ATIVOS LOCAIS SE DESCOLAM DE GANHOS EXTERNOS DEVIDO À CAUTELA COM FISCAL E INFLAÇÃO

Se o clima externo foi de quase euforia com balanços positivos e inflação ao produtor comportada nos EUA, aqui os mercados sofreram com a desconfiança em relação às contas públicas e também com o comportamento dos preços. Notícias de que o governo avalia soluções que podem custar caro e comprometer a credibilidade do teto de gastos voltaram a circular nas mesas de negócios. E o resultado costuma ser sempre o mesmo: dólar e juros em alta, com queda na Bolsa. Até porque, tais movimentações e hipóteses surgem num momento em que os sinais de populismo às vésperas de um ano eleitoral começam a ficar mais evidentes, como no caso da mudança na legislação do ICMS, que representa, em última instância, subsídios ao consumidor de combustíveis bancados por redução da arrecadação dos Estados. Assim, a moeda dos EUA, a despeito de nova injeção de US$ 1 bilhão por parte do Banco Central, terminou o dia com valorização de 0,13%, a R$ 5,5161. O câmbio pressionado e as incertezas fiscais num dia de megaleilão de títulos prefixados do Tesouro puxaram para cima os juros futuros, sobretudo os intermediários. Para completar, o petróleo voltou a subir, o que sempre reforça o desconforto com o comportamento da inflação. Na renda variável, a bolsa brasileira se descolou dos pares em Wall Street e teve pequena realização de lucros ante os ganhos recentes, ao cair 0,24%, aos 113.185,48 pontos. E uma prova de que os ruídos atrapalham foi o comportamento das ações da Petrobras. Mesmo com o avanço da commodity energética, a aprovação do projeto, na Câmara, que tenta modular o valor dos combustíveis via ICMS, mas sem alterar a política de preços da estatal, e declarações sobre a privatização da empresa, os papéis terminaram sem direção e perto do zero a zero. Inclusive porque, ao mesmo tempo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que pode ir ao Cade para que a Petrobras explique o preço do gás, por exemplo. Lá fora, o desenho foi outro. As bolsas tiveram ganhos firmes em Nova York, ao redor de 1,5%, após balanços de grandes bancos agradarem. E com apetite por risco, o dólar recuou ante moedas fortes e os juros dos Treasuries também caíram na maioria.

CÂMBIO

Após ensaiar um mergulho pela manhã, na esteira de nova oferta de US$ 1 bilhão em swaps cambiais pelo Banco Central, o dólar ganhou força ao longo da tarde e encerrou a sessão desta quinta-feira (14) em leve alta, na casa de R$ 5,51, em sintonia com comportamento predominante em relação a divisas emergentes pares do real. Segundo operadores, embora haja agora um vendedor de peso no mercado, na figura do BC, as incertezas fiscais domésticas dão certa “rigidez” à taxa de câmbio. Rumores de que o governo pretende combinar a extensão do auxílio emergencial para além deste ano com a adoção do Auxílio Brasil (versão ampliada do Bolsa Família) reforçaram a percepção de uma guinada populista do governo e do Congresso já de olho nas eleições de 2022 – ainda mais após mudança na legislação do ICMS sobre combustíveis na Câmara, que representa, na prática, subsídios ao consumidor bancados por eventual redução da arrecadação dos Estados.

A avaliação é que, diante de tantas dúvidas no campo político e fiscal, investidores permanecem na defensiva e evitam assumir posições maiores a favor do real. Esse quadro se agrava com a proximidade do fim do ano, época de maior pressão de saída de recursos com remessas de lucros e dividendos, que, desta vez, pode ser turbinada caso a reforma do Imposto de Renda avance no Senado. Também há pressão externa diante da redução da liquidez com a retirada de estímulos pelo Federal Reserve, provavelmente a partir de novembro, e o início das especulações sobre o momento de alta de juros nos EUA em 2022.

O dólar ensaiou uma queda pela manhã, descendo até a mínima de R$ 5,4694 (-0,72%) ainda na primeira hora de negócios. Já no início da tarde a moeda americana passou a trabalhar em terreno positivo, correndo até a máxima de R$ 5,5301 (0,38%) por volta das 16h. Com uma desaceleração na reta final, o dólar à vista encerrou a sessão cotado a R$ 5,5161, em alta de 0,13% – o que leva a uma valorização de 0,35% na semana e de 1,28% no acumulado do mês.

