarecimento da energia elétrica residencial; transporte, com a alta dos combustíveis, relevante, pelo câmbio e pelo avanço dos preços internacionais do petróleo; e alimentação em domicílio, em desaceleração ante agosto, mas em alta de 1,19%”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destacando o efeito da inflação para a população mais pobre, com restrição orçamentária.

Se os dados sobre o custo de vida ainda permanecem sob escrutínio, com efeito sobre a curva de juros, o barateamento da Bolsa observado desde julho começa a ser visto com interesse maior pelos investidores, apesar das incertezas que prevalecem, no plano doméstico, sobre a situação fiscal e, no exterior, sobre o ritmo da inflação global, com efeito sobre a orientação das políticas monetárias nas maiores economias. A aprovação ontem à noite pelo Senado americano de elevação temporária, até dezembro, no teto da dívida, deu ânimo aos mercados da Ásia, no dia em que as bolsas da China continental retomaram os negócios, após o feriado da Golden Week.

O impasse que prevalecia na política americana se fez sentir no início da semana, conturbado também pela queda de rede do WhatsApp, Instagram e Facebook. “Na segunda-feira, o S&P 500 tinha caído bastante (-1,30%) e começou a recuperar logo no dia seguinte (+1,05%), enquanto o Ibovespa perdeu 2,22% naquele mesmo dia e ficou de lado nos seguintes, até vir esta recuperação concentrada na sexta, com a busca por descontos: uma retomada em cima de ‘valuation’ mesmo. O que deixa algum otimismo para a semana que vem, com parte dela em liquidez reduzida pelo feriado no Brasil (terça)”, diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vítreo.

“Surpreendeu a resiliência do Ibovespa hoje, mesmo com o S&P 500 embicando pra baixo e o yield de 10 anos voltando a subir, passada a reação inicial ao ‘payroll’ abaixo do esperado. Há muito tempo isso não acontecia: o mais comum tem sido recuperação mais rápida em Nova York, sem que o Ibovespa consiga acompanhar aqui. Desde setembro, tem havido uma retomada de fluxo estrangeiro, mas nem isso vinha dando força ao índice, devido ao excesso de pessimismo, especialmente do investidor doméstico. Agora, muitos fatores negativos, principalmente da política, parecem já estar no preço, e o interesse por compras começa a voltar”, acrescenta.

“Historicamente, quando o P/L no Ibovespa está na faixa de 6 a 8 vezes, o índice de ações começa a se recuperar – agora, está em torno de 7,5 a 8 vezes, contra um histórico na casa de 12 vezes. As empresas estão gerando lucro e os preços dos ativos, das ações, vêm se deteriorando, o que o mercado acaba vendo como oportunidade de compra”, observa Gabriel Lima Macedo, sócio e líder de renda variável da Blue3. “Foi muito importante o Ibovespa ter segurado os 110 mil pontos e se conseguir romper os 114 mil, a tendência pode virar de baixa para alta”, acrescenta.

“Hoje, o Ibovespa se descolou do zero a zero lá fora. O reajuste anunciado pela Petrobras para a gasolina e o gás de cozinha, a partir deste sábado, ajudou as ações da empresa a contribuir para a alta do índice, em dia muito forte para mineração e siderurgia. Varejo, shoppings e construção civil também performaram muito bem”, diz Romero Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos.

Petrobras ON e PN fecharam o dia, respectivamente, em alta de 2,02% e 1,82%, enquanto Vale ON avançou 0,62% e os ganhos no setor de siderurgia chegaram a 4,95% (Usiminas PNA) no encerramento da sessão. Ma ponta do Ibovespa, Cielo (+14,29%), à frente de Ecorodovias (+8,82%), de Banco Inter (Unit +7,41%, PN +7,07%) e de Magazine Luiza (+6,70%). No lado oposto, Assai (-3,28%), Pão de Açúcar (-1,60%) e Klabin (-0,58%). Entre os grandes bancos, os ganhos chegaram a 2,11% (BB ON) nesta sexta-feira.

O mercado financeiro ajustou seu otimismo em relação ao desempenho das ações no curtíssimo prazo no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 66,67% disseram que a expectativa é de alta para o Ibovespa na próxima semana, porcentual ligeiramente menor do que na pesquisa anterior, de 69,23%. A previsão de estabilidade caiu de 30,77% para 23,00%. Para os demais 8,33%, a Bolsa terá uma semana de perdas. No levantamento anterior, nenhum dos participantes acreditava em perdas para esta semana. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 112833.20 2.03261

