O presidente do Fed, Jerome Powell, se sobrepôs aos demais eventos monitorados pelo mercado nesta terça-feira, incluindo notícias sobre a variante ômicron e a aprovação da PEC dos Precatórios na CCJ do Senado. Isso porque, no momento em que crescem as incertezas sobre o efeito da nova cepa de covid-19 na atividade após o executivo da Moderna dizer que as atuais vacinas podem não dar conta do recado, Powell subiu o tom, no início da tarde, em relação à política monetária. Segundo ele, a inflação persistentemente alta nos EUA é compatível com o fim antecipado do tapering. Ou seja, até ao contrário do que os investidores esperavam, pode haver um corte mais pronunciado dos estímulos à maior economia do mundo no momento em que crescem os riscos e incertezas quanto à atividade. E como isso significa liquidez menor, os investidores buscam alocar os recursos que ainda têm em ativos mais seguros. Resultado: bolsas, moedas emergentes e commodities em queda. Em Wall Street, os principais índices acionários caíram entre 1,50% e 2%, em meio ao recuo de mais de 5% do petróleo. O Ibovespa não conseguiu escapar dessa espiral negativa e quase perdeu o nível de 100 mil pontos no pior momento do dia. Depois, até recobrou um pouco de terreno, com a PEC dos Precatórios e a possibilidade de votação ainda hoje no plenário do Senado. Ainda assim, encerrou com baixa de 0,87%, aos 101.915,45 pontos, garantindo o quinto recuo mensal do principal índice à vista de ações, desta vez de 1,53%, ampliando as perdas no ano para 14,37%. O dólar ante o real chegou a bater em R$ 5,67 após as palavras de Powell, mas, assim como a Bolsa, teve o movimento suavizado pela expectativa de que haja fim às incertezas sobre o quadro fiscal de 2022. Tanto que, no mês, acumulou leve baixa de 0,19%. Na renda fixa, houve a exceção: os juros futuros também chegaram a disparar após Powell, mas o andamento da questão envolvendo as contas públicas e a variante ômicron, vista sob o viés desinflacionário pelo mercado, garantiu pequena baixa às taxas curtas e um recuo mais expressivo às longas – acentuado na sessão estendida. Até porque, vale notar, declarações do diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, foram lidas como conservadoras, o que impediu um desempenho mais favorável da ponta curta.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
As declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, durante audiência no Senado dos Estados Unidos hoje colocaram ainda mais pressão nos ativos de risco, em um mercado que já operava com cautela em virtude das informações sobre a variante ômicron do coronavírus. Powell afirmou que “talvez seja adequado” antecipar o encerramento do tapering, diante do risco inflacionário. As bolsas de Nova York fecharam em queda de mais de 1%, enquanto os rendimentos dos Treasuries e o dólar operaram sem sinal único, apesar de ganharem algum impulso após as falas de Powell. O petróleo tombou mais de 5%, com investidores considerando as possibilidades de maiores restrição de mobilidade devido ao recrudescimento da pandemia.
Perante o Senado, questionado sobre o teste de três passos para elevar juros – atingir máximo emprego, ter inflação acima de 2% e uma perspectiva melhor para inflação -, Powell disse acreditar que os critérios foram alcançados. Sobre o impacto da variante ômicron, Powell avalia que não deve ser “remotamente próximo” do visto em 2020, quando houve lockdowns.
Após o discurso, a Capital Economics avaliou que se os formuladores de políticas continuarem firmes no aperto monetário, há possibilidade do dólar ganhar mais força nas próximas semanas. Como a consultoria já havia mencionado, embora a variante ômicron seja um novo risco significativo para a recuperação global, cada nova onda da pandemia teve um impacto econômico menor do que a anterior. Portanto, reforça que outro choque econômico na escala do primeiro semestre de 2020 parece improvável. “De fato, após os comentários de Powell, as expectativas das taxas de juros de curto prazo nos EUA já reverteram cerca de metade de sua queda desde a última quinta-feira, enquanto os ativos de risco caíram ainda mais e o dólar se recuperou”, informou em relatório.
