BOLSAS SOBEM E DÓLAR CEDE ABAIXO DE R$ 5 COM MEDIDAS, MAS PETRÓLEO LIMITA MOVIMENTOS

Os mercados globais experimentaram mais um dia de alívio, na esteira da aprovação, ainda durante a madrugada, do pacote de estímulos de US$ 2 trilhões pelo Senado americano. Mas o tombo do petróleo à tarde funcionou como um contrapeso ao quadro positivo, diminuindo um pouco o apetite por risco visto mais cedo, diante da percepção de que governos e bancos centrais estão fazendo o possível para conter os efeitos do coronavírus na economia. Na segunda metade do dia, uma informação de que a demanda global por petróleo pode cair para até 20% do total, dada por um diretor da Agência Internacional de Energia (AIE) não poupou a commodity, com o Brent cedendo quase 4% e o WTI, mais de 7,5%. Tal fato pesou nos papéis de Petrobras, afastou o Ibovespa das máximas do dia e deixou o ganho do mercado local abaixo do verificado em Nova York, onde os principais índices subiram mais de 6%. No fim, a Bolsa brasileira acabou com valorização de 3,67%, aos 77.709,66 pontos, no terceiro pregão seguido de alta, acumulando ganho de 15,86% na semana. Petrobras virou no fim e teve leve alta, no dia em que a Fecombustíveis informou estar sobrando combustíveis, com demanda entre 40% e 50% menor nos postos de Rio e São Paulo. Ainda no cenário corporativo, Deputados de dez partidos do Centro querem aprovar nos próximos dias a obrigação de empresas com patrimônio superior a R$ 1 bilhão emprestarem até 10% de seus lucros para o combate aos efeitos da Covid-19. Esse arrefecimento dos mercados acionários também ameaçou impedir o dólar de fechar abaixo de R$ 5 novamente, algo que não acontecia desde o últimos dia 13. Nos minutos, finais, contudo, a divisa voltou a cair um pouco mais e terminou com recuo de 0,71%, a R$ 4,9970, depois de tocar na mínima, pela manhã, de R$ 4,9738. Nos últimos três pregões, o dólar cedeu 2,6%. O índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante divisas fortes, caiu abaixo de 100 pontos pela primeira vez desde o último dia 20. O mercado de juros, contudo, passou ao largo desse movimento no fim do dia e se moveu de olho nas ações de governos e bancos centrais nas últimas semanas, o que resultou em nova desinclinação da curva, com as taxas curtas entre estabilidade e viés de alta e as longas, em queda. Segundo os agentes, a melhora da confiança na atuação dos governos no combate aos efeitos da pandemia, que segue acelerando a uma taxa exponencial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ameniza o senso de urgência de cortes agressivos da Selic, o que explica o comportamento da ponta curta. Hoje, aliás, ao comentar o Relatório Trimestral de Inflação, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse não ver necessidade, no momento, de nenhuma ação extraordinária nos juros. Para a reunião de maio, a curva de juros precifica 36% de chance de corte de 0,5 ponto e 64% de possibilidade de queda de 0,25 ponto.

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam em forte alta, apoiadas pela leitura de que os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA poderiam ser piores e de que, de qualquer modo, o dado reforça a expectativa por estímulos – a Câmara dos Representantes americana tem dado sinais positivos sobre o pacote de US$ 2 trilhões. Alguns analistas ponderavam se o comportamento mais positivo nas bolsas nesta semana poderia sinalizar uma mudança no humor dos investidores, mas outros continuavam a destacar o grau de incerteza ainda presente, com os casos de coronavírus aumentando e as dúvidas sobre quando pode haver retomada na atividade pelo mundo. No câmbio, o dólar seguiu pressionado ante moedas principais, com ajustes após altas recentes e a percepção de que o Federal Reserve (Fed) pode adotar mais medidas, o que também ajudou a pressionar os retornos dos Treasuries. O petróleo, por sua vez, registrou queda considerável, após previsão negativa para a demanda vinda da Agência Internacional de Energia (AIE).

A leitura de que o dado de auxílio-desemprego nos EUA poderia ser pior, mas de qualquer modo reforça a expectativa de mais estímulos oficiais à economia, resultou em ganhos para as bolsas de Nova York. Em relatório, o BMO Capital comenta que “parece que o sentimento de risco fundamentalmente mudou nos últimos dias”, embora também alerte mais adiante que obviamente “o risco permanece”.

