ÀS PORTAS DO COPOM, MERCADO SE DIVIDE MEIO A MEIO ENTRE CORTE DE 25 E 50 PONTOS

Faltando uma hora para o término da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado financeiro chega à decisão rachado com relação à intensidade do corte da Selic. Na curva de juros, as apostas de redução de 50 pontos perderam espaço para as de 25 pontos nas últimas sessões, à medida que o argumento para um início parcimonioso do ciclo de afrouxamento ganhou espaço. Esta é, aliás, a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, que ouviu 88 casas, nas quais 62 veem redução de 25 pontos e 26, baixa de 50. A curva de juros desinclinou e a perspectiva de um corte menor agora também ajudou a segurar as perdas do real, que caiu menos que outras moedas emergentes como pesos mexicano, chileno e colombiano. O dólar à vista terminou o dia aos R$ 4,8055, avanço de 0,33%. No mercado cambial global, ditou o tom a aversão ao risco após o rebaixamento do rating dos Estados Unidos e a queda das commodities. Comparado às ações americanas, as perdas do Ibovespa foram bem mais modestas. O índice cedeu aos 120.858,72 pontos (-0,32%), em um dia de pressão de ações de primeira linha, como Petrobras (ON -0,70% e PN -0,23%) e Vale (ON -1,63%). Lá fora, predominou o mau humor com a Fitch, decisão criticada pelo governo dos Estados Unidos e até mesmo pela concorrente Moody’s. O mercado assimilou os números fortes do ADP, que aumentaram a expectativa pelo relatório de emprego (payroll), que sai na sexta-feira. O Nasdaq recuou 2,17%, o S&P 500 cedeu 1,38% e o Dow Jones caiu 0,98%.

•JUROS

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

JUROS

A curva de juros mostrou desinclinação nesta quarta-feira de decisão do Copom, com taxas curtas em alta e as demais, em queda, refletindo essencialmente a expectativa do mercado com o resultado da reunião. As apostas no corte de 50 pontos-base na atual Selic de 13,75%, que já vinham perdendo fôlego ontem, arrefeceram ainda mais, com o quadro hoje bastante simétrico em relação à probabilidade de queda de 25 pontos. A aversão ao risco relacionada ao rebaixamento do rating dos EUA pela Fitch, que pressionou ativos pelo mundo, acabou sendo absorvida ao longo da tarde na renda fixa local.

Às 17h15, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 estava em 12,65%, de 12,594% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 subia de 10,63% para 10,67%, e a do DI para janeiro de 2027 recuava de 10,14% para 10,08%. O DI para janeiro de 2029 tinha taxa de 10,45%, de 10,52% ontem.

Um bom termômetro da perda de inclinação da curva é comportamento do spread entre taxas longas e curtas. Nesta quarta, diferencial entre os DIs para janeiro de 2029 e janeiro de 2025 ficou ainda mais negativo, saltando a -22 pontos, de -11 pontos ontem.

Em boa medida, a postura mais conservadora do mercado com relação ao Copom decorre da percepção de um cenário totalmente em aberto, não somente em relação à decisão em si, se 50 ou 25 pontos, mas como virá a comunicação dos próximos passos e o placar da votação. O economista-chefe do BMG, Flávio Serrano, destaca que a aposta na redução de 50 pontos vem perdendo terreno desde ontem, mas o mercado também pode estar antevendo um tom mais duro do comunicado. “Dada essa visão, temos esse flattening da curva hoje, que é incompatível com a aversão ao risco lá fora”, explicou.

De acordo com Serrano, a precificação dos DIs no meio da tarde apontava exatamente 50% de probabilidade para cada lado (25 e 50 pontos), de 40% e 60% ontem. Para o fim de 2025, a projeção da curva era de taxa a 12,25% e no fim de 2024, entre 9,00% e 9,25%. Um quadro de relativo equilíbrio também era registrado nas opções digitais.

