APOSTA EM CORTE DE 0,75PP DA SELIC AINDA ESTE ANO EMBALA QUEDA DO DI E ALTA DA BOLSA

A surpresa inflacionária seguiu dando o tom dos negócios locais nesta terça-feira. A taxa de 0,23% do IPCA de agosto, no piso da pesquisa do Projeções Broadcast, e o comportamento benigno dos preços de abertura fizeram o investidor colocar as fichas em uma aceleração do ritmo de corte da Selic de 50 pontos-base (intensidade do mês passado e a provável da próxima semana) para 75 pontos-base até o fim do ano. Ainda que não seja o cenário majoritário, a curva projeta 25% de chance de redução de 75 pontos em novembro e 40% em dezembro. A estrutura também aponta taxa terminal menor, entre 9,25% e 9,50%. Isso ajudou o Ibovespa a se descolar da tendência de queda vinda das ações no exterior. Impulsionaram ainda o índice brasileiro a subida forte do petróleo e a elevação do minério de ferro. O indicador acionário terminou a sessão em 117.968,12 pontos (+0,93%), perto da máxima, quando superou o nível dos 118 mil pontos. O alívio doméstico não se estendeu ao dólar, que terminou a sessão à vista cotado a R$ 4,9530 (+0,44%). Isso porque o mercado de câmbio já operou em compasso de espera da inflação ao consumidor dos Estados Unidos, que será divulgada amanhã, às 9h30, e para a qual o consenso é de aceleração forte da taxa – de 0,2% em julho a 0,6% em agosto. Também esse fator inibiu os negócios em Nova York, com queda de 0,05% do Dow Jones, de 0,57% do S&P 500 e de 1,04% do Nasdaq. Os mercados acionários americanos também foram pressionados pelo mau desempenho da Apple (-1,76%) após lançamento do iPhone 15 decepcionar investidores, o que pesou entre empresas intensivas em tecnologia.

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

O IPCA de agosto abaixo do consenso das estimativas e com leitura benigna dos preços de abertura sustentou os juros em queda durante toda a sessão. O recuo foi mais acentuado nos vencimentos intermediários, que concentram as expectativas para o ciclo de afrouxamento monetário como um todo. O IPCA estimulou as apostas numa aceleração do ritmo de corte da Selic para 0,75 ponto para as reuniões de 2023, exceto a de setembro, na semana que vem, e numa taxa terminal menor. O índice também puxou para baixo as taxas de inflação implícita nas Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B) de curto prazo.

Às 17h10, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,435%, de 10,479% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caía a 10,07%, de 10,14%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 10,31%, de 10,368% ontem, e a do DI para janeiro de 2029, taxa de 10,85%, ante 10,90% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2031 estava em 11,16%, de 11,21%.

Ontem à tarde, parte do mercado já desconfiava que a inflação de agosto poderia surpreender para baixo, o que colocou os DIs em queda à tarde. Tal percepção se confirmou e o movimento se estendeu nesta terça-feira. A taxa de 0,23% veio no piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, cuja mediana era de 0,28%. Em julho, o IPCA havia subido 0,12%. Na abertura, a média dos preços dos núcleos (0,28%) avançou menos do que o esperado (0,30%), enquanto a desaceleração em serviços (0,08%) e serviços subjacentes (0,14%) foi maior do que a prevista (0,15% e 0,26%).

O economista Álvaro Frasson, do BTG, afirma, em relatório, que os componentes mais sensíveis para o segundo estágio da política monetária (núcleos e serviços) continuam mostrando arrefecimento importante e a “leitura bastante positiva em agosto pode ajudar a ‘estancar’ as revisões altistas de IPCA 2024 que vinham acontecendo há três semanas seguidas”, no relatório Focus.

Para o Copom de setembro, não houve alteração na precificação das apostas de Selic, com a curva mantendo em cerca de 10% a chance de aceleração do ritmo para 0,75 ponto e 90% de probabilidade de queda de 0,50 ponto. Profissionais argumentam que há pouco espaço para doses maiores no atual quadro de piora das expectativas futuras e possibilidade de novo reajuste da gasolina em função da pressão do petróleo. Hoje o tipo Brent, referência para a Petrobras, subiu 1,57%, atingindo US$ 92,06 por barril.