Após as falas de Powell, o retorno da T-note de 2 anos passou a subir, e operava a 0,547% no fim da tarde. Mas os rendimentos não tiveram sinal único, e o juro o da T-note de 10 anos recuava a 1,438% e o do T-bond de 30 anos baixava a 1,787%. As ações ampliaram sua perdas, sendo que já estavam pressionada após o CEO da Moderna, Stéphane Bancel, falar em entrevista ao Financial Times, que os imunizantes provavelmente são menos eficientes na prevenção da ômicron. Além disso, ressaltou que as farmacêuticas devem demorar alguns meses para atualizá-los. Os papéis da farmacêutica recuaram 4,36%. Aéreas seguiram ampliando perdas dos últimos dias, e a American Airlines caiu 0,28%. O Dow Jones teve queda de 1,86%, o S&P 500 recuou 1,90% e o Nasdaq teve baixa de 1,55%. Na Europa, o DAX caiu 1,18%, em Frankfurt, e o Ibex 35 recuou 1,78%, em Madri.
O impacto foi forte para o petróleo, com os barris “sofrendo sua maior perda mensal desde março de 2020, ou seja, quando a pandemia do coronavírus teve início”, diz o Commerzbank. Em novembro, o contrato mais líquido do WTI acumulou perda de 20,80%, enquanto do Brent diminuiu 17,30%. Para o TD Securities, a reação do mercado não é exagerada. Isso porque a transmissibilidade da ômicron está mais relacionada às restrições de mobilidade do que a gravidade da doença, diz o banco. “Ainda é preciso ver se mais lockdowns se espalharão pelo globo, mas a probabilidade desses eventos aumentou”, dizem analistas. O WTI para janeiro fechou em queda de 5,39% (US$ 3,77), a US$ 66,18 o barril, e o Brent para fevereiro caiu 5,45% (US$ 3,99), a US$ 69,23 o barril. Durante a sessão, o WTI chegou a operar abaixo de US$ 65 por barril pela primeira vez desde agosto.
De olho na inflação, que na zona do euro deve ter atingido o pico em novembro, segundo o Commerzbank, o dólar recuou ante a moeda comum. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da região subiu 4,9% na comparação anual deste mês, o ritmo mais rápido desde 1991. No fim da tarde, o euro subia a US$ 1,1336, ajudando a pressionar o DXY, que mede a moeda americana ante seis moedas, e fechou em baixa de 0,36%. Entre emergentes, o destaque mais uma vez foi a lira turca, que renovou mínimas históricas ante o dólar e passou da cotação simbólica de 13 liras. Em entrevista, Recep Tayipp Erdogan voltou a defender sua política econômica e disse que não irá elevar juros. (Matheus Andrade – [email protected])
Volta
BOLSA
Nem mesmo a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios em seu primeiro desafio no Senado, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), foi suficiente para segurar o mau humor que imperou na bolsa brasileira hoje. A perspectiva de que os Estados Unidos acelerem a retirada de estímulos, o tapering, após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reconhecer que a inflação deve seguir elevada até o meio do ano que vem, se uniu às incertezas dos últimos dias pela ameaça da nova variante da covid-19, ômicron, e levou o Ibovespa ao pior nível de fechamento desde 6 de novembro do ano passado (100.925,11 pontos)
Após operar boa parte da tarde no patamar dos 100 mil pontos, o índice fechou cotado em 101.915,45 pontos, queda de 0,87%. O resultado de hoje consolidou o quinto recuo mensal seguido do principal índice da bolsa brasileira, de 1,53%. Uma queda tão extensa não é vista desde 2013. Em 2021, o índice acumula perda de 14,37%.
Pela manhã, o Ibovespa chegou operar no positivo, quando tocou a máxima do dia, aos 103.066,44 e alta de 0,25%. No entanto, entrevista do CEO da farmacêutica Moderna, Stéphane Bancel, prevendo que as vacinas existentes serão muito menos eficazes no combate à nova cepa de coronavírus do que as anteriores, começou a azedar o humor ainda na primeira etapa dos negócios.
No início da tarde, as declarações do presidente do Fed selaram o tom do que seria o restante da sessão. Após Powell reconhecer ao Comitê Bancário do Senado que a inflação dos Estados Unidos deve ficar elevada até meados do ano que vem e que “talvez seja adequado” encerrar o tapering, como é conhecido o processo de redução do volume de compra de títulos, alguns meses antes, o Ibovespa perdeu, em 10 minutos, o patamar dos 102 mil pontos e, rapidamente, dos 101 mil. Na mínima do dia, chegou a 100.074,61 (-2,6%). O movimento acompanhou a derrocada das bolsas americanas, com os principais índices em Nova York caindo acima de 1,5%. O Dow Jones fechou o dia em queda de 1,86%.