O comportamento das taxas locais contrasta com o desenho da curva americana. O retorno das Treasuries de 2 anos caiu e os demais subiram, com o ganho de inclinação atribuído à reação negativa à decisão da Fitch de cortar o rating dos EUA, de AAA para AA+, alegando que a situação fiscal da maior economia do mundo deverá se deteriorar nos próximos três anos. Além disso, a criação de emprego no setor privado apontada pelo relatório ADP em julho, de 324 mil vagas, ficou muito acima do esperado (183 mil), reforçando a cautela antes do payroll na sexta-feira.

Por fim, o Departamento do Tesouro do Estados Unidos anunciou que ampliará a emissão de dívida do país para arrecadar fundos de investidores privados, informando leilão de US$ 103 bilhões em títulos. O órgão informou também que pretende ampliar gradualmente os tamanhos dos leilões de cupons a partir do trimestre de agosto a outubro de 2023.

“Olhando a T-Note de dez anos, a curva aqui deveria estar abrindo, mas há uma percepção de que o BC pode ser mais cauteloso nas quedas”, endossa o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima. Para ele, no entanto, é possível que, mesmo aplicando a dose de 50 pontos, o Copom indique gradualismo no ciclo de afrouxamento. “A grande discussão será a de que em qual momento o Copom vai acelerar o ritmo”, comentou. Para tanto, o placar de votação combinado à linguagem do comunicado será essencial para esse debate. “Se houver divisão nos votos, terá de ficar claro qual é a visão de cada diretor para o processo como um todo”, observa.

Assim como o exterior, o mercado também tem deixado de lado o noticiário fiscal, “que tem sido negativo nos últimos dias”, diz Serrano. O ritmo de andamento das reformas que estão na Câmara nesta retomada dos trabalhos no Congresso tem sido aquém do esperado, com indicações de que os parlamentares podem colocar as pautas em banho-maria à espera da reforma ministerial. (Denise Abarca – [email protected])

Volta

CÂMBIO

Após ter superado o nível de R$ 4,82 pela manhã, o dólar à vista arrefeceu o ritmo de alta ao longo da tarde e encerrou a sessão desta quarta-feira, 2, cotado a R$ 4,8055, avanço de 0,33%. Apesar da expectativa em torno da decisão Comitê de Política Monetária (Copom) hoje à noite, em especial em relação à magnitude do esperado corte da taxa Selic e ao placar da votação, o ambiente externo ditou a direção da moeda americana por aqui. Operadores comentam, contudo, que o aumento das apostas de redução da Selic em 0,25 ponto porcentual no mercado de juros futuros pode ter contribuído para a moeda brasileira ter desempenho hoje bem superior a de seus pares.

Como na sessão de ontem, o real sofreu com a onda de fortalecimento da moeda americana e queda dos preços das commodities metálicas e do petróleo. Dados acima do esperado do emprego no setor privado americano sugerem espaço para um aumento residual dos juros pelo Federal Reserve, aposta que pode ser reforçada com a divulgação, na sexta-feira, 4, do relatório oficial de emprego (payroll) de julho. O rebaixamento do rating americano pela Fitch ontem à noite também trouxe certo desconforto aos investidores e estimulou a busca por proteção.

Após encerrar julho com baixa de 1,25%, o dólar já acumula valorização de 1,61% nas duas primeiras sessões de agosto. Operadores afirmam que tesourarias aproveitaram a recuperação da moeda americana no exterior para realizar lucros e recompor parcialmente posições cambiais defensivas. Divisas latino-americanas de juros altos, que lideram ganhos frente ao dólar no ano, estão nos holofotes com as dúvidas sobre o tamanho do afrouxamento monetário esperado em países da região.

O diretor de investimentos na Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, observa que o real experimentou uma depreciação mais aguda ontem, em meio a apostas até então majoritárias de que o Copom começaria o ciclo de redução da taxa Selic com um corte de 0,50 ponto. Jolig lembra que o peso chileno apresentou desvalorização expressiva após o BC do Chile optar, na última sexta-feira, por uma redução de sua taxa básica 1 ponto porcentual, para 10,25% ao ano, enquanto analistas esperavam corte de 0,75 ponto.