Como anunciado, o Banco Central realizou hoje novo leilão de 20 mil contratos de swaps cambiais (US$ 1 bilhão), que foi totalmente absorvido. Contando com a oferta de ontem, já são US$ 2 bilhões de dinheiro novo no mercado. Além disso, houve também hoje a rolagem de 15 mil contratos (US$ 750 milhões) que vencem em janeiro.

“O efeito do leilão foi fazer o dólar despencar pela manhã. Mas a moeda teve uma reversão de tendência de novo ao longo do dia com as incertezas em relação à questão fiscal. Essa intervenção do BC é paliativa, tem efeito no curto prazo. Precisamos de medidas concretas de ajuste fiscal para ver o dólar cair”, afirma Zeller Bernardino especialista em câmbio da Valor Investimentos.

Na avaliação do gerente da mesa de derivativos financeiros da Commcor, Cleber Alessie, o Banco Central mostra, com essas intervenções, que “está, de fato, mais vigilante em relação ao câmbio”, em meio às pressões inflacionárias globais, turbinadas por aqui em virtude da crise hídrica. “A dúvida que fica agora é a razão que levou o BC a atuar. Se foi porque está incomodado com o nível da taxa de câmbio ou se foi para atender uma demanda de compra específica de algum player que poderia deixar o mercado disfuncional”, diz.

Alessie chama a atenção para o fato de que, mesmo diante do quadro de elevações seguidas da taxa Selic, e da nova postura do Banco Central no mercado de câmbio, não se vislumbra perspectiva de queda do dólar. A moeda brasileira é punida tanto por questões externas quanto internas. Em um ambiente global ainda conturbado, investidores estrangeiros usam posições vendidas em real como hedge. Por aqui, não há apetite por apostas mais contundentes na moeda brasileira, por conta da percepção elevada de risco gerada pela ameaça de abandono, mesmo que informal, do teto de gastos.

“Os estrangeiros quando querem enxugar risco vendem o real. E o horizonte interno político e fiscal não é animador. Tudo indica aumento de gasto e mais populismo com a eleição que está por vir”, diz Alessie, ressaltando, porém, que mesmo assim a alta recente do dólar parece exagerada. “Nem o BC está conseguindo quebrar essa dinâmica”.

Hoje o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o debate em torno da reforma do Imposto de Renda e da PEC dos Precatórios é essencial para definição das fontes de financiamento do Auxílio Brasil. Lira não descartou a possibilidade de prorrogação do auxílio emergencial, mas ressaltou que tudo tem que transcorrer com respeito ao teto de gastos. O presidente da Câmara, expoente do Centrão, encampou a cruzada de Jair Bolsonaro contra o aumento dos combustíveis e foi o principal articulador da alteração da cobrança do ICMS sobre combustíveis.

O diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ressalta que, a despeito das intervenções do BC, as quedas do dólar são muito limitadas, uma vez que há “uma total indefinição das contas públicas para o próximo ano” em meio à possibilidade de “renovação do auxílio emergencial rompendo o teto dos gastos”. “Alertamos para o grande risco de reversão da tendência de longo prazo, de baixa para alta, com chances do dólar subir em direção a R$ 5,70”, afirma Júnior, em relatório.

A Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fernando Guardado, afirmou em evento, no fim da tarde, que não houve mudança na atuação do Banco Central no câmbio. “Não pretendemos mexer no nível [do dólar]. Fomos claros sobre os leilões de overhedge. Queremos diminuir incerteza”, disse.

Entre os indicadores do dia, o IBGE divulgou pela manhã que o volume de serviços subiu 0,5% em agosto ante julho, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços – resultado levemente acima da mediana de Projeções Broadcast (0,4%). A reabertura da economia deve manter o setor aquecido e pode suscitar repasses de custos, com impacto na inflação. O temor de um quadro de estagflação em 2022, com índices de preços ainda elevados e PIB rodando na casa de 1% joga também contra a moeda brasileira.

No exterior, as atenções estiveram voltadas a indicadores da economia americana. O índice de preços ao Produto (PPI) nos Estados Unidos, que subiu 0,5% em setembro ante agosto, abaixo das expectativas dos analistas. Já o número de pedidos de auxílio-desemprego caíram 36 mil na semana encerrada em 9 de outubro, para 293 mil (expectativa era de 318 mil).

