APETITE POR RISCO PREVALECE, NY SOBE, DÓLAR E DIS CAEM, MAS IBOVESPA SOFRE CORREÇÃO

Os ativos domésticos passaram por alguma acomodação ao longo da tarde, mas o exterior continuou preponderando para a maioria deles. Em Wall Street, as bolsas subiram e o S&P 500 encerrou perto da máxima histórica de fechamento, mesmo depois de o PIB dos EUA ter crescido menos do que o previsto no segundo trimestre. Na verdade, esse dado foi lido com os olhos da véspera, quando o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um discurso considerado dovish e disse que ainda há um “caminho a trilhar na melhora do mercado de trabalho” até a meta do banco central americano. Ou seja, a atividade menos pujante reforça a ideia de que a política monetária americana seguirá estimulativa e a liquidez, abundante. O Ibovespa ignorou tudo isso, mas os demais mercados, não. O dólar perdeu força globalmente e, ante o real, cedeu 0,60%, a R$ 5,0792 – menor valor desde 2 de julho. A moeda brasileira, nesta véspera de disputa pela formação da taxa Ptax de julho, que sempre adiciona alguma volatilidade aos negócios, foi beneficiada também pela perspectiva cada vez mais unânime de alta de 1 ponto porcentual da Selic, para 5,25% ao ano. Tal fato aumentaria a atratividade para operações de carry trade, usando o diferencial do juro baixo internacional e mais elevado localmente, além de estimular os exportadores a internalizar mais recursos. As taxas dos DIs recuaram num movimento de correção propiciado pelo dólar mais fraco, pelo IGP-M aquém do estimado e pelo apetite por risco vindo do exterior. Mas o recuo se deu de forma mais intensa nos vencimentos intermediários e, apesar de os curtos também caírem, seguiram precificando chances majoritárias de aperto de 1 ponto da Selic, com o restante das apostas concentradas numa elevação ainda mais intensa, de 1,25 ponto. Os dados de emprego em julho, melhores que o previsto, e das contas públicas, piores, foram apenas monitorados. Na renda variável, além da eventual redução de atratividade diante de um juro maior, o que determinou o recuo de 0,48% do Ibovespa, aos 125.675,33 pontos, foi a correção em baixa de importantes papéis do índice, como Vale e Ambev. Ambas as empresas apresentaram resultados fortes, mas enquanto a mineradora passou por uma correção diante de números não muito distantes do previsto, a companhia de bebidas sofreu desconto quando os investidores olharam adiante, com o aumento de custos de commodities como o trigo.

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam com ganhos, sem ser abaladas pelo Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre dos Estados Unidos, que mostrou crescimento abaixo do esperado por analistas. A perspectiva de manutenção do apoio da política monetária pelo Federal Reserve (Fed), ratificada ontem, e balanços corporativos continuavam a apoiar as ações. A postura do BC americano e a menor busca por segurança levaram o dólar a recuar e os juros dos Treasuries longos a subir. O movimento do câmbio ainda apoiou as commodities, como o petróleo, que ganhou mais de 1,5%.

O crescimento abaixo do esperado no segundo trimestre nos EUA não impediu a tomada de risco, além de potencialmente reforçar o argumento de que o Fed não terá pressa em um aperto monetário. A Casa Branca celebrou o avanço do PIB nesta tarde, no momento em que o governo do presidente Joe Biden busca aprovar um pacote de infraestrutura, e disse não ver impacto significativo da variante delta da covid-19 sobre a atividade neste momento. A Casa Branca ainda voltou a minimizar a trajetória da inflação, ao dizer que analistas de dentro e fora do governo apontam que o salto dela deve ser temporário.

Entre os mercados, o apetite por risco e a menor busca por segurança prevaleceu. No caso dos Treasuries, os juros longos subiram, mas o da T-note de 2 anos, mais sensível à política monetária, recuou. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 0,199%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,269% e o do T-bond de 30 anos subia a 1,910%.