“O mercado começou a ficar com o receio de que com um corte da Selic em 0,50 ponto o real poderia sofrer muito. O fato de a aposta em 0,25 ponto ganhar força hoje ajudou o real a ter desempenho melhor que seus pares”, afirma Jolig. “Eu acho que há espaço para o BC reduzir bastante os juros. Se optar por 0,25 ponto, será um corte ‘hawk’. O ‘carrego’ vai continuar elevado e há espaço para o real se apreciar com um BC mais lento no ajuste da política monetária”, afirma.

O economista-chefe para América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, afirma que apesar do impacto recente de fortalecimento do dólar no exterior e alta dos juros dos Treasuries sobre a taxa de câmbio, o destino do real está muito atrelado no curto prazo à decisão do Copom. No médio prazo, Abadia vê um quadro “amplamente favorável para o real”, que pode levar a taxa de câmbio no próximos meses para níveis não vistos desde o início de 2020. “Em particular, a aprovação da reforma tributária pode se um forte catalisador para influxo de recursos, estendendo o rali do real em direção a R$ 4,50”, afirma o economista, em relatório.

Segundo Abadia, a inflação comportada também dá suporte ao real, uma vez que permite ao Copom intensificar o ritmo de redução de juros, ajudando no esforço de consolidação fiscal. A melhora na perspectiva de crédito, as reduções de prêmio de risco e menor ruído político “vão provavelmente ajudar” a compensar a diminuição no “carry”, que, ainda assim “vai continuar generoso”.

No exterior, o índice DXY – termômetro do comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes – operou em alta ao longo do dia e voltou a superar a linha dos 102,500 pontos, com máxima aos 102,779 pontos. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, os ganhos foram maiores na comparação com o dólar australiano, o dólar neozelandês, o peso colombiano e o peso mexicano.

Pela manhã, pesquisa ADP informou que o setor privado americano criou 324 mil empregos em julho, bem acima das expectativas de analistas, de 183 mil. De outro lado, houve leve revisão para baixo do número de empregos criados em junho, de 497 mil para 455 mil. Esses números aumentam a expectativa em torno da divulgação do payroll na sexta-feira. (Antonio Perez – [email protected])

17:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.80550 0.3341 4.82150 4.78230

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4833.500 0.25928 4848.000 4807.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4853.000 0.4346 4861.500 4853.000

Volta

MERCADOS INTERNACIONAIS

O rebaixamento do rating soberano dos Estados Unidos pela Fitch foi criticado por autoridades e personalidades americanas, como a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, e pelo ex-secretário Larry Summers. Apesar de análises apontarem que as implicações da decisão da agência de avaliação de risco no mercado serão limitadas, as bolsas de Nova York e as commodities fecharam no vermelho, enquanto os juros dos Treasuries operaram mistos, com impulso contido, e o dólar subiu ante rivais. A geração de vagas no setor privado dos EUA muito acima do esperado alimentaram as expectativas pela divulgação do payroll, na próxima sexta-feira.

Reiterando seu descontentamento, Yellen reforçou hoje que a mudança de rating dos EUA não altera sua visão sobre a economia americana, chamou o novo rating de “falha” e voltou a questionar os critérios utilizados pela agência. Já o Nobel de Economia Paul Krugman e o ex-secretário do Tesouro americano Larry Summers classificaram o rebaixamento de “bizarro”. Krugman ainda ressaltou que as perspectivas do país melhoraram a curto e a longo prazo, indicando menor chance de recessão à frente.

O economista-chefe da Moody’s, Mark Zandi, qualificou a mudança como “um erro”, ao passo que o Citigroup avalia que a alteração da nota de crédito não deve ter reação no mercado. O BMO, por sua vez, relaciona a justificativa da decisão da Fitch com o rebaixamento que o S&P realizou em 2011 e destacou que a ação foi um “reconhecimento da angústia (e aborrecimento) do mercado com toda a dinâmica do teto da dívida”.

A Oanda avalia que a mudança da classificação de crédito dos EUA não deveria ter sido uma surpresa para os investidores que acompanham os comentários da Fitch, “mas o momento certamente pegou todos desprevenidos”. A instituição ainda pontua que as ações nas bolsas de Nova York foram atingidas não só com a decisão da agência de crédito, mas também com expectativas de que o Tesouro dos EUA continuará a aumentar sua dívida.