Máxima 114171.97 +3.24

Mínima 110586.44 0.00

Volume (R$ Bilhões) 3.86B

Volume (US$ Bilhões) 7.01B

17:34

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 113000 1.82474

Máxima 114470 +3.15

Mínima 111245 +0.24

Volta

JUROS

Os juros terminaram a sexta-feira em queda firme, coroando uma semana de dados de inflação e atividade abaixo do esperado mas que acabaram não alterando a percepção sobre o ritmo de aperto da política monetária. A despeito da nova alta no rendimento dos Treasuries e do petróleo, as taxas devolveram prêmios e a curva fechou a semana com estabilidade no nível de inclinação. O IPCA de 1,16% em setembro divulgado hoje, abaixo do consenso de 1,25%, e o alívio no câmbio foram apontados como os principais responsáveis pela trajetória de baixa na curva, além de ajustes técnicos de posições a partir do excesso de inclinação.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 9,01%, de 9,20% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 encerrou simbolicamente abaixo dos dois dígitos, o que não ocorria desde o dia 23 de setembro. Terminou a 9,99%, de 10,205% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 10,623% para 10,43%.

O diferencial entre os vencimentos de janeiro de 2027 e janeiro de 2023 ficou hoje em 142 pontos, mesmo nível da última sexta-feira, e de 143 pontos ontem. A semana foi marcada por resultados muito fracos da indústria e do varejo e, hoje, do IPCA, mas o cenário para a inflação nos próximos meses segue preocupante, sem dar espaço a apostas de alta menor que 1 ponto para a Selic. Por outro lado, o risco de aceleração também fica cada vez menor. Na curva a termo, a probabilidade de alta de 1 ponto para o Copom de outubro beira os 100%.

As taxas engataram movimento de queda logo cedo com a surpresa do IPCA, que embora tenha acelerado ante os 0,87% de agosto, ficou abaixo da mediana das previsões, algo que há meses não ocorria e permitiu o descarregamento de prêmios. Ainda ao longo da primeira etapa, houve ajuste no ritmo conforme os especialistas esmiuçavam o índice e os preços de abertura e com o dólar se fortalecendo – chegou a operar pontualmente em alta em alguns momentos. À tarde, as taxas retomaram o fôlego e a ponta longa voltou a recuar mais de 20 pontos-base, quando a moeda americana passou novamente a cair ante o real, embora rodando ainda acima dos R$ 5,50.

“O mercado de juros sugere percepção de inflação mais benigna pelos participantes. Apesar da alta dos juros nos EUA, os DIs cederam em todos os vértices”, afirma o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, em relatório.

Como esperado, o IPCA de setembro foi a maior taxa para o mês desde 1994 e trouxe núcleos ainda rodando em patamares elevados. O IPCA em 12 meses chegou a 10,25%, cinco pontos porcentuais acima do teto da meta de 5,25% para 2021. Embora se espere alguma desaceleração nos próximos meses, a missão do Banco Central de recolocar as estimativas de inflação para 2022, que hoje estão acima de 4%, na meta de 3,5% segue árdua. Gonçalves destaca que, apesar do Copom insistir na alta da Selic como recurso para levar a inflação para a meta em 2022, “a chance de isso ocorrer é mínima”.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu hoje que as expectativas de inflação para 2021 subiram bastante e o quadro pode piorar com o reajuste dos preços da gasolina. Hoje a Petrobras anunciou aumentos tanto para o combustível quanto para o gás de cozinha. “Tivemos muitas revisões de projeções de IPCA que podem estar criando inércia”, afirmou.

Enfatizou ainda que a disposição da autoridade monetária em não reagir a indicadores de curto prazo é “simétrica”. “Não reagiremos aos indicadores de curto prazo, a não ser que haja algo muito surpreendente”, disse, em participação em evento do Itaú BBA. No último dia 14, logo depois da divulgação do IPCA de agosto acima do esperado e uma semana antes do Copom, Campos Neto havia indicado que o BC não mudaria seu plano de voo a partir de dados de alta frequência.

Os vencimentos mais longos da curva inicialmente acompanharam a reação dos Treasuries e do dólar ao payroll abaixo do esperado. A taxa da T-Note de 10 anos renovou mínimas após o relatório de emprego nos EUA. Mais tarde, o movimento se dissipou e o yield do papel passou a subir para a casa de 1,6%, mas os juros aqui se descolaram, continuando, no entanto, alinhados ao dólar que teve um dia de perdas ante moedas emergentes.

Ainda, o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, acredita que o “whatever it takes” do BC para colocar a inflação na meta de 2022 pode estar levando os agentes a retirarem excessos de prêmio na ponta mais longa. “Está claro que o País vai crescer muito pouco no ano que vem”, destacou, acrescentando que as altas programadas de 1 ponto na Selic “não são pouca coisa”. (Denise Abarca – [email protected])

17:33

Operação   Último

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 6.48

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 6.15

Over Selic (%a.a) 6.15

CÂMBIO

Após uma manhã marcada por certa volatilidade, com troca de sinais em resposta à divulgação do relatório de emprego (payroll) nos EUA e do IPCA de setembro (ambos abaixo do esperado), o dólar se acomodou ao longo da tarde, operando ao redor da estabilidade, com investidores preferindo não assumir novas posições.