Já a Oxford Economics destaca em outro relatório o fato de que temos perdas significativas para a economia mundial, lembrando que mesmo na eventualidade de recuperações rápidas isso implicará “grandes perdas para todo o ano”. A consultoria vê ainda o pacote trilionário agora em discussão na Câmara dos Representantes como um instrumento para reduzir o risco de uma depressão ainda maior na atividade e no emprego, além de um apoio à atividade após o quadro ser controlado, mas alerta que isso “não evitará a recessão por vir”.

Nas bolsas de Nova York, o otimismo veio também de sinais de apoio ao quadro global dos líderes do G20, elogiados pelo diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Roberto Azevêdo. O índice Dow Jones fechou em alta de 6,38%, em 22.552,17 pontos, o Nasdaq subiu 5,60%, a 7.797,54 pontos, e o S&P 500 teve ganho de 6,24%, a 2.630,07 pontos.

No câmbio, o dólar ajustou ganhos recentes. A Capital Economics comenta que o recuo da moeda nos últimos dias sugere que o esforço dos dirigentes dos bancos centrais para reduzir a pressão nos mercados de financiamento de longo prazo está surtindo efeito. O Bank of America, porém, ainda vê espaço para fortalecimento da divisa, ao acreditar que a demanda prosseguirá, no quadro atual. No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 109,41 ienes, o euro avançava a US$ 1,1042 e a libra tinha alta a US$ 1,2184. O índice DXY, que mede o dólar ante outras principais, recuava 1,77%, a 99,266 pontos.

No mercado de Treasuries, o juro da T-note de 2 anos caía a 0,269% e o da T-note de 10 anos, a 0,827%. Além da busca por segurança ainda presente nesse mercado, os retornos dos bônus eram pressionados pelas medidas recentes do Fed. O Danske Bank comenta que ainda vê pressão de baixa sobre o juro da T-note de 10 anos nos próximos meses, acreditando que ele pode recuar a 0,50% dentro de dois meses, com a economia americana “ainda sob pressão” e os programas do Fed “apoiando fortemente o mercado de bônus”.

Entre as commodities, o petróleo WTI para maio fechou em queda de 7,71%, a US$ 22,60 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês recuou 3,83%, a US$ 26,34 o barril, na ICE. O óleo piorou após o diretor da AIE, Fatih Birol, afirmar que a demanda global pode sofrer contração de 20% em relação ao cenário atual, por causa do coronavírus. O Commerzbank avalia que essa pressão deve continuar sobre os preços, enquanto o Julius Baer lembra a disputa recente e ainda não resolvida entre Arábia Saudita e Rússia, que levou a uma maior oferta e à consequente queda nos preços.

Fonte: Gabriel Bueno da Costa – [email protected]

BOLSA

O Ibovespa fechou nesta quinta-feira em alta pela terceira sessão seguida, algo que não acontecia desde o intervalo entre os dias 3 e 5 de fevereiro, quando o principal índice da B3 estava entre os 114,6 mil e os 116 mil pontos. Hoje, o índice teve ganho mais brando, de 3,67%, aos 77.709,66 pontos no fechamento, após avanço de 7,50% ontem e de 9,69% na terça-feira. Assim como nas sessões anteriores, a recuperação foi induzida do exterior, com desempenho positivo nos mercados acionários da Europa e dos EUA. Em Nova York, o índice Dow Jones avançou hoje 6,38%, após alta de 2,39% no dia anterior e de mais de 11% na terça-feira, quando teve seu maior ganho diário desde 1933.

A aprovação no Senado dos EUA do pacote de US$ 2 trilhões e a indicação de que o G-20 pode desembolsar até US$ 5 trilhões contra o coronavírus, entre outras iniciativas sem precedentes de governos e BCs para dar amparo à economia global, contribuem para a retomada, ainda que parcial, dos ativos de risco. No Brasil, contudo, uma série de fatores de incerteza coloca em questão a extensão e o fôlego da recuperação observada até aqui na semana – o ganho acumulado no período chega agora a 15,86%, após cinco semanas de perdas consecutivas. O nível de fechamento de hoje foi o mais alto desde 13 de março, quando o índice foi a 82.677,91 pontos.