O Departamento do Tesouro do Estados Unidos chegou a anunciar hoje que irá leiloar US$ 103 bilhões em títulos, com o objetivo de arrecadar fundos de investidores privados.

Hoje, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,98%, o S&P 500 cedeu 1,38% e o Nasdaq teve baixa de 2,17%. As perdas do Nasdaq eram puxadas por ações de peso, como Meta (-2,60%), Microsoft (-2,63%) e Tesla (-2,67%). “Os balanços ainda estão melhores do que o esperado, mas os principais índices não parecem ter mais nada no tanque para levar Wall Street de volta aos recordes”, indica análise da Oanda.

Os juros dos Treasuries, por sua vez, ficaram mistos, mesmo após o rendimento da T-note de 10 anos ter atingido o nível mais alto desde novembro de 2022 mais cedo. Na visão do Julius Baer, entretanto, os impactos nos Treasuries deverão ser “limitados”.

Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 4,891%, o da T-note de 10 anos aumentava a 4,074% e o do T-bond de 30 anos marcava alta a 4,162% – os dois últimos chegaram a atingir os maiores níveis desde novembro de 2022.

O dólar, por sua vez, operava em alta ante moedas fortes e emergentes neste fim de tarde. “O dólar normalmente desfruta de um impulso quando a incerteza global aumenta, devido ao seu status de moeda mais líquida do mundo”, esclarece a Convera. Já o Brown Brothers Harriman (BBH) discorda do rebaixamento pela Fitch e destaca que o dólar está “ignorando” a mudança, indicando que a história deve seguir a favor da moeda americana. No fim da tarde em Nova York, o dólar operava estável, em 143,34 ienes, o euro recuava a US$ 1,0944 e a libra tinha baixa a US$ 1,2721. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,28%, a 102,590 pontos.

O petróleo caiu mesmo após baixa queda dos estoques americanos, segundo o Departamento de Energia dos EUA (DoE, na sigla em inglês). O analista Edward Moya, da Oanda, “os sinais pessimistas (bearish) são de que a demanda por gasolina parece ter atingido o pico com os preços mais altos na bomba”. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro fechou em queda de 2,31% (US$ 1,88), a US$ 79,49 o barril, em seu maior recuo diário desde 27 de junho, quando registrou baixa de 2,41%. O Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em baixa de 2,01% (US$ 1,71), a US$ 83,20 o barril.

Com essa movimentação, o relatório ADP acabou ficando em segundo plano ao anunciar 324 mil empregos privados criados em julho, ante expectativa de 183 mil pela FactSet, com analistas destacando que os mercados estarão de olho, na verdade, no relatório de empregos (payroll). “Como o Departamento do Trabalho está totalmente fora de sincronia com a ADP, especialmente em empregos na indústria, o relatório da folha de pagamento de sexta-feira será examinado de perto”. (Natália Coelho – [email protected])

Volta

BOLSA

A expectativa por um corte da Selic de ao menos 25 pontos-base nesta noite pelo Copom assegurou ao Ibovespa certa resiliência ao dia de aversão a risco no exterior, em que prevaleceu o efeito negativo do rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Fitch, de AAA para AA+, no fim da tarde anterior. Assim, o índice fechou esta quarta-feira em leve baixa de 0,32%, aos 120.858,72 pontos, enquanto, em Nova York, a correção chegou a -2,17% (Nasdaq) e, nos mercados europeus, superou a marca de -1% nas principais praças financeiras.

Hoje, a referência da B3 oscilou entre 119.797,92 e 121.251,53 pontos, saindo de abertura a 121.249,27 pontos. Moderado, o giro ficou em R$ 20,7 bilhões na sessão. No ano, o Ibovespa acumula alta de 10,14% e, na semana, 0,56%. Nas duas primeiras sessões de agosto, o índice recua 0,89%, em baixa ontem como hoje, após ter encerrado julho com ganhos em sete das oito últimas sessões do mês, desde o dia 20.