Com mínima a R$ 5,4793 e máxima a R$ 5,5321, a moeda americana encerrou a sessão desta sexta-feira (8) cotada a R$ 5,5161 (-0,02%). Praticamente no zero a zero hoje, o dólar fecha a semana em alta de 2,74% e acumula uma valorização de 1,28% em setembro. Na B3, o dólar futuro para novembro recuava 0,09%, a R$ 5,5330, com giro na casa de US$ 13 bilhões.

Segundo operadores, depois de uma arrancada nos últimos dias, com o dólar voltando a ser negociado acima de R$ 5,50 pela primeira vez desde fins de abril, era esperada uma acomodação da taxa de câmbio. Contribuiu para o pouco apetite dos negócios o feriado prolongado de Nossa Senhora Aparecida, com provável liquidez reduzida na segunda-feira (11) e paralisação dos negócios na terça-feira (12).

A janela para essa acomodação foi aberta por surpresa positiva com o IPCA de setembro e o payroll abaixo do esperado nos EUA, que tirou um pouco do fôlego do dólar no exterior, ao dar sustentação à tese de que o Federal Reserve, embora possa iniciar o tapering em novembro, será bem cuidadoso na condução da política monetária

O payroll mostrou criação de 194 mil vagas de trabalho em setembro, bem abaixo do esperado (500 mil). Em contraponto, a taxa de desemprego caiu para 4,8% (expectativa de 5,1%) e o salário médio subiu 4,58% na comparação anual, ligeiramente acima do previsto (4,60%). Vale destacar que o resultado de agosto foi revisado para cima, de 235 mil para 366 mil.

O sócio e economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, afirma que, dada a queda da taxa de desemprego e a alta dos salários nos EUA, o Federal Reserve têm condições de iniciar o tapering em novembro, embora em ritmo moderado. O DXY – que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes – teve leve recuo hoje, embora se sustente acima dos 94 pontos. Em relação às divisa emergentes, o real e o rand sul-africano foram os destaques, terminando praticamente estáveis, enquanto a lira turca e o peso chileno caíram mais de 1%.

Apesar do respiro hoje, o economista da JF Trust vê a taxa de câmbio ainda pressionada nos próximos dias, em meio ao andamento das pautas fiscais no Congresso, que trazem tentativas de exclusão de gastos da regra do teto, e também pelo cenário monetário internacional. “Nada mudou no fiscal. A PEC dos precatórios foi adiada, há o risco de descumprimento do teto e resistência a votação do projeto do Imposto de Renda, ou seja, teremos mais gastos com o Auxílio Brasil, mas sem financiamento”, afirma

Do front interno, contribuiu para a moderação da força do dólar hoje a leitura do IPCA de setembro, com alta de 1,16%, abaixo da mediana esperada pelo mercado (1,25%). No ano, o IPCA já acumula alta de 6,90%. Em 12 meses, bateu em dois dígitos (10,25%). A deterioração das expectativas de inflação e de crescimento econômico são apontadas por analistas como um dos fatores que tiram força da moeda brasileira.

Em evento virtual organizado pelo Itau BBA, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a antecipação da oferta de swaps cambiais extras para atender a demanda dos bancos por desmontagem de overhedge (estimada em US$ 17,4 bilhões) não afetou o mercado, pois já era esperada. Campos Neto disse também que dados da autoridade monetária não mostram que exportadores estariam deixando grande volume de recursos no exterior. “Falam em montantes US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões de receitas de exportação ficando lá fora, mas não vemos isso”, afirmou.

Nas mesas de operação, são constantes os comentários de que parte do fôlego curto do real se deve ao fato de o exportador não internalizar recursos, a despeito do aumento da taxa básica de juros Selic (atualmente em 6,25%), que eleva o custo de oportunidade de manutenção de recursos em dólares.

O diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior, comenta que, do ponto de vista gráfico, o dólar encontra certa resistência em sua escalada a novos patamares, embora isso não signifique que não continuará subindo. “Uma volta para a região próxima de R$ 5,40 é possível, mas é pouco provável que caia a R$ 5,30. Para isso acontecer seria preciso uma boa queda do DXY e uma melhora do ambiente interno”, diz Junior, ressaltando que ainda há grande indefinição nas votações no Congresso de pautas essenciais para a manutenção do teto de gastos. (Antonio Perez – [email protected])

17:34

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.51610 -0.0236 5.53210 5.47930

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5532.500 -0.09931 5549.500 5493.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5552.795 24/09

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os dados mistos do relatório de empregos dos Estados Unidos (payroll) concentraram atenções, com operadores avaliando como o dado será incorporado na próxima decisão de política monetária do Federal Reserve, no início de novembro. Apesar da falta de fôlego desta sexta-feira, com fechamento em baixa, as bolsas de Nova York acumularam avanços na semana. O dólar recuou hoje ante moedas rivais, enquanto os juros longos dos Treasuries subiram, indicando menor busca por ativos considerados seguros e com muitos analistas apostando que o payroll consolida apostas de redução nas compras de bônus do Fed ainda neste ano. O petróleo, por sua vez, teve alta, com a crise energética global no radar. Ainda no noticiário, em uma decisão considerada histórica, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) anunciou um acordo entre 136 países pela cobrança de um imposto mínimo global corporativo de 15%, a partir de 2023.