O BMO Capital Markets comenta em relatório o resultado “contraintuitivo” de avanços nos juros dos Treasuries em geral, em dia de PIB abaixo do esperado nos EUA. O banco destaca a leitura do índice de preços de gastos com consumo (PCE), que teve alta anualizada de 6,1% em seu núcleo no segundo trimestre. O BMO diz que a reação dos investidores apoia a ideia de que há inflação para a qual o Fed deve continuar a não dar importância. O Bank of America, por sua vez, afirma que o juro da T-note de 10 anos está em nível baixo, apesar de números fortes de crescimento e inflação. Para o BofA, isso ocorre pela crença de que o Fed não poderá elevar muito os juros, uma vez que comece seu ciclo de aperto, diante da vulnerabilidade de alguns setores a altas nos juros e também de um crescimento mais modesto no país para além de 2022.

Nas bolsas, balanços também continuavam a influenciar. Hoje, Ford subiu 3,68% e Mastercard, 1,42% depois da publicação de resultados. O Dow Jones fechou em alta de 0,44%, em 35.084,53 pontos, o S&P 500 subiu 0,42%, a 4.419,15 pontos, e o Nasdaq avançou 0,11%, a 14.778,26 pontos. O S&P 500 terminou próximo de novo recorde histórico de fechamento.

No câmbio, o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de outras moedas principais, caiu 0,50%, a 91,864 pontos. Para a Western Union, a moeda americana foi pressionada pela falta de pressa do Fed, não só em elevar os juros mas também em anunciar diretrizes mais claras para a futura redução nas compras de bônus (“tapering”). No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 109,45 ienes, o euro subia a US$ 1,1890 e a libra tinha alta a US$ 1,3966.

Entre as commodities, o dólar mais fraco e a propensão ao risco apoiaram os contratos do petróleo. O contrato do WTI para setembro fechou em alta de 1,70%, em US$ 73,62 o barril, na Nymex, e o Brent para outubro subiu 1,67%, a US$ 75,10 o barril, na ICE. A Capital Economics afirma em relatório que o petróleo deve manter impulso positivo no terceiro trimestre, mas perder força depois disso, conforme a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) continua a elevar a produção e o crescimento na demanda desacelera. (Gabriel Bueno da Costa – [email protected])

CÂMBIO

O dólar emendou nesta quinta-feira (29) o segundo pregão consecutivo de queda firme, acompanhando o movimento global de enfraquecimento da moeda americana, em dia marcado por apetite ao risco. Analistas afirmam que a aposta em alta mais pronunciada da taxa Selic e a perspectiva de manutenção de liquidez global farta nos próximos meses – aberta pelo tom ameno do Federal Reserve ontem e reforçada, hoje, pelo resultado aquém do esperado do PIB dos EUA no segundo trimestre – abrem uma janela para apreciação do real no curto prazo.

A taxa Selic mais gorda aumenta a atratividade da renda fixa brasileira e pode estimular os exportadores a internalizar mais recursos. Também conta a favor do real nas próximas semanas a possibilidade de elevação do fluxo externo de recursos para ofertas de ações na B3, que, até o momento, tem sido em sua maior parte absorvida por investidores locais. Com esse pano de fundo, já há quem veja a possibilidade de o dólar furar o piso de R$ 5, caso não haja solavancos do lado político.

Hoje, o dólar rompeu R$ 5,10 já na abertura e, no início da tarde, chegou a furar o piso de R$ 5,05, ao descer até a mínima de R$ 5,0422. No fim da sessão, a moeda americana era negociada a R$ 5,0792, em queda de 0,60%, levando a desvalorização na semana a 2,52%. É o menor valor de fechamento desde 2 de julho. Apesar do tombo recente, o dólar ainda acumula alta de 2,13% em julho. Amanhã, é dia de formação da última Ptax do mês, o que pode exacerbar a volatilidade da moeda.

A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, vê uma janela favorável para o real no curto prazo, na esteira de entrada de dinheiro para aproveitar o diferencial de juros – com eventual alta de 1 ponto porcentual da Selic em agosto e sinalização de outra elevação de 1 ponto na sequência – e manutenção de um ritmo forte de exportações. “No quesito crescimento, apesar de cerca moderação na margem, o Brasil está em vantagem em relação a outros países, o que também favorece a moeda”, afirma.