“O mercado se ajustou hoje, desde cedo, ao rating mais baixo dos Estados Unidos, que perdeu o triplo A da Fitch. O rebaixamento deixou as bolsas na defensiva desde a sessão asiática, o que se estendeu aos negócios na Europa e nos Estados Unidos”, diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos, mencionando também a reação a mais uma forte leitura sobre a geração de vagas de trabalho nos EUA, da ADP referente a julho, no momento em que o mercado vinha se preparando para a possibilidade de uma nova pausa, do Federal Reserve, no processo de elevação dos custos de crédito na maior economia do mundo.

“Os dados de ADP em julho vieram muito fortes, o que reaviva a expectativa por aperto monetário no Federal Reserve. O ritmo de juros nos Estados Unidos segue no foco. Assim, o ADP foi o grande ‘urso’ do dia ao lado do rebaixamento da nota dos Estados Unidos pela Fitch”, diz Dennis Esteves, sócio e especialista da Blue3 Investimentos. Na sexta-feira, os mercados globais conhecerão o relatório oficial sobre o mercado de trabalho americano em julho, ao qual o ADP não costuma mostrar correlação forte apesar do interesse com que é acompanhado pelos investidores.

Aqui, a expectativa se concentra na grande possibilidade de o Copom cortar, esta noite, a Selic entre 25 e 50 pontos-base, mas tal efeito positivo sobre o apetite por risco teve o contraponto, na sessão, do reavivamento dos temores de que os Estados Unidos possam, de fato, estar a caminho de uma recessão.

“Esse rebaixamento da nota de crédito é como se fosse uma pontuação de confiança financeira. As consequências imediatas [do rebaixamento] até que são leves, mas podem se agravar. Três agravamentos possíveis: dívidas mais caras para os Estados Unidos, depreciação do dólar, e o impacto na economia real, com nível de confiança menor para empresas e consumidores”, diz André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Dessa forma, na segunda sessão de agosto, o tom que se impõe desde o exterior é um pouco diferente do que prevaleceu em julho, quando o apetite por risco foi estimulado por sinais de uma possível inflexão do Federal Reserve em relação aos juros americanos, e uma perspectiva também marginalmente mais positiva sobre a economia chinesa, na expectativa por estímulos, o que de certa forma foi reforçado pelas leituras ainda fracas sobre os índices de atividade da segunda maior economia do mundo, no mês.

“Em julho, os dados de inflação, de atividade e mercado de trabalho sinalizavam um ‘soft landing’ para os Estados Unidos, uma retomada da economia com a queda da inflação, melhor do que todo mundo esperava. Foi um mês muito positivo, o que ajudou os mercados de risco em geral, o que inclui as ações no Brasil e também as commodities. A China, de que se esperava uma grande retomada, ainda está devagar. E, na reunião do Politburo, o que veio de iniciativas foi muito pontual – nada de bazuca”, diz Ricardo Campos, CEO da Reach Capital.

“Tem um espaço ainda para a Bolsa subir com a queda de juros, que não devem cair tanto assim – mas é o primeiro vagão do trem. Os gringos continuam vindo e a Bolsa só não subiu mais em julho porque teve uma série de ‘follow on’ de empresas, recolhendo todo esse dinheiro”, acrescenta Campos.

À espera do Copom, o dia foi misto para as ações de grandes bancos, com destaque para Bradesco, embora bem moderado no fechamento (ON +0,20%, PN +0,42%), e negativo para as ações de commodities (Petrobras ON -0,70%, PN -0,23%) e também para o setor metálico (Vale ON -1,63%, CSN ON -2,92%). Na ponta do Ibovespa, Cogna (+3,31%), JBS (+2,52%) e Cyrela (+2,47%). No lado oposto, Cielo (-9,15%), Locaweb (-5,13%) e Magazine Luiza (-2,92%), além de CSN (-2,92%). (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 120858.72 -0.32138

Máxima 121251.53 0.00

Mínima 119797.92 -1.20

Volume (R$ Bilhões) 2.07B

Volume (US$ Bilhões) 4.31B

17:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 121535 -0.07811

Máxima 121855 +0.18

Mínima 120270 -1.12