“Quando o Powell abriu a boca, a bolsa degringolou. Ele sempre teve esse discurso de que inflação é passageira, que é transitória, que não é para se preocupar. E hoje ele virou o lado e confirmou que traz preocupação essa inflação mais persistente e o resultado foi claro”, destacou Helder Wakabayahi, analista de investimentos da Toro, completando: “A gente vê um possível aumento de juros nos EUA, o pessoal vai tentar buscar investimento de menos risco, o que impacta a gente demais, sai capital daqui”.
Após as declarações de Powell, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, completou ainda que, embora as últimas projeções mostrem que a inflação está desacelerando para mais perto da meta de 2% no próximo ano, há razões para temer que ela possa ser mais persistente do que o esperado.
Os ativos chegaram a ter uma leve melhora no meio da tarde – que não se sustentou -, quando o relatório do senador Fernando Bezerra para a PEC dos Precatórios foi aprovado na CCJ. O ânimo voltou a melhorar, com o índice recuperando os 101 mil pontos, quando Bezerra afirmou que o governo teria votos para aprovar a PEC no plenário do Senado ainda hoje. O mercado monitora, contudo, quais serão as mudanças negociadas no texto para que o Palácio do Planalto consiga maioria para aprovar a proposta.
O texto muda a regra do teto de gastos e abre R$ 106,1 milhões no Orçamento, manobra feita sobretudo para comportar o Auxílio Brasil estendido desejado pelo presidente Jair Bolsonaro. Apesar de complicar ainda mais a confiança nas contas públicas, o entendimento é de que qualquer outra solução à essa altura só traria mais incertezas e, possivelmente, ainda mais estragos à confiança do investidor.
O sócio da Finacap Investimentos, Alexandre Brito, pontua que, apesar de as incertezas externas em relação a uma nova onda de covid-19 e à nova variante, ao efeito da inflação e da normalização monetária no crescimento global pesarem nas bolsas ao redor do mundo e, sobretudo, em emergentes, o índice brasileiro tem sofrido com mais intensidade pela ameaça política aos fundamentos fiscais do país. Segundo ele, isso responderia por boa parte da derrocada dos últimos cinco meses.
“O Brasil foi o país que mais sofreu, se pegar os mercados emergentes, a bolsa brasileira em dólar, a nossa moeda se desvalorizou muito em relação às demais, foi realmente a grande questão aguda. A gente sofreu bem mais do que os demais”, disse. Em dólar, o Ibovespa encerrou novembro em 18.084 pontos.
Para dezembro, a expectativa dos analistas não é boa. Com o ciclo de alta de juros para conter a inflação, a migração de investidores da bolsa para a renda fixa deve continuar ocorrendo. “Não estou animado. Se for algo bom, é aprovar essa PEC (dos precatórios), mas não sei se vai dar tempo. Se aprovar pode dar uma segurada de preços”, pontuou Wakabayahi, da Toro. O Ibovespa para dezembro caía 0,82% às 18h22, aos 102.465 pontos. (Bárbara Nascimento – [email protected])
18:26
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 102445 -0.84208
Máxima 103385 +0.07
Mínima 100390 -2.83
CÂMBIO
Depois deu uma manhã predominantemente em queda, em meio à disputa pela formação da última taxa Ptax de novembro, o dólar ganhou força ao longo da tarde, chegando, nos piores momentos, a tocar na casa de R$ 5,67. A troca de sinal se deu durante uma arrancada momentânea do índice DXY – que mede o desempenho moeda americana frente a seus pares fortes -, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dar a entender que o surgimento da variante ômicron não muda o plano de voo do BC americano. Ou seja, pode haver aceleração no ritmo de redução de estímulos monetários (tapering) e antecipação da alta de juros para o primeiro semestre de 2022.
Com o retorno do índice DXY para terreno negativo, o dólar desacelerou o ritmo de alta, mas seguiu com sinal positivo, orbitando os R$ 5,65. Lá fora, a moeda cedia contra os principais pares do real, como o peso mexicano e o rand sul-africano. A aprovação da PEC dos Precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e a perspectiva de votação da proposta no plenário da Casa ainda hoje tiraram um pouco da pressão sobre a taxa de câmbio, mas não o suficiente para sustentar um movimento de apreciação do real.