Outro ponto que deve ser observado é a dinâmica do câmbio contratado. A economista destaca que no segundo trimestre os exportadores deixaram cerca de US$ 7 bilhões no exterior, mesmo com a Selic já mais elevada. “Não é possível saber se o exportador vai alterar sensivelmente sua forma de atuar. Mas faz sentido trazer um pouco mais de recursos se a Selic subir 100 pontos-base (1 ponto porcentual)”, pondera.

Para o economista-chefe Instituto Internacional de Finanças (IFF), Robin Brooks, os mercados sabem que a redução de estímulos nos Estados Unidos não virá em breve, o que dá impulso às moedas emergentes, “especialmente onde os bancos centrais estão subindo os juros, caso do Brasil”. Brooks ainda vê o real 15% abaixo de seu valor justo, de R$ 4,50. “Os estrangeiros estão entusiasmados. O que é necessário para que os brasileiros fiquem um pouco menos negativos com seu próprio País…”, escreve Brooks no Twitter.

Damico, da Armor, vê espaço para que o dólar fure o piso de R$ 5 no curto prazo, mas não acredita em taxa de câmbio na casa de R$ 4,60 ou R$ 4,50. No médio prazo, observa a economista, a tendência é de a moeda americana subir e encerrar o ano em R$ 5,30. Ela argumenta que ao aumento de remessas de lucros e dividendos, evento típico de fim de ano, vão se somar uma balança comercial menos exuberante e a liquidação da segunda parte do overhedge dos bancos. E isso vai acontecer justamente no momento em que o debate sobre o ‘tapering’ estará a pleno valor, o que pode dar fôlego à divisa dos EUA.

“As pessoas também vão começar a olhar mais para os riscos eleitorais. Isso tudo torna o fim de ano um pouco mais difícil para a moeda”, complementa a economista da Armor, lembrando também que ainda existem dúvidas também sobre o impacto da reforma tributária sobre as remessas de lucros e dividendos.

Na B3, o dólar futuro para agosto era negociado a R$ 5,0800, em queda de 0,77%, com giro na casa de US$ 13 bilhões. (Antonio Perez – [email protected])

17:28

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 5.07920 -0.6008 5.09270 5.04220

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5072.500 -0.91806 5099.500 5042.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5096.000 -0.84639 5111.500 5064.500

JUROS

Os juros futuros corrigiram parte da forte adição de prêmios vista nos últimos dias e fecharam em baixa, mais pronunciada nos vencimentos intermediários, justamente os que mais vinham subindo desde o começo da semana. O clima de apetite ao risco no exterior e o dólar em queda acabaram por estimular um ajuste na curva, assim como o IGP-M de julho abaixo da mediana das estimativas. À tarde, as taxas desaceleraram o ritmo na medida em que o dólar também ganhou força, com alguma influência ainda do déficit do governo central pior do que o consenso. O leilão de prefixados teve lotes e risco menores do que o anterior de mesmos vencimentos, sem exercer pressão sobre a curva.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 6,20%, de 6,265% ontem no ajuste, a do DI para janeiro de 2023 caiu de 7,69% para 7,56%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 8,36%, de 8,455% ontem, e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 8,72%, de 8,76%.

As taxas começaram a sessão ainda sob o efeito da mensagem dovish ontem do Federal Reserve, hoje potencializada pelo número abaixo do esperado do PIB americano do segundo trimestre, reforçando a ideia de manutenção dos estímulos de liquidez global por um bom período. O apetite ao risco animou as bolsas e enfraqueceu o dólar de forma generalizada. Aqui, a moeda chegou a bater mínimas na casa dos R$ 5,04. “Os juros acompanham esse dólar em baixa, novamente perto dos R$ 5,05, e o ajuste na ponta curta se dá também porque se criou uma gordura grande nos últimos dias”, disse o analista de Investimentos Renan Sujii.

“O Fomc disse ontem que não é hora de subir os juros. O mercado aceitou. E hoje, os dados de atividade nos EUA ajudaram o comitê [Fomc], com PIB abaixo do esperado e pedidos de seguro desemprego em alta. Isso tirou pressão do dólar e ajudou quase todas as moedas. O real, como de hábito, bastante”, destacou, em nota, o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves. “Ainda que a expectativa do mercado sobre a Selic a ser definida pelo Copom na próxima quarta-feira continue em 100 pontos, as taxas futuras cederam. O IGP-M abaixo do esperado e com dinâmica favorável do IPA também ajudou”, completou.

