[BOLETIM] AUXÍLIO DE R$ 600 DEVE SER BEM RECEBIDO, MAS EXTERIOR RUIM E RUÍDOS APOIAM CAUTELA

A aprovação pela Câmara dos Deputados de auxílio de R$ 600,00 a trabalhadores informais e pessoas carentes durante a pandemia de coronavírus, entre outras medidas negociadas com o governo, deve ser bem recebida no mercado em meio à espera da votação das propostas hoje pelo Senado. No entanto, a agilidade na concessão do benefício deve ser cobrada, uma vez que de cada R$ 100 em medidas prometidas até agora pelo governo Bolsonaro, só R$ 36 saíram do papel. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro reforça ruídos políticos em meio à cautela no exterior, o que pode piorar o ambiente, após três baixas do dólar, a R$ 4,99 ontem, e de alta da B3, que acumula ganho de 15,86% na semana. O investidor pode ficar incomodado com a campanha lançada pelo Planalto, “O Brasil não pode parar”, contra as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos em todo o País. Mesmo havendo quase 3 mil casos confirmados de Covid-19 e 77 mortes no País, além de outras duas epidemias em curso – a dengue e a influenza (gripe) -, o presidente Jair Bolsonaro insiste em defender o redirecionamento da quarentena para o modelo “vertical”, apenas para idosos e portadores de doenças, e disse que a mudança está em estudo. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por sua vez, está sendo cobrado por secretárias estaduais de saúde para defender o isolamento. Apesar das milhares de mortes em países como Itália (mais de 8 mil), Estados Unidos (ao menos 1.200 mortes), Espanha (mais de 4 mil) e China (mais de 3 mil), Bolsonaro reafirmou que “o povo foi enganado” sobre a gravidade da infecção e que a previsão de milhares de mortes não se confirmou. Para ele, a “onda” do desemprego é pior do que as consequências do novo vírus na saúde das pessoas, “essa neurose de fechar tudo não está dando certo” e desautorizou a fala do vice-presidente, Hamilton Mourão, em defesa do isolamento, afirmando que “o presidente sou eu”. Em São Paulo, as medidas de contenção social valem pelo menos até 7 de abril, mas o governo estadual cogita “restrição radical” por causa do aumento rápida da disseminação e de mortes, enquanto em Santa Catarina o governo decidiu manter as restrições à mobilidade apenas até o próximo dia 1º. Com uma agenda econômica mais fraca, as atenções seguem principalmente nos ativos lá fora. Os futuros das Bolsas de Nova York e os índices europeus recuam, após os ganhos de mais de 6% dos mercados americanos ontem, e o dólar sobe ante pares principais e moedas emergentes com investidores à espera de que a Câmara dos Representantes aprove o pacote fiscal de cerca de US$ 2 trilhões do governo dos EUA para lidar com as consequências da pandemia, já aprovado no Senado. Ontem, os EUA já registravam mais de 82 mil casos de infecções pela covid-19, assumindo a liderança como epicentro da pandemia, à frente de China e Itália, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. Nesta madrugada, o presidente chinês, Xi Jinping, prometeu ajudar os norte-americanos a combater a doença numa ligação telefônica com o presidente americano, Donald Trump, que confirmou que os dois países “estão trabalhando juntos”.

Nota de crédito do BC e sentimento do consumidor dos EUA no radar – A agenda desta sexta-feira traz a sondagem da indústria de março (8h00), nota de crédito (9h30), operações compromissadas do BC em moeda estrangeira (10h00) e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa de reunião promovida pelo FMI, por videoconferência (8h00). Nos Estados Unidos, atenção à divulgação da leitura final do índice de sentimento do consumidor americano (11h00) e ao índice de preços dos gastos com consumo final (PCE) de março e renda pessoal de fevereiro (9h30).

Brasil tem 77 mortes e 2.915 casos confirmados de covid-19 – O número de mortes pela covid-19 chegou a 77 nesta quinta-feira (26), aumento de 20 casos em relação a ontem, quando o registrado foi 57 óbitos. O Ministério da Saúde informou que são 2.915 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, o número representa 482 novas confirmações em relação à última atualização dos dados da pandemia no País. O índice de letalidade está em 2,7%.

Substitutivo da Câmara também prevê pagamento de R$ 500 na antecipação do BPC – O deputado Marcelo Aro (PP-MG) elevou de R$ 300 para R$ 500 o pagamento mensal a trabalhadores informais e pessoas com deficiência que ainda aguardam na fila de espera do INSS até a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). No caso de mulheres provedoras de família, a cota seria paga em dobro (R$ 1 mil). O projeto também inclui antecipação de um salário mínimo (R$ 1.045) a quem aguarda perícia médica para receber auxílio-doença. Os valores serão pagos durante três meses. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estimou que o aumento do valor pode gerar um impacto adicional de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões.