Segundo operadores, o azedume da Bolsa, que perdeu pontualmente o patamar dos 101 mil pontos, acompanhando os índices em Nova York, e fatores técnicos, como a rolagem das posições futuras típicas de fim de mês, prejudicaram a moeda brasileira. Com isso, o dólar à vista terminou o dia em queda alta de 0,46%, a R$ 5,6355, acumulando valorização de 0,71% na semana. Mesmo assim, a moeda americana encerra novembro em queda de 0,19%, interrompendo uma sequência de dois meses de valorização expressiva (3,67% em outubro e 5,30% em setembro).
Vale ressaltar que o real se destacou em relação a seus pares, já que o dólar subiu mais de 4% em relação ao peso mexicano e ao rand sul-africano no mês. Novembro também foi marcado por uma alta de mais de 2% do índice DXY.
O diretor de estratégia da Inversa Publicações, Rodrigo Natali, afirma que a formação da taxa de câmbio hoje foi contaminada por movimentos técnicos típicos de fim de mês, o que impede uma avaliação mais assertiva dos impactos do noticiário externo e interno sobre a dinâmica do dólar. “Muitos fundos tiveram um mês horrível e estão tentando fazer ajustes. Em dois ou três dias, esse movimento técnico vai ser normalizar”, diz.
Natali destaca que o mercado foi pego no contrapé na sexta-feira passada, tendo que absorver a informação da descoberta da ômicron em dia de liquidez reduzida. Após a recuperação parcial dos ativos ontem, hoje o humor voltou a piorar no exterior. “Grosso modo, os ativos domésticos vêm se comportando bem. A bolsa está caindo em linha com Nova York e o dólar subindo um pouco. Há um mês, um movimento de estresse lá fora desse tamanho teria levado o dólar a subir mais de 2%”, diz Natali, ressaltando que o real teve um bom desempenho em novembro, tendo se apreciado em relação a outras moedas, como o euro, em mês marcado por forte apreciação do dólar no exterior.
Pela manhã, ecoou negativamente a fala do CEO da Moderna, Stéphane Bancel, de que as vacinas atualmente existentes devem ter eficácia reduzida na prevenção da variante ômicron. Já o conselheiro da Casa Branca para infectologia, Anthony Fauci, afirmou hoje que, ainda que a nova variante possa ter uma capacidade maior de escapar das vacinas contra a covid-19, os imunizantes devem seguir reduzindo quadros graves da doença.
Powell disse que o impacto da ômicron sobre a economia não deve ser “remotamente próximo” do observado em 2020, quando houve lockdowns. O presidente do BC disse que a nova variante é um risco, mas que não integra as projeções do Fed. E afirmou que “talvez seja adequado” encerrar o tapering, como é conhecimento o processo de redução de compra mensal de títulos, alguns meses antes, tendo em vista os níveis elevados de inflação. “Usaremos nossas ferramentas para que a inflação não fique enraizada”, afirmou.
O economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, observa que o mercado esperava que Powell, diante do surgimento da nova variante do coronavírus, trouxesse um discurso dovish, descartando a possibilidade tanto de uma aceleração do tapering quanto de uma antecipação da alta de juros nos EUA. “Era isso que o mercado tinha posto no preço com a ômicron. Mas o discurso de Powell foi bem duro e a reação foi imediata, com um movimento de risk-off”, afirma Miraglia. “Temos que acompanhar o impacto dessa variante na economia. Pode criar choque de oferta, que é responsável pela inflação. Mas os preços das commodities caem, o que pode ajudar”.
Na B3, às 18h10, o dólar futuro para janeiro era negociado a R$ 5,6585, em alta de 0,32%, com volume negociado de US$ 18,5 bilhões. (Antonio Perez – [email protected])
18:26
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.63550 0.4599 5.67020 5.57880
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5620.500 0.27654 5624.500 5587.000
DOLAR COMERCIAL 5648.000 0.13297 5707.000 5615.500
JUROS
A inclinação negativa da curva de juros continuou se ampliando nesta última sessão de novembro, com as taxas curtas fechando com viés de baixa e as longas em queda firme. O mercado voltou a olhar os possíveis impactos da variante Ômicron sobre a atividade pelo lado desinflacionário e, além disso, a aprovação do relatório do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) sobre a PEC dos precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado trouxe alívio nos prêmios – amplamente acentuado na sessão estendida após sinalizações de que o plenário pode votar o texto hoje. Por outro lado, declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, foram lidas como conservadoras e seguraram um desempenho mais favorável da ponta curta. As taxas chegaram a piorar em bloco com o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre inflação e tapering, no começo da tarde, mas a reação se dissipou ao longo da segunda etapa.