O IGP-M subiu 0,78% em julho, bem abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 0,90%, com destaque para os preços do atacado agrícola, que aprofundaram a deflação (-0,90% para -1,33%). Mesmo diante dos riscos representados pela crise hídrica e da possível redução da oferta de alimentos em função das geadas, o coordenador de índices de preços da FGV, André Braz, prevê para o segundo semestre variações do indicador muito abaixo das observadas em igual período de 2020.

A agenda do dia trouxe ainda o saldo do Caged de junho, com criação de 309,1 mil vagas, acima da mediana das estimativas (267.700), mas que não chegou a pesar sobre a curva. No fim da tarde, o mercado ensaiou uma piora após o resultado do governo central do mês passado, que trouxe déficit primário de R$ 73,5 bilhões, ante mediana de saldo negativo de R$ 66,4 bilhões. O número também é pior do que a mediana das expectativas do Prisma, de déficit de R$ 56,9 bilhões. O resultado foi impactado por questões como a antecipação do 13º de aposentados e pensionistas, que foram pagos em maio, junho e julho neste ano, segundo o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt.

O leilão do Tesouro não foi visto como um fator de grande efeito nos DIs nesta quinta-feira, até porque o lote de LTN (8,5 milhões) foi menor do que no último de mesmos vencimentos, em 15/7, de 11 milhões. A oferta de NTN-F foi a mesma, de 1,3 milhão, com 1,250 milhão efetivamente vendidos. O risco, segundo a Renascença, ficou em US$ 386 mil, ante US$ 518 mil há 15 dias. Foi o último leilão do mês e agora, como destaca Luis Felipe Laudisio, operador de renda fixa da instituição, haverá um período de hiato, onde as operações não são contabilizadas para o ranking dos dealers, o que tende a reduzir a demanda pelos papéis. (Denise Abarca – [email protected])

17:28

Operação   Último

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 4.94

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 4.15

Over Selic (%a.a) 4.15

BOLSA

Em dia de juros e dólar tendendo para baixo, com retomada de apetite por risco no exterior, o Ibovespa operou em via própria, alternando ganhos e perdas nas últimas seis sessões, que o mantêm agora, faltando apenas a sexta-feira para o encerramento do mês, na mesma casa de 125 mil pontos em que havia iniciado julho. Hoje, descolado de ganhos de até 0,44% em Nova York (Dow Jones), o índice da B3 fechou em baixa de 0,48%, a 125.675,33 pontos, entre mínima de 124.917,27 e máxima de 126.475,63, saindo de abertura aos 126.285,20 pontos.

Após ter ficado acima de R$ 30 bilhões ontem, o giro financeiro voltou a se enfraquecer, a R$ 27,9 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o Ibovespa avança 0,50%, limitando a perda de julho a 0,89% que, caso se confirme amanhã, será a primeira desde fevereiro – após retração no primeiro bimestre, o índice subiu de março a junho. No ano, o Ibovespa acumula ganho de 5,59%.

Hoje, o PIB abaixo do esperado para os Estados Unidos no segundo trimestre combinou bem com o tom ‘dovish’ de ontem do Federal Reserve, mantendo sobre a mesa o cenário de liquidez ampla que, temia-se, poderia começar a ser revertido na eventualidade de aquecimento econômico e da inflação. Aqui, a perspectiva ainda é de avanço para a Selic até o fim do ano – o Copom volta a se reunir na próxima semana -, o que afeta o apetite por ações, com o mercado optando nesta quinta-feira por realizar lucros à medida que bons resultados trimestrais, como os de Vale (ON -1,47%) e Ambev (ON -1,15%), vão se confirmando.