Na B3, o dólar futuro para novembro oscilava 0,03%, a R$ 5,5315, com giro na casa de US$ 12,2 bilhões. (Antonio Perez – [email protected])

17:32

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.51610 0.1271 5.53010 5.46940

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5530.500 0.00904 5544.500 5483.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5554.255 24/09

JUROS

O movimento de alívio visto ontem na curva de juros não prosperou e as taxas fecharam a quinta-feira em alta, mais pronunciada nos vértices intermediários, diretamente afetados pelo megaleilão de títulos prefixados do Tesouro. Para além dos fatores técnicos, os ajustes foram amparados ainda na piora do câmbio ao longo da sessão, o que, somada ao novo aumento do petróleo, traz desconforto para preços de combustíveis e inflação em geral. Ainda, o dia foi de novos ruídos na área fiscal, que encontram terreno fértil enquanto não se define a questão do Orçamento de 2022.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 9,14%, de 9,06% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 10,015% para 10,06%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,46%, de 10,433% ontem.

Durante boa parte da manhã, as taxas oscilaram perto dos ajustes anteriores, com viés de alta em alguns prazos, mas no fim do período engataram trajetória ascendente. O leilão do Tesouro foi muito maior do que os anteriores, surpreendendo boa parte dos agentes, e com lotes maiores justamente nos prazos mais longos, o que adiciona risco. Segundo a Necton Investimentos, o DV01 dos prefixados foi 57% acima do que o da operação da semana passada. Foram 19 milhões de LTN, contra 14 milhões na semana passada. O lote de NTN-F saltou de 650 mil para 1,750 milhão. Os papéis tiveram demanda integral. Ainda segundo a Necton, as taxas médias todas saíram abaixo do consenso mínimo, com exceção da LTN longa (1º/1/2025), que ficou dentro do consenso.

“Enquanto tivemos esse fator técnico do leilão pressionando o miolo, a ponta mais longa refletiu o incômodo com novos ruídos do cenário fiscal. Além disso, o dólar foi ganhando força durante o dia”, explicou o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano. A moeda americana fechou a quinta-feira em R$ 5,5161, após operar abaixo de R$ 5,50 pela manhã.

De acordo com matéria publicada pela Bloomberg, o governo estaria estudando corrigir o programa Bolsa Família pela inflação e prorrogar o auxílio emergencial em menor valor por dois anos, segundo fontes. A medida teria custo de R$ 27 bilhões e seria feita dentro do teto de gastos.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, confirma que a possibilidade de estender o auxílio com valor menor afetou a curva, num dia ruim para ativos de economias emergentes em geral. Segundo ele, é preciso que muita coisa dê certo para que se tenha um Orçamento que respeite o teto de gastos. “É muita incerteza”, afirmou.

Já o real não tem conseguido se beneficiar do avanço nos preços do petróleo, com o barril do Brent, que serve de referência para a Petrobras, hoje batendo em US$ 84. “Enquanto isso a moeda ficou parada”, destacou Serrano. Nesta equação preocupante para os preços dos combustíveis, a defasagem ante os preços internacionais, corrigida parcialmente pelos reajustes para gás e gasolina anunciados pela Petrobras na semana passada, tende a abrir novamente. “Se o petróleo seguir nesta dinâmica, pode haver novos aumentos”, disse.

O projeto para reduzir preços via ICMS, aprovado ontem pela Câmara, não empolgou. Profissionais admitem que pode até dar algum alívio para a inflação, mas estão céticos sobre se vai conseguir passar como está no Senado, que tem alterado bastante as matérias que vem da Câmara. O texto estabelece um valor fixo por litro para o imposto. “É uma solução simplista para um problema complexo. Claro que vai ter efeito na inflação, mas os Estados vão perder muito em arrecadação. É um puxadinho”, afirmou Lima, da Western.

Já a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de agosto foi apenas monitorada. A alta de 0,5% no volume de serviços ante julho veio praticamente em linha com a mediana das estimativas (+0,4%). (Denise Abarca – [email protected])

17:32

Operação   Último

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 6.70

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 6.15

Over Selic (%a.a) 6.15

BOLSA

O Ibovespa voltou a se descolar do exterior nesta quinta-feira, desta vez em direção contrária à de ontem, quando havia conseguido sustentar bons ganhos mesmo nos momentos de maior cautela em Nova York. Hoje, a referência da B3 perdeu a carona proporcionada por altas superiores a 1,5% em NY, impulsionadas por abertura positiva da temporada de balanços nos Estados Unidos.

Depois dos números do JPMorgan ontem, hoje foi a vez de nomes como Bank of America, Wells Fargo, Citi e UnitedHealth. “As ações nos EUA subiram após uma forte rodada de lucros, uma queda bem-vinda nos preços ao produtor e um novo ciclo de baixa nos pedidos semanais de seguro-desemprego”, observa em nota Edward Moya, analista de mercado da OANDA em Nova York.

