A onda global de aversão à tomada de risco impôs, aos ativos domésticos, sensíveis perdas neste começo de semana. Do exterior, muitos fatores corroboraram para que os investidores optassem por posições conservadoras. Primeiro, o impasse político nos Estados Unidos em torno da elevação do teto da dívida, com democratas e republicanos no Senado ainda longe de um consenso. De lá, pesa ainda o recuo forte de papéis de tecnologia, em especial do Facebook, em dia de queda dos serviços do grupo (além da rede social, os aplicativos WhatsApp e Instagram). Mas o segmento tech é ainda penalizado pela alta dos juros dos Treasuries, que subiram na esteira das implicações inflacionárias do salto do petróleo. A commodity recebeu impulso da deliberação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) em manter o acordo em vigor de aumento da oferta, mas de maneira gradual e controlada pelos fornecedores. Desta forma, o WTI voltou ao nível de dezembro de 2014 e o Brent retomou a marca de US$ 81 por barril. Ainda na cena externa, a suspensão temporária das negociações de ações da incorporadora Evergrande em Hong Kong incomodou os agentes. No Brasil, o noticiário do fim de semana exerceu pressão até no fim da sessão. A inclusão de jabutis na Medida Provisória (MP) da crise hídrica tende a aumentar a pressão inflacionária, que sofre ainda com a subida dos combustíveis internacionalmente. Destaque, nesta tarde, para declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterando que a Selic vai atingir o nível que for necessário para convergir as expectativas e que, no atual ritmo de ajuste monetário, a inflação chegará a meta. O "caso Pandora Papers", mostrando que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o próprio Campos Neto mantiveram empresas em paraísos fiscais, não fez preço diretamente, mas alimentou o desconforto de pano de fundo. O mercado aguarda ainda definições na seara fiscal, envolvendo a solução para os precatórios, a reforma do Imposto de Renda e o 'novo' Bolsa Família. Nessa toada, nos juros, tal qual na renda fixa americana, o dia foi de abertura da curva. E o dólar subiu a R$ 5,4465, maior nível desde 27 de abril, ao passo que o Ibovespa desceu aos 110.393,09 pontos (-2,22%).
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