A taxa dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,87% (regular) e 11,78% (estendida), de 11,896% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,595% para 11,49% (regular) e 11,40% (estendida). O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 11,38% (regular) e 11,31% (estendida), de 11,573%. Considerando os preços da etapa regular, o spread entre os contratos para janeiro de 2027 e janeiro de 2023, que no fim de outubro era de 13 pontos-base, encerrou novembro em -49 pontos, inversão que reflete sobretudo o aumento das apostas ao longo do mês num ciclo mais agressivo da Selic.
O desenho da curva se alterou várias vezes ao longo da terça-feira, com o mercado operando com um olho no exterior e outro nos eventos domésticos. Lá fora, a percepção de que a nova cepa do coronavírus tem potencial para resgatar lockdowns e medidas de isolamento pelo mundo voltou a prevalecer ao fato de que, aparentemente, é menos letal. A CEO da Moderna, Stephane Bancel, cogitou que as vacinas existentes podem ser menos efetivas contra a Ômicron e que pode levar meses até que um imunizante específico seja desenvolvido e distribuído. O temor sobre o impacto na demanda derrubou em quase 6% os preços do petróleo, variável essa que tem sido um dos tormentos para a inflação no Brasil.
“O mercado voltou hoje a ficar receoso com a nova variante, mas por outro lado a fala do Kanczuk continua do lado mais ‘hawkish’ e, por isso os longos caem mais”, disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi. Ele ressalta que o impacto da Ômicron nos países desenvolvidos é ambíguo, mas acredita que será desinflacionário. “É mais provável, mas não certo, porque podemos ter choque de ofertas”, disse.
No Brasil, o cenário pode ser ainda mais ambíguo, na medida em que uma queda na demanda pelas commodities traria desinflação, mas também piora nos termos de troca. Essa falta de clareza, somada ainda às perspectivas para o quadro fiscal, dificulta os prognósticos para o futuro da Selic, com os players sem saber até que ponto as apostas estão mesmo exageradas.
Fabio Kanczuk, em videoconferência do JPMorgan, disse hoje que a autoridade monetária tem “todas as possibilidades de combinação” para atuar. Segundo ele, há uma avaliação de que, a menos que se faça a ancoragem das expectativas da inflação, nada tem condições de avançar na política monetária. O diretor salientou, porém, que os custos são muito altos não só para períodos mais próximos como também para o longo prazo. “Entendemos que a questão é mais fiscal do que monetária, mas isso não interessa e temos de fazer as expectativas (para a inflação) baixarem”, afirmou.
Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust, diz que quando o diretor sinaliza que a mudança das expectativas de inflação é muito importante para o Bacen somente corrobora o que os modelos apontam. “A contribuição do diferencial das previsões do IPCA (ante à meta) tem uma contribuição mais elevada para ajustar os juros do que propriamente o hiato do crescimento”, comentou.
Ao menos um sinal positivo do lado fiscal veio da PEC dos Precatórios, que passou na CCJ, levando as taxas longas às mínimas na última hora de negócios. Os integrantes do colegiado rejeitaram os destaques apresentados. O parecer foi aprovado por 16 a 10, o que também agradou aos investidores, que esperavam um placar mais apertado e trouxe melhora na perspectiva para a votação em plenário. Segundo o relator Fernando Bezerra, o governo tem votos para aprovar o texto no plenário. Ele não descartou que a votação possa ocorrer ainda hoje. “Passando como está, há um alívio de curto prazo, no sentido de que mais uma etapa ficou para trás”, disse Caramaschi.
Do ponto de vista técnico, o Tesouro contribuiu para tirar pressão da curva ao ofertar um lote bem menor de NTN-B no leilão de hoje, de 850 mil títulos, contra 1,450 milhão na semana passada e 1,8 milhão na operação há duas semanas. Mas não vendeu tudo (694.200). Segundo a Renascença DTVM, o risco da operação (DV01) foi de US$ 290,5 mil, contra US$ 540,6 mil no leilão da semana passada.
A agenda do dia foi carregada com dados do setor público e desemprego na Pnad Contínua surpreendendo positivamente e o saldo do Caged abaixo da mediana, mas sem influenciar os negócios. (Denise Abarca, colaborou Mateus Fagundes – [email protected])
18:25
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 8.75
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 7.65
Over Selic (%a.a) 7.65