“Nomes de peso, como Vale e Ambev, operaram hoje em queda mesmo após a divulgação de resultados surpreendentes no segundo trimestre. Apesar de recorde, Vale trouxe números bem em linha com os que haviam saído no relatório de produção. Da mesma forma, Ambev, com segundo trimestre bem robusto, apresentando recuperação muito forte da receita líquida, mas o mercado está de olho nas pressões de custo, que afetaram bastante as margens da empresa – que depende de trigo, uma commodity dolarizada”, diz Victor Licariao, líder em produtos e alocação de renda variável da Blue3.

“O mercado hoje destoou do exterior, realizando no fato, ainda de olho nos bons resultados das empresas que vêm reportando, como os excelentes (números) apresentados pela Vale – sobe no boato, cai no fato. Em contrapartida, o setor siderúrgico, que estava um pouco depreciado com todos esses temores externos, teve uma reviravolta e hoje despontou, também com base em resultados a serem divulgados aí pra frente. Ontem, o setor de bancos subiu, com os resultados do Santander, e hoje realizou um pouco, em movimento natural”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, que acredita em melhora adiante.

Na ponta do Ibovespa, CSN ON fechou esta quinta-feira em alta de 5,62%, à frente de Multiplan (+5,36%), de Iguatemi (+3,27%) e de Usiminas (+3,22%). Na face oposta, Pão de Açúcar cedeu 7,40%, Cogna, 2,88%, WEG, também 2,88%, e Totvs, 2,50%. Entre as blue chips, Petrobras PN subiu 0,36% e a ON cedeu 0,39%, enquanto a realização de lucros prevaleceu entre as ações do setor financeiro, com destaque para Banco do Brasil ON (-1,58%), Bradesco PN (-0,96%) e Unit do Santander (-1,44%).

“Há uma correção natural no curto prazo, com muitas questões pendentes para agosto, como as reformas no Congresso e a definição do Bolsa Família, tanto em valor como em número de beneficiários. O cenário é favorável para este semestre, com IPOs que tendem a trazer fluxo externo de volta para as ações, além da retomada econômica, que deve ganhar fôlego com a sinalização da suspensão de restrições sociais a partir de agosto, favorecendo o desempenho de ações como as do setor de varejo físico”, diz Thiago Loiola Reis, diretor da mesa de renda variável do Prosperidade, escritório ligado ao BTG Pactual.

Para Licariao, os últimos sinais, de alguma acomodação nas pressões de autoridades chinesas sobre empresas do país listadas no exterior – fator que resultou recentemente em pressão de venda nos mercados acionários da maior economia asiática -, contribuem para melhora da percepção de risco no exterior.

“Outro ponto de destaque é a saída de capital estrangeiro da Bolsa (B3): julho permanece a caminho de ser a segunda maior retirada de recursos estrangeiros desde agosto do ano passado. A variante Delta do coronavírus e a expectativa pela indicação do momento do ‘tapering’ (retirada de estímulos monetários) nos Estados Unidos resultaram em busca por opções de investimento consideradas mais seguras, como os Treasuries”, acrescenta Licariao. Ele chama atenção também para fatores domésticos, com a aproximação da eleição de 2022 e a polarização política associada ao pleito, com “cunho populista muito forte”.

Ainda assim, com o Ibovespa atualmente preso entre 125 mil e 130 mil pontos, a Bolsa ainda está barata, diz o especialista, longe dos recordes quando se considera o câmbio e o IPCA. “O mercado está observando um ‘target’ para o fim do ano entre 145 mil e 150 mil pontos, com as estimativas de lucros das ações das empresas subindo, fazendo a estimativa de P/L das empresas cair para quase 9 vezes – e que tem média histórica na casa de 11,6 vezes nos últimos 10 anos”, acrescenta Licariao, chamando atenção também para a retomada do interesse “gringo” por IPOs de empresas como Raízen, tendo em vista o atual nível de precificação de ativos brasileiros. (Luís Eduardo Leal – [email protected])

17:27

Índice Bovespa   Pontos   Var. %

Último 125675.33 -0.48324

Máxima 126475.63 +0.15

Mínima 124917.27 -1.08

Volume (R$ Bilhões) 2.79B

Volume (US$ Bilhões) 5.50B

17:28

Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %

Último 125705 -0.49867

Máxima 127135 +0.63

Mínima 125135 -0.95