“Uma das coisas que também está segurando é o ciclo de juros nos EUA. Está travando um pouco o mercado”, acrescenta o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz. Amanhã, sai o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) de agosto nos Estados Unidos, o que poderá influenciar as expectativas sobre as ações do Federal Reserve. Por ora, a percepção é de que os juros por lá tendem a ficar em níveis elevados por um período prolongado.

Desse modo, para o economista, o Copom deve reduzir novamente a Selic em 0,5 ponto na próxima semana, mas vê espaço para ampliação do ritmo mais à frente, especialmente se o câmbio ajudar. “A aprovação da reforma tributária pelo Senado poderá atrair investimentos estrangeiros”, explicou.

Outros profissionais estão mais céticos. Na Constância Investimentos, Alexandre Lohmann prevê que o impacto da alta da energia, pela alta das cotações internacionais e do possível impacto do PLP 136/23, e do el Niño devem puxar a inflação a partir do quarto trimestre de 2023. “O IPCA deve fechar acima do teto da meta em 2023 e, possivelmente ainda em 2024, limitando o espaço para corte de juros pela frente”, estima. Em linha gerais, o PLP derruba a obrigatoriedade da alíquota ad rem (valor fixo em reais) nos preços de combustíveis, hoje em R$ 1,22 por litro na gasolina.

Para além do próximo Copom, o mercado vê chance maior de redução de 0,75 ponto da Selic nas reuniões de novembro (25%) e dezembro (40%), segundo o economista-chefe do banco BMG, Flávio Serrano. Para o fim de 2023, os DIs apontam taxa básica de 11,55%, ou seja, chance maior de 11,50%, e para o fim de 2024, de 9,35%, no meio do caminho entre 9,25% e 9,50%. Ontem, as precificações eram de 11,61% e 9,43%, respectivamente.

A leitura do IPCA também aliviou a inflação implícita das NTN-B no mercado secundário, com as taxas entre 3 e 4 anos caindo em torno de 5 pontos-base. Na oferta primária, o Tesouro ofertou 600 mil títulos, lote acima dos 150 mil da semana passada, mas vendeu 556.600, com demanda integral apenas no papel mais curto (2028), de 500 mil. Para 2040 e 2060, com ofertas de 50 mil cada, foram vendidas 32,6 mil e 24 mil, respectivamente. As taxas todas ficaram dentro do consenso de mercado. (Denise Abarca – [email protected])

BOLSA

O Ibovespa obteve a primeira sequência positiva do mês ao fechar esta terça-feira em alta de 0,93%, aos 117.968,12 pontos, vindo de ganho de 1,36% na sessão anterior, após uma semana em que havia encadeado quatro perdas diárias. Hoje, na contramão da cautela externa e embalado desde a manhã por leitura favorável sobre o IPCA de agosto, no piso das estimativas de mercado para o mês, o índice da B3 oscilou entre mínima na abertura a 116.885,04 e máxima de 118.153,67, maior nível intradia desde 4 de setembro. O giro financeiro, contudo, manteve-se enfraquecido, a R$ 17,2 bilhões. Na semana, o Ibovespa sobe 2,30%, colocando o ganho do mês a 1,92% e o do ano a 7,50%.

Entre as ações de maior peso no Ibovespa, destaque na sessão para Petrobras ON (+1,10%), que ontem, junto com a PN (hoje +0,48%), havia fechado em baixa apesar do avanço do índice de referência da B3. Nesta terça, ambas acompanharam a alta do petróleo, com o Brent agora na casa de US$ 92 por barril, após a pausa de ontem feita pela commodity. Hoje, contribuiu para o avanço dos preços globais do insumo a indicação, pela Opep, de que a demanda se manterá em alta, mesmo com o corte de oferta até o fim do ano anunciado recentemente por Arábia Saudita e Rússia.

Após a recuperação do dia anterior, em cima de perspectiva melhor para a China, que deu suporte ao avanço do minério de ferro, o dia foi de acomodação para Vale, em variação contida no fechamento (ON -0,07%), assim como para o setor siderúrgico (Gerdau PN +0,70%, CSN ON +0,16%), que subiu, à exceção de Usiminas (PNA -1,16%).

