Em dia positivo de recorde em Nova York, os ativos brasileiros voltaram a se ressentir de problemas domésticos e a se descolar dos pares. Uma dessas questões, que apareceu do meio para o fim da tarde, foi a volta do auxílio emergencial. O mercado vinha colocando no preço a sinalização do próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a eventual continuidade do benefício seria atrelada à entrada em vigor de PECs que estão no Congresso, sobretudo a Emergencial. Mas parece que não é bem assim. O novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse nesta tarde que não é possível condicionar o auxílio a aprovação de PECs, pois uma "necessidade emergencial não pode esperar". A declaração chegou a zerar a queda do dólar ante o real, que depois de bater em R$ 5,30 no início da tarde, terminou com pequeno recuo de 0,21% no mercado à vista, a R$ 5,3726. No mercado futuro, a moeda, inclusive, chegou a subir após a declaração. Na curva de juros futuros, bastante sensível às questões fiscais, a inclinação, que já vinha ocorrendo ao longo do dia, ganhou ainda mais corpo após as palavras de Pacheco, que defendeu uma "solução" ainda esta semana para o auxílio. Ao mesmo tempo, os investidores guardam certa cautela antes do IPCA de janeiro, a ser conhecido amanhã. Esse revés na percepção sobre o risco fiscal fez o Ibovespa aprofundar a baixa e quase perder os 119 mil pontos. Mas o mercado acionário doméstico já vinha negativo, na contramão de Nova York, pressionado por outra incerteza que, vez ou outra, aparece nos negócios: a ingerência sobre a Petrobras. A estatal petroleira confirmou na sexta que havia alterado, em junho do ano passado e sem informar ao mercado, a periodicidade da aferição da aderência entre o preço doméstico e o internacional, de trimestral para anual. Governo e estatal negam ingerência, mas o ruído desagradou e as ações da Petrobras foram destaque de baixa ao longo do pregão, na B3 em Nova York. Nem mesmo a alta firme de petróleo no mercado internacional e o aumento nos preços do diesel e da gasolina, anunciados pela empresa hoje, conseguiram reverter o mau humor com o papel. Nesse ambiente, o Ibovespa cedeu 0,45%, aos 119.696,36 pontos. Em Wall Street, os principais índices acionários subiram e renovaram recordes, com os agentes de olho no avanço do pacote fiscal do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no Congresso.
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