Governo entra no STF para suspender compensação para seguro-desemprego – O governo deve ampliar para todos os trabalhadores que tiverem redução de jornada e salários ou suspensão de contratos de trabalho o direito a uma parte do seguro-desemprego por conta da crise da pandemia do novo coronavírus, segundo apurou com fontes o Broadcast/Estadão.

Protestos contra Bolsonaro se repetem no Rio e SP – Panelaços e gritaria em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, que vêm ocorrendo desde a semana passada, se repetiram na noite desta quinta-feira (26) em diversos bairros da zona sul do Rio de Janeiro. Na Glória, manifestantes gritavam “assassino”, enquanto no Jardim Botânico foram ouvidos gritos de “fora, lixo”. Houve registros de panelaços também em alguns bairros de São Paulo.

Empresas começam a adiar pagamento de dividendos – As companhias brasileiras de capital aberto já começaram a anunciar cortes ou postergação de pagamento de dividendos, no intuito de preservar o caixa para atravessar a crise trazida com a pandemia do coronavírus.

Bolsonaro quer que redução de combustíveis chegue às bombas – O presidente Jair Bolsonaro disse em live ontem que não irá interferir na política de preços da Petrobras, mas cobra que o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, siga o preço internacional. “A gente pode, mas não vai interferir. Vou cobrar do presidente da Petrobras que siga a política de preços. Baixou lá, tem que baixar aqui”, disse Bolsonaro. O presidente ainda garantiu: “O Brasil vai crescer”.

Caminhoneiros pressionam por restaurantes nas estradas – Começaram a circular nas redes vídeos com líderes dos caminhoneiros, alguns famosos pela greve de 2018, criticando as restrições impostas em solo paulista à abertura do comércio. Em um deles, que mostra um grupo supostamente improvisando refeições em frente a um restaurante fechado, a ameaça é direta: não mandar caminhões para as ruas e as estradas (e abastecer a mesa da população) enquanto os motoristas passam fome. Em outro, a categoria “denuncia” privações no Porto de Santos.

CAUTELA NO EXTERIOR

Futuros de NY e bolsas europeias em baixa – As bolsas da Europa e futuros de Nova York operam em baixa nesta manhã, após ganhos recentes em meio a estímulos fiscais anunciados por governos de várias partes do mundo para mitigar os efeitos da pandemia de coronavírus. Às 7h25, o Dow Jones futuro caía 2,46%, o S&P500 futuro perdia 2,42% e o Nasdaq futuro recuava 2,25%. A Bolsa de Londres caía 3,89%, a de Frankfurt recuava 2,07% e a de Paris se desvalorizava 3,06%. O euro estava em US$ 1,1033, de US$ 1,1042 no fim da tarde de ontem. A libra tinha ganho a US$ 1,2230, de US$ 1,2184. O índice DXY, que mede o dólar ante outras moedas principais, subia 0,17%, a 99,524.

Bolsas da Ásia sobem – As principais bolsas asiáticas fecharam em alta nesta sexta-feira, à medida que investidores observam esforços de governos de várias partes do mundo de lançar medidas para amenizar o impacto econômico e sanitário da pandemia do novo coronavírus. O japonês Nikkei subiu 3,88% em Tóquio, enquanto o principal índice acionário da China, o Xangai Composto, teve ganho modesto, de 0,26%, limitado pelo tombo de 38,3% no primeiro bimestre do lucro de grandes empresas industriais chinesas em relação a igual período do ano passado. O sul-coreano Kospi se valorizou 1,87%, e o Hang Seng avançou 0,56% em Hong Kong. Na Oceania, a bolsa australiana caiu 5,30%. Às 7h25, o dólar estava a 108,88 ienes, ante 109,41 no fim da tarde de ontem.

BC da Índia corta juros – Em uma reunião não programada nesta sexta-feira, o Banco da Reserva da Índia (RBI, na sigla em inglês) cortou a sua taxa básica de juros, a de recompra, em 75 pontos-base, de 5,15% para 4,40%, em um movimento para mitigar o impacto da pandemia do novo coronavírus e manter a estabilidade financeira.

Petróleo recua – Os contratos futuros do petróleo operam em baixa nesta manhã, ampliando as fortes perdas de ontem em meio a estimativas de violento impacto da pandemia na demanda pela commodity. Às 7h27, o petróleo WTI para maio subia 0,49%, a US$ 22,71 o barril, e o petróleo Brent para junho recuava 0,80%, a US$ 28,42 o barril.




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