O giro da sessão totalizou R$ 30,1 bilhões, com o Ibovespa tendo oscilado entre 74.923,27 pontos na mínima e 78.846,34 pontos na máxima do dia. No mês, o índice perde 25,40% e, no ano, 32,80%. Na ponta positiva, CVC, uma das ações mais punidas pela crise do coronavírus, subiu hoje 32,41%, seguida por Braskem (+28,03%). Na ponta negativa, B2W cedeu hoje 6,48%, seguida por Pão de Açúcar (-5,26%) e Suzano (-4,43%).

Entre as blue chips, Petrobras PN virou no fim e subiu 0,49% e a ON, 0,34%, em dia de queda nos preços do petróleo após a Agência Internacional de Energia (AIE) ter estimado que a demanda mundial pela commodity pode cair até 20 milhões de barris/dia, o equivalente a 20% da procura global, em razão da quarentena imposta a bilhões de pessoas. A ação ordinária da Vale, por sua vez, fechou em alta de 2,82%, mesmo com o leve desempenho negativo do minério de ferro no fechamento em Qingdao (-0,65%).

“O mercado continua reagindo bem à magnitude sem precedentes do que tem sido feito lá fora pelos governos, se não para evitar ao menos mitigar os efeitos, inclusive econômicos, que serão brutais”, diz Mauricio Pedrosa, gestor da Áfira Investimentos.

Se, por um lado, o endereçamento de pacote trilionário nos EUA e a concessão de suporte público mesmo em governos europeus liberais, como o do Reino Unido, animam as bolsas estrangeiras no momento, e por extensão a B3, por outro há dúvidas maiores, no Brasil, com relação ao que de fato o governo fará e mesmo quanto ao ritmo de acentuação da curva da Covid-19. “Não há razões para disparar rojões por aqui”, diz Shin-Lai, estrategista da Upside Investors Research, que recomenda cautela aos investidores.

A incerteza sobre a reação ao coronavírus se acentuou após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, anteontem, no qual voltou a tratar a pandemia como um fenômeno menor e muito passageiro. “A impressão é a de que o governo tende a esperar mais para conhecer a curva da doença antes de optar pela ação econômica. Deve colocar a mão no bolso à medida que o problema for se acentuando, contrariando a visão da maioria dos economistas, mesmo daqueles mais preocupados com o aspecto fiscal”, diz Shin. Para o estrategista, há uma situação de excepcionalidade, compreendida por governos do exterior, mas que não foi ainda aceita aqui, especialmente pelo presidente Bolsonaro.

“Parece haver boa vontade no Congresso, especialmente do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com relação ao momento excepcional e ao que precisa ser feito. Mas, dentro do governo, há hesitação, especialmente a partir desse discurso de Bolsonaro”, acrescenta Shin, que prevê um desgaste político entre Presidência, Congresso e governadores estaduais que irá além do momento mais grave do coronavírus. “Será preciso ver como esta relação será reconstruída”, acrescenta.

De fato, desde o discurso de Bolsonaro, e da reiteração do compromisso dos governadores de manter a quarentena, algumas fissuras apareceram. Primeiro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, após silêncio inicial, reapareceu com discurso mais alinhado ao do presidente e, hoje, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, manifestou a possibilidade de flexibilizar já na próxima semana a quarentena, ante a falta de apoio econômico concreto do governo federal.

“No Brasil, há um debate legítimo sobre a extensão do isolamento, mas a posição favorável ao modelo horizontal tem se mostrado majoritária, na medida em que se deseja evitar sobrecarga ao sistema de saúde. Esta é a posição que deve prevalecer por enquanto, até que haja clareza maior sobre a curva da doença”, observa Pedrosa, da Áfira.

Na reunião com os países que compõem o G-20, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, na manhã desta quinta-feira, que é preciso proteger a saúde da população diante dos riscos do novo coronavírus, mas que as políticas precisam ter alinhamento econômico para garantir a manutenção de empregos durante a pandemia. O discurso é semelhante ao que Bolsonaro tem adotado no Brasil, ao defender o isolamento vertical, que abrange apenas integrantes dos grupos de risco: idosos e pessoas com doenças crônicas.