Na ponta do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para as ações associadas ao ciclo doméstico, com Petz (+5,80%), Assai (+5,32%) e Hapvida (+4,50%) à frente. No lado oposto, Braskem (-2,27%), Locaweb (-2,00%) e CSN Mineração (-1,83%), mesmo com o minério de ferro ainda em alta de 1,96%, a US$ 117,82 por tonelada, em Dalian (China) na terça-feira, nos contratos para janeiro de 2024.

A leitura benigna sobre o IPCA de agosto resultou em resposta favorável da curva de juros, devolvendo prêmios, o que beneficiou as ações com exposição ao ciclo doméstico. “O juro futuro de longo prazo cedeu e abriu espaço para fluxo comprador relevante em ativos de Beta mais alto [ações que costumam amplificar, em si, os movimentos do Ibovespa], fortemente correlacionados à economia brasileira e também ao juro longo, como construtoras e varejistas”, observa Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research.

Para Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o bom resultado de agosto para o IPCA se refletiu, principalmente, no meio da curva de juros, em queda. “E isso pode reforçar as apostas de um corte na Selic de 0,75pp, para dezembro”, acrescenta o especialista, observando também que a alta do dólar na sessão refletiu a “cautela em relação ao dado de inflação americana, que será divulgado amanhã”. No fechamento de hoje, o dólar à vista mostrava ganho de 0,44%, a R$ 4,9530.

“Se os próximos dados continuarem vindo com essa dinâmica, é possível que até haja uma aceleração do corte da Selic para este ano, mas o cenário-base, hoje, ainda é de mais três cortes de 0,50pp”, avalia Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.

“Quando observamos a composição do IPCA, continua apresentando sinais positivos importantes: os preços de serviços (5,43%) e serviços subjacentes (5,48%) desaceleraram no acumulado de 12 meses; e a média dos núcleos de inflação passou de 5,59% em julho para 5,20% em agosto”, observa o economista Rafael Perez, da Suno Research, acrescentando que, apesar de o índice de difusão ter avançado de 46% para 53%, tal variação não chega a ser motivo de preocupação. Na visão do economista, os dados de agosto do IPCA corroboram “cenário mais benigno para a inflação brasileira e não devem alterar o plano de voo do Banco Central.”

“Depois da deflação de junho, houve alta em julho e agosto, uma reaceleração em dois meses que já era esperada pelos analistas de mercado”, diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, destacando também, em especial, o bom desempenho do setor de serviços no mês.

Assim, operando em cima do IPCA desde a manhã, bem como do avanço do petróleo, o Ibovespa conseguiu se desconectar da cautela externa que prevaleceu nesta terça-feira, na véspera da divulgação de nova leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, o CPI de agosto. No fechamento desta terça-feira, o sinal para os três principais índices de ações em Nova York era único: Dow Jones -0,05%, S&P 500 -0,57% e Nasdaq -1,04%. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 117968.12 0.92809

Máxima 118153.67 +1.09

Mínima 116885.04 0.00

Volume (R$ Bilhões) 1.71B

Volume (US$ Bilhões) 3.47B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 119130 0.49772

Máxima 119485 +0.80

Mínima 118165 -0.32

CÂMBIO

Em sessão morna e de liquidez reduzida, o dólar à vista subiu no mercado doméstico de câmbio e voltou a superar a barreira de R$ 4,95, alinhado ao sinal predominante de alta da moeda americana no exterior. À espera da divulgação, amanhã, do índice de preços ao consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que pode mexer com as expectativas para os próximos passos do Federal Reserve, investidores optaram por uma postura mais cautelosa.

Por aqui, a leitura benigna do IPCA de agosto, que animou o Ibovespa e derrubou os juros futuros, contribuiu, em menor magnitude, para o escorregão do real, ao abrir as apostas para uma aceleração do ritmo de corte da taxa Selic ainda neste ano. Para o encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) marcado para a semana que vem, contudo, a perspectiva majoritária ainda é de nova redução da taxa básica em 0,50 ponto porcentual, para 12,75% ao ano.