Aqui, leitura ambivalente sobre aprovação de projeto na Câmara referente ao ICMS de combustíveis contribuiu para que os investidores modulassem o apetite por risco observado ontem na B3, e nem mesmo a sinalização do governo de que Petrobras pode ser objeto de privatização teve força para animar o mercado. Ao final, a ON da estatal mostrava perda de 0,17%, enquanto a PN subia apenas 0,17%, em dia de avanço para os preços da commodity, com o Brent a US$ 84 por barril.

O mercado tomou com uma boa pitada de sal a retórica do governo sobre privatização da Petrobras, o que em outras quadras talvez tivesse chegado a estimular o desempenho de suas ações – segundo afirmou ontem à noite o ministro Paulo Guedes, em Washington, melhor agora do que daqui a 30 anos quando as petrolíferas vierem a valer menos com a transição energética, sugeriu o titular da Economia. “Vou ver com a equipe econômica o que se pode fazer”, afirmou hoje o presidente Jair Bolsonaro.

Em outro desdobramento com potencial para fazer preço na B3, o dia acabou também não sendo favorecido pelo desempenho positivo do setor de serviços, em recuperação em agosto pelo quinto mês consecutivo, em alta de 0,50% na margem, embora em desaceleração quando comparado aos meses precedentes, agora 4,6% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, e com ganho de 11,5% em 2021 na comparação com o mesmo período do ano passado, observa Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.

“Hoje, além desses dados importantes do IBGE, teve também os balanços americanos, principalmente dos grandes bancos, enquanto aqui no Brasil a temporada de anúncios do terceiro trimestre deve ganhar força a partir do dia 22”, acrescenta Madruga.

O relato da Bloomberg, de que o governo estuda corrigir o Bolsa Família e estender auxílio por dois anos, não contribuiu para melhorar o humor doméstico, desde a manhã, especialmente no câmbio e na curva de juros, recolocando as incertezas fiscais no centro das preocupações do mercado.

Assim, o índice da B3 ficou no negativo ao longo da maior parte da sessão, em baixa de 0,24%, a 113.185,48 pontos no fechamento, não conseguindo tocar a marca dos 114 mil no intradia, ao contrário do que havia sido visto ontem e na última sexta-feira. No pico de hoje, foi aos 113.881,35 pontos, saindo de abertura aos 113.456,59, com mínima a 112.707,50 pontos, renovada no fim da tarde. Na semana, ainda avança 0,31%, com ganho de 1,99% no mês – no ano, cede 4,90%. Nesta véspera de vencimento de opções sobre ações, o giro ficou em R$ 32,0 bilhões.

A aprovação de projeto na Câmara disciplinando a incidência do ICMS em combustíveis, se por um lado pode ser positiva para o consumidor e mesmo para a Petrobras, por outro tende a ser combatida pelos Estados, por interferir na arrecadação de importante tributo. Em nota, a Terra Investimentos aponta que os governadores estimam perda de R$ 24 bilhões com a proposta, pela qual a “alíquota do ICMS seria fixada ao longo de 12 meses” e não poderá “exceder, em reais por litro, o valor da média dos preços ao consumidor final praticados no mercado nos dois últimos anos”.

“A Bolsa permaneceu hoje em um cenário de incerteza, operando no positivo por duas vezes ao longo do dia, mas também chegando a ampliar perdas à tarde, neste cenário aqui do Brasil de inflação elevada e muito acima do teto da meta. A perspectiva de alta de juros é negativa para a Bolsa, e o dólar tem se recuperado desde o exterior, com dados mais favoráveis sobre a economia americana, como os pedidos semanais de auxílio-desemprego na leitura desta quinta-feira, abaixo do esperado”, diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos, acrescentando que a volatilidade deve continuar pautando os negócios na B3, daqui ao fim do ano.

Na ponta do Ibovespa nesta quinta-feira, destaque para Banco Inter (Unit +5,17%, PN +5,53%), PetroRio (+4,45%) e Banco Pan (+4,41%). Na face oposta, Méliuz (-4,97%), Eztec (-2,83%) e BRF (-2,80%). Entre os grandes bancos, as perdas do dia ficaram entre 0,5% e 0,9%, à exceção de Santander (Unit +0,56%). Vale ON fechou estável, sem variação, em dia de fechamento misto para o setor de siderurgia, com CSN ON (-1,42%) e Usiminas PNA (-0,12%) no negativo e Gerdau (PN +1,92%, Metalúrgica +0,95%) no positivo. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:32

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 113185.48 -0.23837

Máxima 113881.35 +0.37

Mínima 112707.50 -0.66

Volume (R$ Bilhões) 3.19B

Volume (US$ Bilhões) 5.81B

17:32

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 114470 0.09619

Máxima 115510 +1.01

Mínima 113755 -0.53

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam em alta superior a 1,5%, após balanços de grandes bancos agradarem, mas com ganhos disseminados por vários setores, não apenas o financeiro. O apetite por risco se refletiu também no câmbio, com recuo do dólar ante outras moedas principais. O movimento cambial colaborou para os ganhos do petróleo, apoiado ainda pela expectativa de demanda forte e oferta tentando ganhar ritmo na retomada, após o auge do choque da covid-19. O cobre também exibiu alta, após dados vistos como positivos da balança comercial da China. Entre os Treasuries, não houve sinal único nos retornos, com investidores atentos a declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed).