Fonte: Luís Eduardo Leal – [email protected], com Julia Lindner

 

Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 77709.66 3.6743

Máxima 78846.34 +5.19

Mínima 74923.27 -0.04

Volume (R$ Bilhões) 3.01B

Volume (US$ Bilhões) 6.02B

 

 

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 77795 4.28284

Máxima 78850 +5.70

Mínima 72225 -3.18

CÂMBIO

O dólar fechou em queda pelo terceiro dia seguido, e pela primeira vez abaixo de R$ 5,00 desde o último dia 13, novamente influenciado pelo exterior. A moeda americana teve novo dia de queda no mercado financeiro internacional com a aprovação no Senado em Washington do pacote emergencial de US$ 2 trilhões para contornar a crise gerada pela pandemia do coronavírus, o que estimulou os investidores a continuarem buscando ativos de risco. Além dos EUA, o G-20, grupo dos países mais ricos do mundo, anunciou hoje que pode desembolsar até US$ 5 trilhões. No mercado à vista, o dólar terminou o dia em R$ 4,9970, em queda de 0,71%.

O índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante divisas fortes, caiu abaixo de 100 pontos pela primeira vez desde o último dia 20. Nos emergentes, as moedas ganharam força ante o dólar, como pode ser visto pelo desempenho do WisdomTree Emerging Currency Strategy, fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) com divisas de emergentes negociado em Nova York, que subiu 1,36%.

Na avaliação do estrategista de moedas do banco canadense Scotiabank, Shaun Osborne, o ambiente de busca por ativos de risco hoje e nos últimos dois dias favoreceu as moedas mais arriscadas. “Seria ótimo pensar que o pior já passou, mas realmente ainda é muito cedo para dizer isso”, ressalta ele. Moedas de emergentes podem até ganhar um pouco mais de fôlego no curto prazo, mas Osborne avalia que o espaço para ganhos mais amplos é menos certo e deve ser limitado a partir de agora.

O estrategista do Scotiabank destaca que o dólar pode perder um pouco de fôlego no mercado internacional como um “porto seguro”, na medida em que os bancos centrais têm injetado liquidez em ritmo sem precedente nos mercados. Para os analistas da consultoria inglesa Capital Economics, a fraqueza do dólar esta semana sugere que o esforço dos formuladores de política para corrigir os problemas de liquidez do mercado vem tendo efeito.

Para o analista de mercado da Oanda em Nova York, Edward Moya, o dólar se manteve em queda no mercado financeiro internacional, com a aprovação no Senado do pacote de estímulo de US$ 2 trilhões estimulando a busca por risco, ressalta ele em comentário à imprensa. O principal evento econômico da semana, a divulgação dos pedidos de auxílio-desemprego dos EUA, confirmou o que todos estavam temendo, que a crise do desemprego deve ser feia e pode competir com a de 2008/2009. Para Moya, não seria espanto se os pedidos atingirem 16 milhões nas próximas semanas.

Em conferência pela internet hoje, o chefe de risco para as Américas da Fitch Solutions, Jeffrey Lamoureux, e o analista de risco, Andrew Trahan, destacaram que as reformas no Brasil “estão fora da mesa no futuro previsível” e que a economia brasileira deve encolher 1,9% este ano. Sobre as recentes declarações de Jair Bolsonaro contra a quarentena, a avaliação dos analistas é que elas mostram uma subestimação da crise, assim como no México, e criam risco político.

No mercado doméstico, o dia foi novamente de fraca liquidez nos negócios de câmbio, com giro de US$ 15 bilhões no contrato de abril do dólar futuro.

Estrangeiros prosseguiram reduzindo posições “compradas” em dólar futuro na B3. Ontem cortaram em mais US$ 1,3 bilhão, para apenas 65 mil contratos. O nível é similar ao período que antecedeu o mega leilão da cessão onerosa, em outubro de 2019. Desde o último dia 9 de março, estas posições vêm sendo reduzidas diariamente, em boa parte para fazer face a desmonte de estratégias na Bolsa e na renda fixa, no mercado de juros. No período, caíram de US$ 14 bilhões para US$ 3,2 bilhões.