Com oscilação de pouco mais de três centavos entre mínima (R$ 4,9353) e máxima (R$ 4,9678), o dólar à vista fechou cotado a R$ 4,9530, em alta de 0,44%, devolvendo uma parcela da queda de ontem (-1,04%). No mês, a divisa passa a acumular ligeira alta (+0,04%). Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para outubro apresentou volume reduzido, movimentando menos de US$ 9 bilhões.

“O mercado operou hoje na expectativa pelo CPI nos Estados Unidos amanhã, que vai dar mais subsídios para a decisão do Federal Reserve. Não vejo motivos para o dólar deixar de apresentar uma tendência de alta, pelo menos no curto prazo”, afirma o especialista em câmbio da Manchester Investimentos, Thiago Avallone.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operava em leve alta no fim da tarde, ao redor dos 104,700 pontos, após se aproximar do nível dos 105,000 pontos na máxima (104,918 pontos). A moeda americana subiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha recuado em relação a dois pares relevantes do real, os pesos mexicano e colombiano.

Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, além da cautela na véspera da divulgação do CPI nos EUA, a taxa de câmbio mantém certa rigidez, operando acima de R$ 4,93, em razão da ausência de “fluxo suficiente de captações e investimentos para contrabalançar os riscos de deterioração do déficit fiscal”.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, reafirmou hoje que a equipe econômica vai cumprir a meta de zerar o déficit primário em relação ao PIB em 2024, embora tenha reconhecido que há o risco de descumprimento caso o Congresso aumente despesas por meio de renúncias fiscais ou subsídios. Segundo Tebet, uma reavaliação de políticas públicas vai garantir que o governo adote medidas de cortes de gastos em 2024, como demandado pelo mercado.

Pela manhã, o IBGE informou que o IPCA acelerou de 0,12% em julho para 0,23% em agosto, resultado inferior à mediana das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast (0,28%). Apesar da aceleração mensal, o IPCA apresentou composição mais benigna, com perda de fôlego de núcleos e de serviços. Casas como LCA Consultores e Warren Rena revisaram para baixo a projeção para o IPCA fechado deste ano.

Na visão da equipe de Macro da Genial Investimentos, capitaneada pelo economista José Márcio Camargo, o fato de grande parte das economias desenvolvidas ainda estarem em “processo de aperto monetário recomenda cautela adicional” para o Banco Central. O time da Genial observa que o Banco do Chile reduziu o ritmo de corte de juros neste mês, ao anunciar redução da taxa básica do país 0,75 ponto porcentual, para 9,50%. Isso porque o início do ciclo afrouxamento em julho, com um corte de 1 ponto porcentual, provocou aumento da volatilidade da taxa de câmbio e “desvalorização significativa” da moeda chilena.

“O Banco Central deve permanecer vigilante a esse mesmo risco, sob pena de desencadear um movimento de desvalorização da moeda brasileira com impactos negativos sobre o processo de desinflação”, afirma a equipe da Genial, que prevê mais três cortes de 0,50 pontos da taxa Selic neste ano, para 11,75%. (Antonio Perez – [email protected])

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.95300 0.4421 4.96780 4.93530

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4966.500 0.40433 4981.000 4948.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4969.030 05/09    

MERCADOS INTERNACIONAIS

A interpretação de que o mercado de petróleo ficará mais apertado após relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) levou a commodity a fechar em alta de quase 2%, movimento que ajudou empresas de energia americanas, mas não o suficiente para ajudar as bolsas de Nova York a encerrarem o pregão no azul. Os mercados acionários também foram pressionados pelo mau desempenho da Apple após lançamento do iPhone 15 decepcionar investidores, que pesou entre empresas intensivas em tecnologia. Na falta de novos indicadores, investidores operaram no aguardo da publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos de amanhã, o que ajudou a elevar os juros dos Treasuries e o dólar ante rivais e emergentes, com a libra também fraca diante de aumento na taxa de desemprego do Reino Unido, que alimenta a expectativa de uma postura mais dovish pelo Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), segundo analistas.

