Influenciado pelo exterior majoritariamente negativo à tarde, após o Fed indicar que a maioria dos seus dirigentes defende a redução do tapering ainda neste ano, o investidor encontrou no conturbado ambiente político e fiscal brasileiro razões para promover uma nova rodada de piora nos ativos. A sessão foi volátil, mas o fim foi o mesmo: a Bolsa perdeu mais um nível, o dólar disparou quase 10 centavos e a curva de juros embicou um tanto mais, com os vencimentos longos agregando mais de 20 pontos em prêmios. De efetivo, além da sinalização do banco central americano, não houve muita coisa ao longo do dia, mas a leitura sobre o quadro macroeconômico do Brasil vai se deteriorando rapidamente, a ponto de os agentes começarem a cogitar o rebaixamento da nota de crédito do País. A visão é de que a reforma do IR, que já encontrava resistência e teve a votação adiada novamente ontem, se transformou em algo ainda pior com tantos remendos. Ao mesmo tempo, há sinais de deterioração fiscal quando se fala em PEC do Precatórios, aumento do Bolsa Família e, sobretudo, eventuais soluções para driblar o teto de gastos. Soma-se a isso as tensões políticas e a piora na avaliação do governo, que agrega o temor de desencadear medidas populistas com a proximidade do ano eleitoral. Resultado: fuga do Brasil ou mais prêmio de risco. Nesse ambiente, o dólar teve valorização de 1,99% ante o real, a R$ 5,3749 no mercado à vista - maior valor desde maio. Nos juros futuros, além da precificação majoritária de aperto mais intenso da Selic, ao ritmo de 1,25 ponto, o vencimento de DI para janeiro de 2029 já opera acima de 10,5%. E o Ibovespa, depois de oscilar no território positivo em meio ao vencimento de opções e tentar recompor os mais de 3 mil pontos perdidos no começo da semana, cedeu 1,07%, aos 116.642,62 pontos. O recuo foi, aliás, em linha com o dos pares em Wall Street, dos quais chegou a se descolar em determinado momento do dia. Mas também por lá houve piora adicional no fim dos negócios, com o Dow Jones e o S&P 500 perdendo pouco mais de 1%, diante de preocupações com os impactos da variante delta, além do Fed. Ainda assim, enquanto os índices acionários americanos têm ganhos importantes no ano, na casa dos dois dígitos, a Bolsa brasileira perde, agora, 2%.
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