O payroll mostrou criação de 194 mil postos de trabalho em setembro nos EUA, bastante abaixo da mediana de 500 mil traçada por analistas consultados pelo <b>Projeções Broadcast</b>. O dado decepcionante veio, no entanto, acompanhado de uma revisão de 169 mil postos no mês anterior, queda na taxa de desemprego e avanço salarial mais forte. Em relatório, analistas do Goldman Sachs atribuem os resultados aos impactos causados pela onda da cepa delta do coronavírus e dizem esperar que não haja reflexo sobre o anúncio do Fed para a retirada de estímulos da economia, na reunião monetária de novembro, na previsão do banco.

A Stifel projeta a mesma data para o anúncio do tapering, uma vez que a baixa taxa de desemprego sinaliza que o “progresso substancial”, exigido pelo Fed, parece ter sido alcançado. “A irregularidade nos dados, no entanto, sem dúvida fará com que alguns dos membros mais dovish pressionem por um atraso no anúncio do tapering para mais perto do final do ano ou ainda depois”, afirmam os economistas. A companhia pontua que, neste momento da recuperação econômica, a expectativa era de que o retorno das crianças à escola e o fim do bônus de auxílio-desemprego impulsionassem as contratações. O relatório de hoje, porém, é um lembrete de que será preciso tempo para reintegrar milhões de pessoas à força de trabalho, pontuam os analistas.

Como mostrado em reportagem publicada hoje no Broadcast às 16h35, no geral, bancos e economistas mantêm a previsão de que o anúncio do tapering se dará no próximo mês.

Já o Wells Fargo destaca que o desempenho frustrante do mercado de trabalho evidencia os desafios que os EUA enfrentam no lado da oferta, uma vez que há escassez de mão de obra e falta generalizada de insumos e produtos acabados. Em nota, o banco pontua, entretanto, que a extensão do teto da dívida até o início de dezembro, aprovada ontem pelo Senado, remove uma “nuvem de tempestade” que paira sobre a economia americana e pode abrir caminho para ganhos mais fortes nos próximos meses. Conforme reportagem especial publicada hoje às 16h03, analistas observam que a solução é apenas temporária e o problema do teto da dívida segue nebuloso. No fim do ano, o Congresso americano pode ter de evitar um <i>shutdown</i> e negociar uma nova elevação para o limite da dívida.

No fechamento, o Dow Jones caiu 0,03%, a 34.746,25, o S&P 500 recuou 0,19%, a 4.391,34, e o Nasdaq teve baixa de 0,51%, a 14.579,54. Na semana, os índices subiram 1,22%, 0,79% e 0,09%, respectivamente. No fim da tarde em Nova York, a T-note de 2 anos caía a 0,305%, a de 10 anos avançava a 1,602% e o T-bond de 30 anos tinha alta a 2,159%.

Na próxima quarta-feira, operadores devem acompanhar a divulgação da ata do Fed e o resultado de inflação ao consumidor americano.

Analista da Western Union, Joe Manimbo diz que o dólar pode desfrutar de uma recuperação, caso o tapering de fato seja anunciado em novembro. Por outro lado, caso haja alguma surpresa e o mercado se decepcione, os ganhos do dólar estariam em risco. Hoje, o índice DXY, que mede a divisa americana ante seis rivais, fechou em queda de 0,16%, a 94,067 pontos.

Fortalecidos pela queda do dólar, que tende a diminuir os preços das commodities para detentores de outras moedas, os contratos futuros do petróleo avançaram. O WTI para novembro subiu 1,34% (US$ 1,05), a US$ 79,35 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para dezembro avançou 0,54% (US$ 0,44), a US$ 82,39 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na comparação semanal, o WTI subiu 4,57% e o Brent, 3,92%. A crise energética também segue no radar pelo impacto na demanda pelo óleo.

No cenário internacional, a OCDE anunciou um acordo sem precedentes, que contará com 136 países para a cobrança de um imposto corporativo mínimo de 15%. Em vigor a partir de 2023, a realocação deve ser de mais de US$ 125 bilhões em lucros de cerca das 100 maiores e mais lucrativas companhias do planeta. (Ilana Cardial – [email protected])