O relatório mensal da Opep manteve sua projeção de alta na demanda e elevou a previsão de oferta de países fora do grupo para este ano. Conforme avalia a Oanda, a força do petróleo ocorre depois que o relatório mensal da Opep indicou que “o mercado petrolífero vai estar muito mais restritivo do que se pensava inicialmente”, o que ajudou a levar o petróleo Brent à marca de US$ 92 o barril.

A Oanda destaca que antes da decisão da Opep+ no final do mês passado, as expectativas eram de que o mercado global tivesse um déficit de oferta de pouco mais de 1 milhão de barris por dia. “Depois da Opep+, foi considerado que o déficit de oferta seria cerca do dobro desse valor”. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para outubro fechou em alta de 1,78% (US$ 1,55), a US$ 88,84 o barril, enquanto o Brent para o novembro negociado na Intercontinental Exchange (ICE), subiu 1,57% (US$ 1,42), a US$ 92,06 o barril. O analista da S&P Herman Wang destaca ainda que a análise mais recente da Opep indica que se o bloco mantiver a produção de agosto até o fim do ano, o mercado global terá um déficit de mais de 3 milhões barris por dia no 4º trimestre deste ano.

Ainda segundo a Oanda, o mercado poderá apertar ainda mais se a Europa e a China começarem a se recuperar economicamente, o que pode até levar o Brent a operar no nível de US$ 100 o barril. Projetando um avanço um pouco menor, o Departamento de Energia dos Estados Unidos alertou que o preço do barril do Brent deverá subir para US$ 93 no quarto trimestre, uma revisão para cima de sua projeção anterior, que era de US$ 86 o barril.

Apesar da força do petróleo ter ajudado empresas de energia, com a ExxonMobil avançando 2,92% e a ConocoPhillips subindo 2,19%, as bolsas de Nova York fecharam em queda, após recuperação recente e com pressão de empresas intensivas em tecnologia. Um dos destaques era a Apple, que caiu 1,71%, após apresentação de novos produtos, que não agradou o mercado.

Segundo o City Index, as empresas também seguiram a Oracle (-13,49%), que apresentou balanço decepcionante para investidores, ajudando o Nasdaq a encerrar o pregão em queda de 1,04%, após três sessões consecutivas de alta. O Dow Jones cedeu 0,05% e o S&P 500 teve queda de 0,57%.

Investidores também aguardavam a publicação do CPI de agosto dos EUA. Segundo o Projeções Broadcast, a inflação ao consumidor deve subir 0,6% em agosto ante julho, com taxa anual de 3,6%, enquanto seu núcleo deverá crescer 0,2% e 4,3% na mesma comparação. Na visão do Citi, a persistência do índice deverá levar a mais uma alta de 25 pontos-base nos juros do Federal Reserve (Fed) em novembro, enquanto o CIBC destaca que o CPI deverá consolidar a visão de que as taxas dos Fed Funds não mudarão neste mês.

Assim, os juros dos Treasuries avançaram, o que, para o BMO, também foi apoiado pelo risco de o núcleo do CPI dos EUA vir acima do esperado, o que poderá ter “maiores implicações nas probabilidades de um aumento de juros em novembro ou dezembro”. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 5,024%, o da T-note de 10 anos baixava a 4,267% e o do T-bond de 30 anos recuava a 4,342%.

Já o dólar subiu ante moedas fortes e emergentes nesta sessão, após registrar queda ontem. A Convera destaca o avanço da taxa de desemprego no trimestre até julho como sinal de enfraquecimento do mercado de trabalho britânico, o que não foi boa notícia para a libra – apesar de a empresa ainda apostar em uma elevação de juros de 25 pb pelo BoE na decisão monetária da semana que vem. Segundo análise, outros riscos para a libra são os efeitos defasados dos juros no Reino Unido e a probabilidade de recessão no mercado imobiliário. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 147,13 ienes, o euro recuava a US$ 1,0732 e a libra tinha baixa a US$ 1,2490. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,14%, a 104,711 pontos.

De volta aos EUA, o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, informou sua determinação de que os Comitês da Casa abram um inquérito de impeachment de Biden, em meio a divergência sobre os gastos federais. De acordo com avaliação do Danske Bank, os republicanos podem tentar pressionar por cortes nas despesas, como o adiamento de novas medidas à Ucrânia. (Natália Coelho – [email protected])