Fonte: Altamiro Silva Junior – [email protected]

 

Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima

Dólar Comercial (AE) 4.99700 -0.7074 5.06470 4.97380

Dólar Comercial (BM&F) 5.0878 0

DOLAR COMERCIAL 5031.000 -0.11912 5066.000 4974.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5029.500 -0.36648 5060.500 4980.000

 

JUROS

A melhora da percepção de risco sobre a crise do coronavírus definiu a trajetória dos juros futuros nesta quinta-feira, em que as taxas de curto prazo terminaram a sessão regular com viés de alta e as intermediárias e longas recuaram em até 50 pontos-base. Embora a pandemia do coronavírus esteja acelerando a uma taxa exponencial, como alertou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ação tempestiva de governos e bancos centrais nas últimas semanas, com artilharia pesada para suavizar os impactos sobre a economia global, tem conseguido acalmar os mercados e, no caso dos juros, promover uma desinclinação da curva.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 subiu de 3,409% para 3,490% e a do DI para janeiro de 2022 passou de 4,502% para 4,43%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 7,76%, de 8,263%.

Segundo fontes da área de renda fixas, a melhora da confiança na atuação dos governos acaba por amenizar o senso de urgência de cortes agressivos da Selic, o que explica o comportamento da ponta curta, que, vale lembrar, vinha caindo muito ultimamente, com a taxa do DI janeiro de 2021 ontem tendo renovado mínima histórica. “O conjunto de medidas que estão sendo adotadas reduziu a preocupação com o impacto do coronavírus e está favorecendo um ajuste nas apostas de novo corte de 0,50 ponto da Selic”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Segundo ele, para a decisão do Copom em maio, a precificação da curva é de -34 pontos-base, ou seja, 36% de chance de corte de 0,5 ponto na Selic atual de 3,75% e 64% de possibilidade de queda de 0,25 ponto. Em entrevista sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, negou a possibilidade de uma eventual decisão extraordinária de mudança na taxa básica, a exemplo do que foi feito por diversos bancos centrais. “Não há nenhuma razão para isso. Neste momento, a Selic está apropriada”, disse.

O G20 salientou hoje que já injetou mais de US$ 5 trilhões na economia global, como parte de políticas fiscais, medidas econômicas e esquemas de garantia direcionados para combater os impactos da pandemia. Após atuar num primeiro momento para injetar liquidez via sistema financeiro, agora as autoridades discutem a possibilidade de trabalhar diretamente com as empresas, o que traz algum alívio às preocupações com a explosão do desemprego, especialmente após a aprovação do pacote de US$ 2 trilhões ontem pelo Senado norte-americano. Nesta quinta-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que a instituição está tentando criar uma ponte para incentivar empréstimos para empresas. “Isso neutralizou o impacto negativo do número assustador de pedidos de auxílio-desemprego”, disse Rostagno. Os pedidos na última semana subiram cerca de 3 milhões e atingiram o maior nível da história.

No Brasil, Campos Neto disse que o BC não tem ferramentas para comprar dívida direta de empresas, mas lembrou das medidas que estão sendo tomadas para dar liquidez aos bancos. Há ainda grande expectativa em torno do chamado “orçamento de guerra” que o governo vai separar para as medidas de combate à epidemia. Ainda que o pacote represente uma forte deterioração nas contas públicas, no raciocínio do mercado é o que deve ser feito neste momento crítico. “Pensar em o quanto dessa deterioração será um problema fica mais para frente”, disse um gestor.

Outro ponto de alívio têm sido as atuações do Tesouro, na compra e venda de títulos em leilões extraordinários. Nos últimos dias, tem havido pouca ou nenhuma demanda pelos papéis, o que é lido como um sinal positivo e, com isso, a instituição pode hoje retomar os leilões regulares. Vendeu todo o lote de 2 milhões de LTN e menos da metade (424.350) da oferta de até 1 milhão de LFT. Fez também operações extraordinárias de compra e venda de NTN-F, mas em ambas não aceitou propostas.

Com relação ao RTI, o documento, que não chegou a fazer preço nos ativos, trouxe entres os destaques a atualização da previsão do BC para o PIB de 2020 de 2% para zero, o que ainda é considerado número otimista em relação ao que se vê entre os economistas.

Fonte: Denise Abarca – [email protected]

 

 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 3.64

Capital de Giro (%a.a) 7.02

Hot Money (%a.m) 0.82

CDI Over (%a.a) 3.65

Over Selic (%a.a) 3.65

 




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