A Oanda avaliou que os balanços de bancos divulgados mais cedo “pintaram um quadro forte e saudável do consumidor americano”. Já a Capital Economics notou que, até agora, as empresas que reportaram resultados trimestrais nos EUA superavam as previsões. Para esta consultoria, papéis do setor financeiro podem se sair melhor agora, com crescimento “relativamente forte” no país e avanço recente nos juros dos Treasuries. Por outro lado, a Capital acredita que algumas ações de tecnologia podem ficar sob pressão, com consumidores gastando menos nessa área conforme a economia reabre. Hoje, após balanços, Citigroup subiu 0,77%, Morgan Stanley avançou 2,48%, e Bank of America, 4,47%. Na contramão, Wells Fargo caiu 1,61%. Após publicar resultados que também superaram a expectativa, UnitedHealth subiu 4,18%. O índice Dow Jones fechou em alta de 1,56%, em 34.912,56 pontos, o S&P 500 avançou 1,71%, a 4.438,26 pontos, e o Nasdaq teve ganho de 1,73%, a 14.823,43 pontos.

No câmbio, o maior apetite por risco levou o dólar para baixo. A Western Union viu ajuste hoje nesse mercado, após ganhos recentes da divisa com a expectativa de início em breve da redução nas compras de bônus do Fed, e também atribuiu o movimento ao recuo nos retornos dos Treasuries em boa parte do dia. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de outras moedas principais, caiu 0,59%, a 93,956 pontos. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 113,60 ienes, o euro avançava a US$ 1,1603 e a libra tinha alta a US$ 1,3685. Em relatório, o ING diz que o avanço recente nos preços de energia faz investidores voltarem a privilegiar moedas fortes, com o temor de que a inflação perdure por mais tempo do que o antes antecipado.

O movimento no câmbio apoiou as commodities. Também impulsionado pelo avanço acima do esperado no superávit comercial da China em setembro, o cobre para dezembro fechou em alta de 4,40%, em US$ 4,5160 a libra-peso, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex). O petróleo também registrou ganhos, após a Agência Internacional de Energia (AIE) projetar maior demanda e a Rússia especular sobre a possibilidade de o barril chegar a US$ 100. O contrato do WTI para novembro fechou em alta de 1,08%, a US$ 81,31, e o do Brent para dezembro subiu 0,99%, a US$ 84,00. O Commerzbank destacou em relatório a oferta ainda insuficiente para atender à demanda pelo óleo, no quadro atual.

Entre os Treasuries, o juro da T-note de 2 anos subia a 0,362%, o da T-note de 10 anos recuava a 1,515% e o do T-bond de 30 anos caía a 2,016%, no horário citado. Os retornos perderam fôlego após dados dos EUA, inclusive a inflação ao produtor (PPI) abaixo do previsto. Sinais do Fed seguiam em foco. Entre os dirigentes do BC americano, Thomas Barkin (Richmond) reforçou que houve uma orientação em setembro de que o tapering poderia começar logo, dizendo ainda que a demanda atual está robusta, portanto não deverá sofrer um colapso em caso de menor acomodação na política monetária.

Ainda no noticiário, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) defendeu hoje a manutenção de programas emergenciais de transferência de renda na região. A entidade advertiu que essas iniciativas são cruciais para evitar uma alta “ainda maior” da pobreza, enfatizando a necessidade de avanço na vacinação contra a covid-19 para apoiar a economia. Também na região, o governo da Argentina caminha para congelar preços de produtos por 90 dias, o que inclui o momento da eleição legislativa no país. A Fitch reafirmou o rating CCC da Argentina, falando em desequilíbrios macroeconômicos e restrições de financiamento “agudas”, que minam a capacidade de pagamento da dívida, mesmo após a reestruturação de títulos de 2020. Buenos Aires segue negociando novo pacote de ajuda com o Fundo Monetário Internacional (FMI). (Gabriel Bueno da Costa – [email protected])